AYRTON SENNA… DO BRASIL
1 Maio, 2004 at 1:30 pm 4 comentários
De há 10 anos atrás conservo na memória três imagens fortes: a primeira, a do brutal despiste; a segunda, a da última “convulsão” de Ayrton, quando o bólide que pilotava finalmente se imobiliza, depois de completamente desgovernado; a terceira, a da .raiva. seca com que uma responsável médica respondeu aos jornalistas que . 2 ou 3 horas depois do acidente . lhe perguntavam: .Quais as hipóteses?. e a resposta ríspida: .Não há hipótese nenhuma. Senna está morto!..
Biologicamente, ou cerebralmente, não terá sido assim, mas, para mim, Senna morreu na pista, quando, dentro do carro, teve aquela última convulsão.
Desde “miúdo”, quando comecei a acompanhar a Fórmula 1, tive os meus “heróis”…
Já não me lembro de ver correr Emerson Fittipaldi ao mais alto nível (recordo-me do “ocaso” da sua carreira, na Copersucar); o primeiro ídolo foi Niki Lauda (que entrou na “lenda” com o “regresso da morte”, daquele terrível acidente de Nurburgring, que o desfigurou e a reconquista do título de campeão do mundo 8 anos depois, por meio ponto!).
Seguiu-se (infelizmente por pouco tempo), Gilles Villeneuve (e acabámos por ter essa satisfação “poética” de ver o filho, Jacques, Campeão do Mundo)…
Como “Ferrarista”, o meu favorito seguinte foi Patrick Tambay (que nunca conseguiu alcançar grandes proezas). O mesmo se seguiria depois com Gerhard Berger (com essa afinidade de ter casado com a portuguesa Ana Corvo).
O Ayrton nunca foi o meu favorito; também nunca apreciei particularmente o estilo do “professor” Alain Prost…
… Mas, de facto, é inegável que Senna era de “outro mundo”! 41 vitórias; 65 “pole-positions” (ainda record); 2 987 voltas (13 678 km) no comando; 86 Grandes Prémios em que esteve em 1º lugar; 614 pontos – tudo isto em apenas 161 Grandes Prémios. Tri-Campeão do Mundo (1988, 1990 e 1991); duas vezes vice-campeão (1989 e 1993); 1 vez 3º (1987); 3 vezes 4º (1985, 1986 e 1992).
E, às vezes (particularmente nestas ocasiões), dou comigo a pensar: “Porque é que estas coisas acontecem “sempre” aos melhores (não são do meu tempo, mas o Jim Clark e o Jochen Rindt, foram também fenomenais); como nos rallyes, com o “meu herói”, o jovem Henry Toivonen (isto dá-me uma nostalgia e tristeza… – já faz amanhã 18 anos!).
Nesta memória de Ayrton Senna da Silva, por via dele presto também homenagem a outros pilotos, alguns menos conhecidos, que igualmente pagaram com a vida a sua paixão pela velocidade: Luigi Fagioli (1952), Onofre Marimon (1954), Alberto Ascari e Bill Vukovich (1955), Luigi Musso, Peter Collins, Stuart Lewis-Evans e Pat O’Connor (1958), Jerry Unser, Bob Cortner e Jean Behra (1959), Chris Bristow e Alan Stacey (1960), Wolfgang von Trips (1961), Ricardo Rodriguez (1962), Carel De Beaufort (1964), John Taylor (1966), Lorenzo Bandini (1967), Jim Clark e Jo Schlesser (1968), Gerhard Mitter (1969), Bruce McLaren, Piers Courage e Jochen Rindt (1970), Joseph Siffert e Pedro Rodriguez (1971), Roger Williamson e François Cevert (1973), Peter Revson e Helmut Koining (1974), Mark Donahue (1975), Ronnie Petterson (1978), Patrick Depailler (1980), Gilles Villeneuve e Ricardo Palleti (1982), Stefan Bellof e Manfred Winkelhock (1985), Elio de Angelis (1986), Didier Pironi (1987 – numa prova de motonáutica), Roland Ratzenberger (1994) e Michele Alboreto (2001).
[1265]
Entry filed under: Desporto. Tags: Automobilismo, Fórmula 1.
1.
c. a. p. | 1 Maio, 2004 às 11:52 pm
Curioso! Eu lembro-me dos três campeonatos do Jackie Stewart, dos primeiros tempos do Lauda com o Clay Regazonni como colega de equipa. Lembro-me também do Toivonen e do choque que foi a sua morte, assim como do Senna, que não era o meu favorito e do Ronnie. Mas a situação mais impressionante foi nos anos 70, em Zandvort, na Holanda, em que o carro (um Williams) ardeu durante 20 minutos perante o desespero do colega de equipa que se aproximava do carro em chamas e logo recuava. 20 minutos, até chegarem os bombeiros.
2.
Mário | 2 Maio, 2004 às 12:30 am
Acompanhei a Formula 1 desde 70, a minha primeira recordação é uma prova no Mónaco, com o Jackie Stewart antes dos Tyrrel. A grande esperaça perdida para mim foi Francois Cévert, que era muito talentoso e morreu antes de demonstrar todo o valor.
Nunca gostei do Fitipaldi nem do Senna, deixei de ligar à Formula 1 no tempo do Lauda, hoje em dia acho que deixou de ser competitiva, nada como nos anos 50-70.
3.
Gasel | 2 Maio, 2004 às 11:28 pm
Despiques como os do Fittipaldi em Lotus e Jackie Stewart em Tyrrel nunca mais haverão! 🙂
4.
Paulo Alexandre Teixeira | 12 Maio, 2004 às 4:28 pm
Gostei imenso de ler o post que tu colocaste no blog, onde fizeste a homenagem não só a ele como aos outros que morreram a fazer aquilo que gostavam. Contudo, na tua longa lista esqueceste de mencionar dois excelentes pilotos, que morreram no mesmo ano, 1977, e num espaço de 10 dias: Tom Pryce e José Carlos Pace. Do brasileiro, vencedor do GP do Brasil de 1975, foi vítima de um acidente de avião e actualmente dá o nome ao circuito de Interlagos, do segudo, apesar de na altura eu ter só alguns meses ce idade, li a história acerca das circunstâncias da sua morte, no GP da África do Sul: um comissário de pista de 19 anos atravessou a pista para socorrer um piloto lá parado (ironicamente o seu companheiro de equipa) no preciso momento que ele passava. Levou com o extintor na cabeça, tendo morte imediata. O comissário também morreu e na sua trajectória descontrolada, bateu ainda no carro de Jacques Laffite. Por sorte, ele saiu incólume. Tenho em casa a foto do embate, e para mim, teve muito mais impacto do que ver o Peterson com as pernas partidas, a mão de Williamson no fatídico GP de Holanda, depois do incêndio fatal ou a de Villeneuve nas redes de protecção, em Zolder. E a do Senna e do Ratzenberger naquele fim de semana, claro.