Archive for 9 Outubro, 2004
"O ESTADO DA NAÇÃO"
Nota prévia: por motivos profissionais, estive, desde o final de Terça-feira, 5 de Outubro, “em retiro no Portugal profundo” (no Alentejo, próximo de Espanha), como monitor de acção de formação de acolhimento a novos colaboradores da firma em que exerço actividade.
Uma “agenda preenchida” (e a falta de acesso à Internet…) impediram-me de “blogar” ou, sequer, de “frequentar a blogosfera” (as “entradas” editadas de 6 a 8 de Outubro, já previamente preparadas, foram publicadas com recurso ao sistema disponibilizado pelo Movable Type 3.11 de “pré-publicação”).
Nestes dias aconteceu uma “revolução” em Portugal!
O abandono de Marcelo Rebelo de Sousa da sua colaboração como comentador na TVI provocou ondas de choque talvez inimagináveis: desde uma convocatória para esclarecimento da situção por parte do Presidente da República (no exercício, porventura com excesso de zelo, do seu “dever de vigilância”), a nervosas e “atabalhoadas” declarações do Primeiro-Ministro (refugiando-se em vagas promessas de que o que é importante é governar o país, e que as suas preocupações maiores são a de tentar reduzir um pouco os impostos e de aumentar um pouco as reformas… e com um “peregrino anúncio” de que iria prestar novas declarações daí a 3 dias!), finalizando ontem com a intervenção do Director Geral da estação de televisão, rejeitando qualquer tipo de pressões e “entreabrindo a porta” ao regresso do “Professor”.
O que se passa é que, directa (por via das declarações de Gomes da Silva) ou indirectamente (pela recomendação de Paes do Amaral de adaptação do formato do programa… e suavização dos comentários), foram exercidas pressões inaceitáveis sobre o direito à livre expressão de um cidadão! Que não é um cidadão “qualquer”, mas alguém com grande reputação e cujos comentários são atentamente ouvidos, não deixando indubitavelmente de ter reflexos na formação da opinião pública.
Este (triste) episódio é apenas mais um exemplo (depois do surrealista processo da publicitação das listas de colocação de professores e da absolutamente inoportuna decisão de concessão de tolerância de ponto na véspera do feriado de 5 de Outubro) de um Governo sem qualquer linha de rumo ou orientação visível, que “navega à vista”, de desastre em desastre, no pior exercício de “desgovernação” que a democracia portuguesa alguma vez viveu.
É claro que a blogosfera não deixou de analisar em detalhe a situação, mais uma vez com comentários bastante pertinentes de que aqui deixo referência a alguns exemplos (na comunicação social “tradicional”, destaque para o artigo de Miguel Sousa Tavares): José Pacheco Pereira, no Abrupto (textos de 7 de Outubro, “Pasmo, Tristeza e Revolta” e “Rigorosos e Especiosos”); Francisco José Viegas, no Aviz (“Liberdade”, “entrada” de 8 de Outubro); Daniel Oliveira, no Barnabé; Carlos Abreu Amorim, no Blasfémias (“Qual a Importância do Caso Marcelo?” e “Agora a Sério“); João Paulo Meneses, no Blogouve-se (“Marcelo Gomes da Silva – o contraditório”, de 7 de Outubro); Paulo Gorjão, no Bloguítica (“A Eterna Questão do Ser e do Parecer” e “A Recolha de Provas Já Começou“); Vital Moreira, no Causa Nossa; João Morgado Fernandes, no Terras do Nunca; Paulo Querido, em O Vento Lá Fora; …
E como urge “fazer qualquer coisa”, aqui fica também a referência a um movimento mais ou menos “idealista”, lançado por dois dos meus amigos “blogosféricos” Rui Branco e Nuno Peralta: “Queremos uma alternativa real ao bloco central“.
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