Archive for 31 Agosto, 2004
A ARTE DE VAN GOGH (II)
Natureza Morta, flores e campos: Novamente, como nos Retratos (e especialmente Auto-retratos), Vincent, em parte devido às suas dificuldades financeiras, preferiu pintar uma tigela de fruta, um vaso de flores ou um par de sapatos, ao invés de pintar modelos vivos.
Girassóis: A série de Girassóis é característica da obra de van Gogh, sendo imediatamente reconhecida em qualquer parte do mundo. A maioria da série foi pintada em 1888 em Arles, enquanto aguardava a chegada de Paul Gauguin, na famosa “Casa Amarela”. Nessas obras, ao contrário de tantas outras, o artista revela uma sensação de felicidade, explorando a sua cor favorita, o amarelo.
Período da Provença: Vincent passou quase dois anos na Provença, tendo realizado alguns dos seus melhores trabalhos: “O Terraço de Café no Fórum”, “O Café Nocturno em Lamartine” e a clássica “Noite Estrelada”. Neste período, ao mesmo tempo que o brilho artístico de Vincent deslumbra, o seu estado físico e mental degradam-se de forma significativa.
Asilo em St.-Rémy: Durante a convalescença no asilo em St.-Rémy, van Gogh dedicou algum do tempo ao estudo de pintores que admirava. Alguns dos seus melhores trabalhos podem ser vistos depois dos estudos sobre o pintor Millet: “Meio-dia”, “Descanso do Trabalho” ou “Primeiros Passos”.
O Fim: Os trabalhos finais de van Gogh são um paradoxo o que, provavelmente, nenhum outro trabalho mostrará melhor do que “Campo de Trigo com Corvos” . Muitos sentem que os céus dramáticos e tempestuosos, como também o campo de trigo, agitando-se, com os corvos que fogem, poderão constituir uma reflexão clara do próprio estado mental de Vincent nos seus últimos dias.
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JOGOS OLÍMPICOS – 2004 – ATENAS (III)
Sobre o jogo com a Costa Rica – selecção cujo real valor ficou patente no jogo dos 1/4 final com a Argentina (derrota 0-4) – é também dificilmente compreensível um descalabro desta natureza (nova derrota, também por 2-4!).
A selecção portuguesa de futebol foi, nesta competição, uma equipa que pareceu nunca assumir a 100 % (para lá das palavras…) o “objectivo Jogos Olímpicos”.
Desde o início, sofrendo muitas pressões externas, começando pela “reclamação” do Manchester United (relativamente à convocatória de Cristiano Ronaldo) e pela “indignação” do FC Porto (por ter 6 convocados), passando pela mal explicada ausência de Quaresma (um dos jogadores do FC Porto com melhor desempenho na pré-época, não convocado por, supostamente, não se encontrar em condições físicas…), culminando com as “dispensas” de Hélder Postiga e Tiago.
Os três jogadores com mais de 23 anos, permitidos pelo regulamento da prova, acabaram por não se traduzir no reforço esperado: Frechaut, “vítima” das indefinições tácticas; Boa Morte, expulso no primeiro jogo, não voltaria a jogar; Fernando Meira, com um auto-golo no jogo com a Costa Rica, que, culminando uma “mão-cheia” de falhas defensivas, “acabou” com a equipa portuguesa, sempre desconcentrada, jogando muito numa base individualista, esquecendo que o futebol é um jogo colectivo, “de equipa”!
Mas, o pior de tudo foi a (falta de) atitude e carácter olímpico (inclusivamente ao nível do comportamento disciplinar, bastante negativo). Não houve a personalidade, nem sequer a calma ou serenidade, para evitar sucessivas advertências disciplinares, que se viriam a revelar decisivas, nos casos das expulsões de Boa Morte (no jogo com o Iraque) e de João Paulo (contra a Costa Rica).
Quando, aos 5 minutos da 2ª parte, a Costa Rica empatou o jogo, pensou-se que a qualificação iria ser perdida. Ainda assim, a jogar apenas com 10, Portugal assumiu o “jogo pelo jogo”, procurando o ataque, conseguindo alcançar o 2-1 que, aparentemente, lhe deveria dar alguma (relativa) tranquilidade.
…Até cerca dos 70 minutos, altura em que a defesa portuguesa cometeu “hara-kiri” por duas vezes, “entregando” a vitória ao adversário!
Potugal tentaria ainda, “mais com o coração que com a cabeça” (teve 2 ou 3 oportunidades para empatar o jogo a 3-3 e poder qualificar-se), mas a Costa Rica teria também 2 bolas nos postes… antes de, já em período de descontos, chegar ao 4-2, que lhe dava a qualificação para os 1/4 final, eliminando Portugal e Marrocos (que, com o resultado em 3-2, e vencendo no seu jogo o Iraque por 2-1, se encontrava “qualificado”).
Uma palavra final para destacar o justíssimo Campeão Olímpico: a Argentina – nem sempre as melhores equipas triunfam, mas a equipa argentina mostrou estar a grande distância competitiva de todas as restantes: 6 jogos, 6 vitórias, 17-0 em golos (8 da nova estrela, Carlos Tevez), com o “requinte” de ganhar ao vice-campeão da Europa de sub-23 (a Sérvia), por 6-0 e de, nas 1/2 finais, bater o Campeão da Europa (Itália), por 3-0!
A Final acabaria por ser o jogo menos “exuberante”, com a Argentina a vencer o Paraguai por 1-0. Num “triste” jogo de apuramento do 3º lugar, a Itália venceria também o Iraque, igualmente por 1-0.
Argentina que, assim, voltava a conquistar – 52 anos depois – nova medalha de ouro na sua história olímpica; no mesmo dia, conseguiria uma outra medalha de ouro, no Basquetebol, frente à Itália, acabando assim por sagrar-se Campeã Olímpica das duas modalidades desportivas mais profissionalizadas (Futebol e Basquetebol).
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JOGOS OLÍMPICOS – 2004 – ATENAS (II)
No que respeita à organização do Torneio Olímpico de Futebol, a competição “ficou a léguas” do EURO 2004.
Quando decidi deslocar-me à Grécia para, juntando à visita turística, acompanhar os Jogos Olímpicos, ia numa perspectiva de “reviver” / prolongar a “grande festa” que tinha sido o EURO 2004…
Contudo, “festa” foi uma coisa que quase sempre esteve ausente deste torneio – independentemente da má carreira da equipa portuguesa de futebol.
Cenários “desoladores”, com estádios quase vazios, completa “falta de ambiente”; quase chegou a ser deprimente ver os jogos decorrer sem qualquer entusiasmo nas bancadas, quase uma “competição clandestina”: 6 000 espectadores no Portugal-Iraque, 7 500 no Portugal-Marrocos; 11 000 no Portugal-Costa Rica; um único jogo com números “condignos”, na meia-final entre a Argentina e a Itália – as duas melhores equipas da prova – com 30 000 espectadores a comporem a lotação do Estádio do Olympiakos em Atenas.
Depois da (infeliz) estreia na cidade de Patras, o segundo jogo da selecção portuguesa seria disputado em Heraklion – capital da ilha de Creta -, frente a Marrocos.
Na cidade de Heraklion, não era visível qualquer referência ao torneio olímpico de futebol (!), nem (no centro da cidade), uma única indicação da direcção do Estádio (Pankritio) – um bonito Estádio, construído expressamente para os Jogos Olímpicos, com capacidade para cerca de 26 000 espectadores, confinando com a praia de Ammoudara – era possível ver (por entre as aberturas de acesso às bancadas, as ondas a chegar à praia…).
Não havia um esquema devidamente organizado de transporte para o Estádio; ao invés, um bom esquema de transporte para o centro da cidade, no final dos jogos (cerca de 5 minutos de percurso), com sucessivos autocarros, a “carregar” e a “arrancar”.
Um bom esquema de segurança ao nível de acesso aos Estádios (todas as entradas com portas com detectores de metais e tapetes para inspecção “raio-x”!).
Muitos (mas mesmo muitos…) “assistentes” (voluntários, com os seus bonitos uniformes); em excesso, relativamente ao número de espectadores.
Bastante polícia dentro e nas imediações do Estádio. Praticamente nenhuma no centro da cidade! Alguma “insegurança” latente, com a polícia sempre “inquieta” (e bastante vigilante) perante as manifestações de apoio dos adeptos, temendo/receando eventuais confrontos que dificilmente se proporcionariam, perante assistências (no que respeita a adeptos dos países contendores) que raramente terão ultrapassado as 500 pessoas.
A equipa portuguesa surgiria neste segundo jogo bastante intranquila, “com a bola a queimar nos pés” (à semelhança do verificado no Portugal – Rússia no EURO 2004…).
E com um sintoma claramente notório: em todas as bolas “divididas”, os portugueses nunca arriscavam a “meter o pé”, procurando acima de tudo evitar qualquer eventual lesão nesta fase de início de época nos seus clubes.
Depois, no contra-ataque, os marroquinos surgiam sempre bastante mais velozes! Valeu a evidente superioridade técnica e física da equipa portuguesa que, ainda assim, depois de chegar aos 2-0, não conseguiria evitar o sofrimento nos 5 minutos finais, quando Marrocos reduziu a desvantagem para 1-2.
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JOGOS OLÍMPICOS – 2004 – ATENAS (I)
Chegaram ao termo os Jogos da XVIII Olimpíada, realizados entre os dias 11 e 29 de Agosto, em cinco cidades gregas: Atenas, Salónica, Heraklion, Patras e Volos.
Até final da semana, aqui ficará um balanço desta edição dos Jogos Olímpicos, com os seus principais campeões, assim como uma breve análise ao comportamento de alguns dos participantes portugueses.
E, começando pelo mais negativo, sobre a desastrada presença da selecção portuguesa de futebol neste Torneio Olímpico, é importante reter que não se trata de “uma campanha para esquecer”, mas antes de “uma campanha para relembrar… e não repetir!”.
Tal como no EURO2004, Portugal termina os Jogos Olímpicos como segunda melhor equipa da Europa (apenas atrás da Itália… e, desta vez, “à frente” da Grécia!); porém, sem qualquer glória e com muito pouca honra (entre os 16 participantes, Portugal, Grécia e Sérvia terminariam nos três últimos lugares da prova!).
Não deixa de ser irónico que o Paraguai, a quem Portugal bateu clamorosamente na semana anterior aos Jogos Olímpicos (por rotundos 5-0) tenha atingido a Final da competição, sagrando-se Vice-Campeão Olímpico! Portugal desperdiçou claramente esta medalha…
Em termos mais gerais, os fracos resultados das selecções europeias não deveriam deixar de constituir base de reflexão por parte da FIFA e da UEFA, nomeadamente sobre a forma de disputa da prova (equipas “sub-23” anos), uma vez que a mesma acabaria por resultar em (muito) fracas assistências (sobretudo justificadas pela reduzida mobilização de espectadores dos países participantes, o que automaticamente retira parte do “colorido à festa”).
Dado encontrar-me em viagem de Atenas para Creta, não tive oportunidade de acompanhar a estreia da equipa portuguesa, contra o Iraque.
De qualquer forma, parece evidente que a selecção portuguesa, com os “pergaminhos” que tem a defender (uma equipa que, para atingir os Jogos Olímpicos, teve de afastar, sucessivamente, grandes potências como a Inglaterra, França e Alemanha – sempre com vitórias no terreno do adversário!) e com o grau de profissionalismo que a caracteriza (com jogadores das melhores equipas da Europa, como o Manchester United, Chelsea, Stuttgart, para além de FC Porto, Sporting e Benfica) “não pode” sofrer 4 (!) golos de uma desconhecida e “amadora” selecção do Iraque…
E as coisas até tinham começado bem, com o golo logo nos primeiros 15 minutos, marcado pelo adversário na própria baliza. Mas foi “sol de pouca dura”: rapidamente os iraquianos “deram a volta ao resultado”.
Tendo alcançado o empate a 2 golos ainda antes do intervalo, é dificil compreender o “descalabro” da segunda parte; entrando já avisada que as coisas não iriam ser fáceis, a equipa portuguesa não soube ter a necessária serenidade para impor o seu melhor futebol, acabando por “entregar-se” com a expulsão de Boa Morte.
Embora nada estivesse ainda perdido, o resultado final de 2-4 não augurava nada de bom…
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