MENSAGEM (I)
A “Mensagem” (livro de poemas, formando realmente um só poema) tem três grandes “andamentos”:
– na primeira parte, “Brasão”, o autor apresenta o Portugal profundo, o Portugal “rosto da Europa”, destacando os “construtores da pátria”, assim como algumas características indispensáveis à realização dos Descobrimentos;
– a segunda parte, “Mar Português”, dá-nos uma “fotografia”, ao mesmo tempo épica e dramática, do que foi a grandiosa, mas dolorosa empreitada dos Descobrimentos (uma missão cumprida como missão divina, mas com um preço significativo, que leva à interrogação “Valeu a pena?”);
– na terceira e última parte, “O Encoberto”, defende-se a possibilidade da regeneração nacional pelo mito e pelos seus símbolos, mesmo se, em termos políticos, económicos, sociais e culturais, tudo pudesse parecer perdido.
Para o poeta, o mito sebastianista deve ser aproveitado, de forma a estabelecer a atmosfera espiritual necessária à realização do Quinto Império (“…parte, antes, com a civilização em que vivemos, do Império espiritual da Grécia, origem do que espiritualmente somos. E, sendo esse o Primeiro Império, o Segundo é o de Roma, o Terceiro, o da Cristandade, e o Quarto o da Europa… isto é, da Europa laica de depois da Renascença”) – um Império não no sentido do guerreiro, territorial ou material, mas no sentido de um Império do Espírito e da Cultura.
A contínua actualidade da “Mensagem” faz pensar e renovar espiritualmente a “nação” portuguesa, constituindo um incitamento ao reforço do seu papel no mundo.
(“Republicação”)
[1939]



