PORTUGAL – NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO (XV)
“O facto mais célebre da história dos séculos da luta contra os Mouros foi a batalha de Ourique, travada em 25 de Julho de 1139, portanto no ano imediatamente anterior àquele em que D. Afonso Henriques começou a usar o título de rei.
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Ter-se-ia isto passado nos campos de Ourique, designação medieval do Baixo Alentejo. Esta localização deu motivo a grandes debates entre os historiadores, que consideram estranho que D. Afonso Henriques se aventurasse tão longe, numa altura em que o posto mais avançado da fronteira era Leiria.
Pouco se pode dizer com firmeza sobre a batalha. Há certamente relação entre Ourique e a situação militar que no Verão de 1139 se verificava na Península. Afonso VII reunira todas as forças cristãs para a conquista de Aurélia, cidade de decisiva importância estratégica sobre o Tejo, não longe de Toledo. Mas a cidade defendia-se e pedia a ajuda de todos os reinos muçulmanos da Península; um enorme exército foi organizado para a sua defesa, e entre Afonso VII e os defensores de Aurélia fez-se um acordo: se o exército de socorro chegasse dentro de certo prazo, ele levantaria o cerco sem luta; no caso contrário, a cidade entregar-se-ia sem combater. Ora, foi esse exército de socorro que, inexplicavelmente, em vez de se dirigir a Aurélia, perseguiu a hoste de D. Afonso Henriques.
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Todas as fontes são concordes em salientar o elevadíssimo número de mouros, mas o exagero fazia parte das descrições desse género. Um texto fala em dez mil, outros em quarenta mil. Mais tarde, os cronistas portugueses acrescentaram um zero à cifra mais alta e fixaram o número de quatrocentos mil. Mas não há dúvida de que esta façanha causou, no seu tempo, muita sensação.
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Foi a partir deste núcleo central que se desenvolveu um mito que teria a maior importância na história portuguesa.”
“História concisa de Portugal”, José Hermano Saraiva
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