Archive for 3 Dezembro, 2004
FERNANDO PESSOA (II)
Começa também a estudar, como auto-didacta, os grandes clássicos da literatura (em particular a portuguesa, de forma a alargar a tradicional educação inglesa que recebera na África do Sul) e filosofia, nomeadamente Schopenhauer e Nietzsche, surgindo os seus primeiros “textos filosóficos”, que apresentaria até cerca de 1915. Ao longo da década de 10, seria um activo líder do movimento Modernista.
Surgira então, por volta de 1911/12, a sua vertente poética, sendo os primeiros poemas atribuídos a Alberto Caeiro, apesar de o “mestre” apenas ter sido “criado” em 8 de Março 1914, altura em que Pessoa passa a escrever poemas de cada um dos seus heterónimos (Alberto Caeiro e os “discípulos” Ricardo Reis e Álvaro de Campos), conforme carta que dirigiu a Adolfo Casais Monteiro.
Não se tratava de pseudónimos, uma vez que não eram meramente nomes falsos, representando “outros, eus” inventados, com distintas personalidades, pensamentos, visões e estilos literários; eram personalidades “dotadas de vida”, inclusivamente com traços físicos distintivos, cada um com a sua “biografia” própria, com diferentes formações culturais e profissões.
Mas, logo em 1915 – ano em que surge a revista “Orfeu”, fundada com o amigo Mário de Sá-Carneiro e Luís de Montalvor, onde publicaria os seus primeiros poemas – “mataria” Alberto Caeiro. Em 1916, o seu amigo Mário de Sá-Carneiro suicida-se.
Em 1920, com o regresso da mãe (novamente viúva) a Portugal, voltaria a viver com a família, na Rua Coelho da Rocha, actual “Casa Fernando Pessoa”, onde passou os últimos 15 anos da sua vida.
Conheceu então Ophélia Queiroz, por quem teria uma paixão, logo interrompida, posteriormente retomada até 1929, documentada pelas várias cartas de amor que trocaram, entretanto editadas em 1978, na sequência de organização e anotação por David Mourão-Ferreira.
[1890]
"BLOGOSFERA" EM 2004 (III)
A 22 de Janeiro, a partir de uma ideia / sugestão de Pacheco Pereira, tem início o “blogue” dos “Cadernos de Camus” (com “textos a partir dos textos de Camus”), um projecto em “stand-by”:
“Um blogue sobre os cadernos de Camus
Repito aqui uma sugestão que já tinha feito há uns meses: usar os cadernos de Camus como texto inicial para um blogue de literatura e filosofia, e, a partir dos seus textos, colocar outros textos, meta-textos sobre as entradas originais de Camus, numa espécie de trabalho colectivo, uma never ending story de inspiração camusiana. Para este tipo de coisas os blogues são uma boa fórmula e o resultado pode vir a ser publicado mais tarde em livro. (Agora que escrevo isto, outros textos também dariam blogues interessantes, certas partes da Bíblia por exemplo.)”
(ver também a entrada no Abrupto, a 13 de Janeiro, “Proto-bloguismo”).
Os dias 22 e 23 de Janeiro seriam dias de “grande rebuliço” e efervescência na blogosfera, a propósito da discussão sobre a autoria do blogue “Possibilidade do Sentir“, cuja autora se fazia passar pela jornalista Anabela Mota Ribeiro, então a iniciar a apresentação de magazine cultural no novo canal “A Dois”.
Para se ter uma ideia da polémica então lançada, veja-se a seguir uma relação(amostra apenas exemplificativa, uma vez que a lista seria bastante extensa!) do que então se “disse”/escreveu: Glória Fácil, Outro, eu, e também aqui, Terras do Nunca, Para mim tanto faz (diversas entradas, a 21 e 22 de Janeiro), Cruzes Canhoto e Matamouros.
Tal como no caso posteriormente verificado de um “blogue” que, a coberto de um nome pouco menos que risível (Matinha Morning Herald) mas com o endereço “http://tsfradio.blogspot.com” (!), se procurou “fazer passar” por algo da responsabilidade de profissionais da TSF, a lição que devemos extrair destas situações é a necessidade de sermos, todos, cada vez mais cuidadosos, perante estas “cartas anónimas”, a faceta “perversa do poder da net”. Hoje, tal como então, parece-me que não podemos “dar crédito” a tudo o que se lê ou diz.
Há 1 ano no Memória Virtual – O Livro das Ilusões
[1889]



