Archive for 7 Abril, 2006
MUNDIAL 2006 (CI) – 1990
O capitão alemão, Lotthar Matthaeus, consagrado como melhor jogador europeu, erguendo o troféu de Campeão do Mundo
TOMAR – INVENTÁRIO DO PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO (V)
Convento de Cristo / Mosteiro de Cristo
“Complexo monacal de planta composta, irregular. Volumes articulados, horizontalista e Charola de massa verticalista. Coberturas exteriores diferenciadas em telhados, terraços e coruchéus.
A Charola, poligonal, é o centro do conjunto de edificações, dominando-as visualmente. A N. e E. Sacristia, Claustros do Cemitério e da Lavagem, ruínas dos Paços, Enfermarias, rematando na Sala dos Cavaleiros e na Botica. A O. Igreja, Claustros e dependências conventuais, acompanhando a planta cruciforme dos braços N.-S. e E.-O. dos Dormitórios, no prolongamento da Igreja e do Claustro de Santa Bárbara. A NE. Claustro da Hospedaria, a NO. o da Micha, a SE. o de D. João III, a SO. o dos Corvos. Fachada E.: Botica, no seguimento da muralha, e Sala dos Cavaleiros, no ângulo NE., com fachada dupla sobre embasamento em talude, rasgada por janelas de sacada e encimada por frontões contracurvados. A N. Portaria Real, entre o corpo das Enfermarias e o da Hospedaria, a que se segue a fachada dos Dormitórios, rematada por frontão triangular, e o corpo da Micha, rasgado pela antiga Portaria.
A O. é cercado por muro alto, por trás do qual avulta a cobertura tripartida do Noviciado e a massa prismática das Necessárias. Fachada S. realçada pela arcaria do aqueduto dos Pegões, apoiada em plataforma rusticada, corresponde ao corpo do Claustro dos Corvos, Dormitórios e Claustro de D. João III, este encostado à Casa do Capítulo, assente em embasamento em talude.
IGREJA: Planta composta por 2 corpos diferentes: Charola, actual cabeceia, poligonal, de 16 faces com contrafortes nos ângulos, frestas em panos alternados, cachorrada sob murete rematado por merlões e torre sineira a SE.; e, adossado a O., corpo da nave (coro) rectangular, adaptando-se ao desnível do terreno para O., onde possui 3 registos assentes num forte embasamento e marcados por frisos decorativos envolventes; contrafortes salientes e moldurados, mais robustos nos cunhais das fachadas NO. e SO., revestidos por pujante decoração naturalista e emblemática manuelina, também presente nas molduras das janelas que rasgam a caixa murária, por vezes em associação com elementos platerescos. Portal a S. preenchido com decoração naturalista, grutescos, emblemática manuelina e estatuária de vulto.
INTERIOR: Charola centrada por corpo octogonal vazado de 8 arcos peraltados sobre pilares, com meias colunas adossadas às faces laterais, que recebem a descarga da abóbada anular que cobre o deambulatório; na espessura dos muros rasgam-se capelas; preenchem-na esculturas, painéis e pinturas murais; abre para a nave por grande arco quebrado, sendo esta coberta por abóbada polinervada de combados, com 3 tramos, apoiada em mísulas vegetalistas, emblemáticas e antropomórficas; abarcando 2 tramos o coro-alto, com balaustrada em pedraria sobre parede com porta de acesso a um sub-coro de pé-direito reduzido, (actual Sala do Capítulo), coberta com abóbada abatida, artesoada.
CLAUSTRO DA LAVAGEM: quadrangular, de 2 pisos, o inferior com 5 tramos por ala com arcos quebrados assentes em grossos pilares chanfrados sobre murete: o superior com 6 tramos de arcos quebrados sobre colunas grupadas transversalmente, com capitéis de dupla fiada de colchetes de folhagem; cobertura em tecto de madeira.
CLAUSTRO DO CEMITÉRIO: quadrangular, 1 piso com 5 tramos por ala, de arcadas e suportes idênticos aos do Claustro da Lavagem, mas com colunas duplas com bases e capitéis distintos; pavimento revestido com tampas sepulcrais lisas, numeradas; abóbadas de berço nas 4 alas e de aresta nos cantos. Arcossólios com arcas tumulares a S. e O.. Abrem para este claustro as capelas de S. Jorge, a S. e dos Portocarreiros, a O.
CLAUSTRO DA MICHA: quadrangular, 4 alas com arcos plenos geminados e em asa de cesto nos topos N. das alas E. e O., separados por fortes contrafortes; abóbada polinervada sobre colunas lisas com capitéis de volutas e em mísulas cónicas. A N. Antiga Portaria, de vão rectangular entre colunas coríntias assentes em altos pedestais. Sobre a galeria edifícios de 2 pisos.
CLAUSTRO DOS CORVOS: quadrangular, 2 galerias de dupla arcada separadas por contrafortes, que sobem até ao 3º registo a S. e O.; coberturas e suportes idênticos aos do Claustro da Micha. Rodeiam a quadra 4 corpos de 3 pisos.
REFEITÓRIO: rectangular, com abóbada de berço com nervuras formando caixotões quadrados; 2 janelas maineladas rematadas por 2 vãos rectangulares rasgam a parede S. e 4 janelões rectangulares a E.
DORMITÓRIO: em cruz, com 2 grandes corredores para os quais se abrem as pequenas celas, cobertos por falsa abóbada de berço forrada a madeira apainelada; 3 janelas maineladas, encimadas por meia luneta, rematam os topos N., S. e O.; na intersecção dos corredores um cruzeiro sob cúpula abrindo para uma capela quadrangular, com abóbada de berço com pequenos caixotões com motivos emblemáticos, vegetalistas e figurativos em relevo.
CLAUSTRO DA HOSPEDARIA: quadrado, 4 alas com arcadas duplas, separadas por contrafortes e galerias cobertas por abóbada semelhante à do Claustro da Micha, no 2º registo varandas com colunas sustentando uma arquitrave corrida, à excepção da ala S., destruída; a O., uma 3ª varanda com colunas jónicas e arquitrave, galerias cobertas com tecto de madeira.
CLAUSTRO DE SANTA BÁRBARA: quadrado, com 4 arcos rebaixados por ala, sobre colunas de fuste liso; cobertura de abóbada rebaixada com nervuras e lintéis no lugar dos arcos torais; 2º piso sem cobertura, possuindo, no entanto, colunas e mísulas.
CASA DO CAPÍTULO: composta por vestíbulo quandrangular e nave de 2 registos, rectangular, com ábside poligonal; forte embasamento do lado S. e meio soterrada do lado E., sem pavimento divisor dos 2 pisos primitivos (Capítulo dos Freires, em baixo, e dos Cavaleiros, em cima) e sem cobertura; abóbada de nervuras sobre o vestíbulo, que comunica com a nave por arco geminado.
CLAUSTRO DE D. JOÃO III: quadrado com chanfros nos ângulos, 2 pisos, cobertura em terraço com balaustrada; as 4 alas, com galerias cobertas de abóbadas de nervuras e caixotões, abrem para a quadra alternadamente por arcos de volta inteira e por vãos rectangulares encimados por janela (1º reg.) ou por óculo (2º reg.) entre colunas de ordem dórica (1º reg.) e jónica (2º reg.) de fuste liso que sustentam entablamentos; os 4 ângulos possuem chanfras rectas no 1º piso e convexas no 2º, rematadas por 4 torreões, com escadas helicoidais a NE. e SO. Do primitivo claustro subsistem várias “engras”, vãos rectangulares, nos cantos, com abóbada polinervada descarregando em pilastras. Ao centro da quadra fonte sobre plataforma octogonal.
Cronologia:
1118 – Fundação da Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo;
Séc. 12, final – Construção do primitivo oratório templário, num dos ângulos da muralha;
Séc. 13, 2º quartel – Tomar é doada à Ordem do Templo, tornando-se a sua sede militar nacional;
1357 – Torna-se sede da Ordem de Cristo;
Séc. 15, 1ª met. – Obras henriquinas: adaptação do oratório templário, adossando-se um coro com 6,40m X 5,40m; construção de claustros, capela de São Jorge e Paço;
1492 – D. Manuel, Grão-Mestre da Ordem de Cristo desde 1484, reuniu o Capítulo Geral onde decidiu mandar ampliar o Convento;
1499 – São gastos 3.500 reais em obras: melhoramentos na Casa do Capítulo, retábulo do altar-mor, grades de ferro para os arcos da Charola e pintura da mesma, arranjos no coruchéu e no Coro (henriquino), início da construção de nova Casa do Capítulo;
1503 – Nova reunião do Capítulo tendente à Reforma da Ordem, ordenando o Rei expropriar a antiga Vila de Dentro, intra-muros, e encerrar as portas do Sol e de Almedina;
1510 – Início da construção do novo Coro (nave) por Diogo Arruda, a mando de D. Manuel, no local que hoje ocupa, contudo, as medidas apontadas pelo Rei não coincidem com as actuais;
1519 – Primeiras referências documentais da presença de João de Castilho no Convento, respeitantes à construção dos lagares e dos estaleiros onde se lavrava a pedraria para as obras;
1529 – Reforma da Ordem acometida por D. João III a Frei António de Lisboa, que expulsa antigos freires, impõe a clausura e elabora novos estatutos baseados na Regra de S. Bernardo;
1530 – A Reforma espiritual é acompanhada de uma reforma material, tendo início nova campanha obras de João de Castilho: construção do Claustro de D. João III e dos outros a Oeste da Charola;
1533 – Carta de quitação de D. João III que refere as obras feitas por João de Castilho: Coro, Casa para o Capítulo, arco grande da Igreja, portal principal, casas do Aposento da Rainha e obras miúdas;
1548 – João de Castilho constrói os Estudos dos Colegiais, a Cela do D. Prior, o corredor do eirado sobre a Livraria e a escada do Coro e faz os esboços dos espelhos do Noviciado;
1551 – O mesmo mestre de obras constrói a Cozinha, o eirado do andar dos Dormitórios, a varanda da Enfermaria e a Cisterna;
1557 – Início do derrube do Claustro de D. João III e construção de outro, por Torralva, obra interrompida em 1565;
1591 – Conclusão da construção do Claustro principal e obras de remodelação da Charola, por Filipe Terzi;
1618 – Início da construção da Portaria Real, Casa da Escada e Sala dos Reis, por Diogo Marques Lucas;
1686 / 1690 – Remate da fachada das enfermarias e da frontaria da Sala dos Cavaleiros (João Antunes é o mestre das obras das Ordens Militares);
1789 – Abolida a Reforma de Fr. António de Lisboa;
1811 – As tropas francesas ocupam o convento; destruição do Cadeiral de Olivier de Gand;
1834 – Abandono após extinção da Ordem de Cristo;
1837 – Costa Cabral compra parte do convento;
1852 – D. Fernando manda derrubar o piso superior do Claustro de Santa Bárbara e do Claustro da Hospedaria (ala S.) e corredor dos confessionários que lhe passava por cima, para permitir a melhor visualização da fachada O. da nave;
1934 – O Estado compra o Convento aos herdeiros do conde de Tomar;
1969 – Danos na Sala dos Cavaleiros causados por sismo.”
(via página da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais)