UMBERTO ECO – O PÊNDULO DE FOUCAULT (XIII)
“…O papa acaba de obter com dificuldade, e finalmente, a custódia dos cavaleiros, que imediatamente restitui ao rei.
Nunca compreendi o que terá acontecido. Molay retracta-se das confissões prestadas, Clemente oferece-lhe a oportunidade de se defender e envia-lhe três cardeais para o interrogar.
Molay, a 26 de Novembro de 1309, assume uma desdenhosa defesa da Ordem e da sua pureza, chegando a ameaçar os acusadores, depois põem junto dele um enviado do rei, Guillaume de Plaisins, que ele julga seu amigo, recebe qualquer conselho obscuro e a 28 do mesmo mês presta um depoimento vago e timidíssimo, diz que é um cavaleiro pobre e sem cultura, e limita-se a indicar os méritos (agora remotos) do Templo, as esmolas que deu, o tributo de sangue pago na Terra Santa e assim por diante.
Para mais chega Nogaret, que recorda que o Templo teve contactos, mais que amigáveis, com Saladino: estamos na insinuação de um crime de alta traição.
As justificações de Molay são penosas, neste depoimento o homem, agora já calejado de dois anos de cárcere, parece um farrapo que se mostrou mesmo logo a seguir à prisão.
Num terceiro depoimento, em Março do ano seguinte, Molay adopta outra estratégia: não fala, e não falará senão diante do papa.”
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