JOGOS OLÍMPICOS – 2004 – ATENAS (III)

Sobre o jogo com a Costa Rica – selecção cujo real valor ficou patente no jogo dos 1/4 final com a Argentina (derrota 0-4) – é também dificilmente compreensível um descalabro desta natureza (nova derrota, também por 2-4!).
A selecção portuguesa de futebol foi, nesta competição, uma equipa que pareceu nunca assumir a 100 % (para lá das palavras…) o “objectivo Jogos Olímpicos”.
Desde o início, sofrendo muitas pressões externas, começando pela “reclamação” do Manchester United (relativamente à convocatória de Cristiano Ronaldo) e pela “indignação” do FC Porto (por ter 6 convocados), passando pela mal explicada ausência de Quaresma (um dos jogadores do FC Porto com melhor desempenho na pré-época, não convocado por, supostamente, não se encontrar em condições físicas…), culminando com as “dispensas” de Hélder Postiga e Tiago.
Os três jogadores com mais de 23 anos, permitidos pelo regulamento da prova, acabaram por não se traduzir no reforço esperado: Frechaut, “vítima” das indefinições tácticas; Boa Morte, expulso no primeiro jogo, não voltaria a jogar; Fernando Meira, com um auto-golo no jogo com a Costa Rica, que, culminando uma “mão-cheia” de falhas defensivas, “acabou” com a equipa portuguesa, sempre desconcentrada, jogando muito numa base individualista, esquecendo que o futebol é um jogo colectivo, “de equipa”!
Mas, o pior de tudo foi a (falta de) atitude e carácter olímpico (inclusivamente ao nível do comportamento disciplinar, bastante negativo). Não houve a personalidade, nem sequer a calma ou serenidade, para evitar sucessivas advertências disciplinares, que se viriam a revelar decisivas, nos casos das expulsões de Boa Morte (no jogo com o Iraque) e de João Paulo (contra a Costa Rica).
Quando, aos 5 minutos da 2ª parte, a Costa Rica empatou o jogo, pensou-se que a qualificação iria ser perdida. Ainda assim, a jogar apenas com 10, Portugal assumiu o “jogo pelo jogo”, procurando o ataque, conseguindo alcançar o 2-1 que, aparentemente, lhe deveria dar alguma (relativa) tranquilidade.
…Até cerca dos 70 minutos, altura em que a defesa portuguesa cometeu “hara-kiri” por duas vezes, “entregando” a vitória ao adversário!
Potugal tentaria ainda, “mais com o coração que com a cabeça” (teve 2 ou 3 oportunidades para empatar o jogo a 3-3 e poder qualificar-se), mas a Costa Rica teria também 2 bolas nos postes… antes de, já em período de descontos, chegar ao 4-2, que lhe dava a qualificação para os 1/4 final, eliminando Portugal e Marrocos (que, com o resultado em 3-2, e vencendo no seu jogo o Iraque por 2-1, se encontrava “qualificado”).

Uma palavra final para destacar o justíssimo Campeão Olímpico: a Argentina – nem sempre as melhores equipas triunfam, mas a equipa argentina mostrou estar a grande distância competitiva de todas as restantes: 6 jogos, 6 vitórias, 17-0 em golos (8 da nova estrela, Carlos Tevez), com o “requinte” de ganhar ao vice-campeão da Europa de sub-23 (a Sérvia), por 6-0 e de, nas 1/2 finais, bater o Campeão da Europa (Itália), por 3-0!
A Final acabaria por ser o jogo menos “exuberante”, com a Argentina a vencer o Paraguai por 1-0. Num “triste” jogo de apuramento do 3º lugar, a Itália venceria também o Iraque, igualmente por 1-0.
Argentina que, assim, voltava a conquistar – 52 anos depois – nova medalha de ouro na sua história olímpica; no mesmo dia, conseguiria uma outra medalha de ouro, no Basquetebol, frente à Itália, acabando assim por sagrar-se Campeã Olímpica das duas modalidades desportivas mais profissionalizadas (Futebol e Basquetebol).
[1670]
Entry filed under: Jogos Olímpicos. Tags: Jogos Olímpicos 2004.



