FERNANDO PESSOA (II)
Começa também a estudar, como auto-didacta, os grandes clássicos da literatura (em particular a portuguesa, de forma a alargar a tradicional educação inglesa que recebera na África do Sul) e filosofia, nomeadamente Schopenhauer e Nietzsche, surgindo os seus primeiros “textos filosóficos”, que apresentaria até cerca de 1915. Ao longo da década de 10, seria um activo líder do movimento Modernista.
Surgira então, por volta de 1911/12, a sua vertente poética, sendo os primeiros poemas atribuídos a Alberto Caeiro, apesar de o “mestre” apenas ter sido “criado” em 8 de Março 1914, altura em que Pessoa passa a escrever poemas de cada um dos seus heterónimos (Alberto Caeiro e os “discípulos” Ricardo Reis e Álvaro de Campos), conforme carta que dirigiu a Adolfo Casais Monteiro.
Não se tratava de pseudónimos, uma vez que não eram meramente nomes falsos, representando “outros, eus” inventados, com distintas personalidades, pensamentos, visões e estilos literários; eram personalidades “dotadas de vida”, inclusivamente com traços físicos distintivos, cada um com a sua “biografia” própria, com diferentes formações culturais e profissões.
Mas, logo em 1915 – ano em que surge a revista “Orfeu”, fundada com o amigo Mário de Sá-Carneiro e Luís de Montalvor, onde publicaria os seus primeiros poemas – “mataria” Alberto Caeiro. Em 1916, o seu amigo Mário de Sá-Carneiro suicida-se.
Em 1920, com o regresso da mãe (novamente viúva) a Portugal, voltaria a viver com a família, na Rua Coelho da Rocha, actual “Casa Fernando Pessoa”, onde passou os últimos 15 anos da sua vida.
Conheceu então Ophélia Queiroz, por quem teria uma paixão, logo interrompida, posteriormente retomada até 1929, documentada pelas várias cartas de amor que trocaram, entretanto editadas em 1978, na sequência de organização e anotação por David Mourão-Ferreira.
[1890]



