ELEIÇÕES ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA – 1995
Depois de alguns episódios aparentemente anódinos, mas que deixariam marcas profundas, como a ideia de retirar o feriado de Carnaval e, mais sério, o “bloqueio da Ponte 25 de Abril”, surgira então o tabu de Cavaco, que, “cansado” do partido e do governo, se preparava para um retiro prévio à candidatura presidencial.
Cavaco decidira não se recandidatar à liderança do PSD; depois de uma luta “fratricida” entre Fernando Nogueira e Durão Barroso, seria o primeiro a “carregar o pesado fardo” de ir a votos, num contexto adverso.
Era o final de um ciclo, em que os números, estatísticas e índices haviam sido privilegiados, nem sempre com contrapartida nas preocupações sociais dos portugueses, com os dois últimos anos de governação a serem já bastante penosos.
O PS, mais uma vez, fora obrigado a mudar de liderança; depois da surpreendente candidatura de Jorge Sampaio à Câmara Municipal de Lisboa, servindo como “trampolim” para a candidatura à Presidência da República, António Guterres passara a ser o novo responsável máximo do partido, lançando a célebre iniciativa dos “Estados gerais”.
Era, finalmente, chegada a hora da “nova maioria”…
E, num inequívoco sinal de maturidade política – depois de 20 anos de governos “transitórios” e maiorias personalizadas numa figura “providencial” como a de Cavaco Silva –, uma consciente opção pela alternância democrática, sem receio de que tal pudesse colocar em causa a estabilidade política no país, “temperada” pela simbólica recusa da outorga de uma maioria absoluta.
António Guterres (o político da “razão e coração”, com algumas “paixões”) iniciaria então a sua política de moderação, diálogo e busca de consensos, que, nesse contexto, não lhe permitiriam contudo prosseguir as reformas estruturais de que o país carecia.
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