Archive for 24 Abril, 2006
MUNDIAL 2006 (CXI) – 1998
Mais uma vez, na 16ª edição da prova, cuja Fase Final foi disputada em França, em 1998, o record de participantes era acrescido, desta vez para 174, com mais de 600 jogos. Brasil (Campeão do Mundo) e França (país organizador) seriam acompanhados por mais 30 selecções, na primeira vez em que a fase decisiva do Mundial foi disputada por 32 países.
Record batido também na maior goleada alguma vez registada num jogo oficial entre selecções, com o Irão a vencer as Maldivas por 17-0 (!), com 7 golos de Karim Bagheri (também um record…), garantindo, não obstante, um difícil apuramento, no play-off com o “crónico” vencedor da zona da Oceânia (Austrália – sistematicamente “vítima” desta “barrage” intecontinental). Ao Irão, juntar-se-iam, como representantes do continente asiático, a Arábia Saudita e a Coreia do Sul.
Na zona europeia, a desagregação da União Soviética, da Jugoslávia e da Checoslováquia, fez proliferar o número de países independentes, muitos deles concorrentes pela primeira vez a um Campeonato do Mundo de Futebol (fazendo elevar o número de participantes para 49!): Croácia, Bósnia Herzegovina e Eslovénia (por capricho do sorteio, reunidos num único grupo); Geórgia e Moldávia (também agrupadas); Azerbaijão; Letónia, Estónia e Bielorussia (também integrantes do mesmo grupo, sendo que, no caso das selecções do báltico, haviam participado já no Mundial anterior); Rússia (também em segunda aparição, depois de 1994); R. Checa e Eslováquia (também no mesmo grupo!); Lituânia, Macedónia; Ucrânia e Arménia.
Dos estreantes, destaque para a Croácia e a Ucrânia, ambos em segundo lugar dos respectivos grupos… no caso da Ucrânia, à frente de Portugal, depois de um muito polémico jogo entre Alemanha e Portugal, com a expulsão de Rui Costa, por segundo amarelo, devido a demorar a sair do campo no momento da sua substituição; o empate final, num jogo que Portugal poderia ter ganho (repetindo a proeza de 1985) custaria a eliminação.
Pela primeira vez, os segundos classificados de cada grupo disputariam também, entre si, um play-off, com a Jugoslávia a “esmagar” a Hungria com um agregado de 12-1 (7-1 em Budapeste e 5-0 em Belgrado)! Também a Croácia (vencedora da Ucrânia), Itália (eliminando a Rússia) e Bélgica (afastando a Irlanda) conseguiriam juntar-se aos vencedores de grupo (Dinamarca, Inglaterra, Noruega, Áustria, Bulgária, Espanha, Holanda, Roménia – esta com uma brilhante carreira, de 9 vitórias e um empate – e… Alemanha) e à Escócia (melhor dos 2º classificados dos 9 Grupos).
Alguns “históricos” ficariam ausentes da Fase Final: Hungria, Rússia e Irlanda (afastados nos play-off), Polónia, Suécia e R. Checa… para além de Portugal, Grécia e Turquia, que apenas nos anos seguintes se viriam a afirmar na Europa.
Em África, quatro “potências” regionais emergiam, garantindo a presença em França: Nigéria, Camarões, Tunísia e Marrocos. Seriam acompanhados pelo recente Campeão Africano (em 1996), a África do Sul.
Na América do Norte, Central e Caraíbas, os “tradicionais” EUA e México alcançariam a qualificação, a que se juntaria a surpreendente Jamaica.
Na América do Sul, a fase de qualificação foi disputada, também de forma inédita, num único grupo, reunindo 9 países, com 16 jornadas e 72 jogos, sendo apurados a Argentina, Colômbia, Bolívia e Paraguai (com o Uruguai a ficar afastado da Fase Final).
“FATIAS DE CÁ”
Criado em Tomar em 1979, o “Fatias de Cá” inspira o seu nome no doce conventual local “Fatias de Tomar” cuja receita pode ser considerada uma metáfora do acto teatral: batem-se gemas de ovos demoradamente até obterem um aspecto cremoso e uniforme e vão a cozer em banho-maria numa panela especial até ficarem com a consistência do pão. Fatia-se e frita-se em calda de açúcar.
Actualmente composto por cerca de 133 membros (profissionais e amadores), tendo Carlos Carvalheiro como Director Artístico, e usando como lema uma frase atribuída a Galileu: “Não resistir a uma ideia nova nem a um vinho velho”, tem-se expandido numa perspectiva regional, tendo criado 6 centros de produção teatral, em V. N. Barquinha, Chamusca, Constância, Coimbra, Lisboa e Tomar.
Nesta companhia, de grande “humildade teatral”, segundo Carlos Carvalheiro, “todos fazem tudo”. Nem todos os elementos são profissionais, sendo aceites inscrições para colaboração com o grupo (no final de cada peça, é distribuída um inquérito / ficha de inscrição).
A opção estética do Fatias de Cá assume três vertentes:
– o património, quer o construído quer o paisagístico, é assumido como um espaço teatral privilegiado, tendo em conta o cenário que comporta;
– a partilha com o público de um momento de refeição é assumida como uma forma de sociabilização e de concentração no espaço-tempo convocado pelo espectáculo;
– o acto teatral é assumido como um momento que emocione e divirta.
Nos cerca de 27 anos de vida, utilizando de uma forma interactiva o património (nomeadamente o Convento de Cristo e a Mata dos Sete Montes, por exemplo), o “Fatias de Cá” estreou mais de 30 espectáculos, desde Karl Valentim a Choderlos de Laclos, passando por Dario Fo, Frati, Gil Vicente, Yourcenar, Shakespeare, Lorca, Mozart, Plauto e Ackbourn e participou em Festivais de Teatro por todo o mundo, contribuíndo para tornar Tomar numa cidade de referência a nível cultural.
Em particular, refira-se a estreia, em Agosto de 2000, na Mata dos Sete Montes, em Tomar, do espectáculo “Sonho de Uma Noite de Verão”, de William Shakespeare, e “T de Lempicka”, estreado em 1998, reposto em 2000 e, novamente, em 2003 – peça que o Director Artístico considerou como “a maior experiência teatral da sua vida” (implicando nomeadamente um rigoroso planeamento das várias cenas que decorriam em simultâneo, em diversas salas do Convento de Cristo).