ÁLVARO DE CAMPOS
Álvaro de Campos nasceu em Tavira em 1890, sendo um homem bastante viajado. Também discípulo de Alberto Caeiro, em derivação oposta de Ricardo Reis.
Depois de frequentar o liceu, formou-se em engenharia mecânica e naval em Glasgow, na Escócia, tendo, nas férias, feito uma viagem pelo Oriente, com base na qual escreveria, no Canal do Suez, o poema “Opiário”, dedicado a Mário de Sá-Carneiro (escrito antes da “influência do mestre Alberto Caeiro”).
Viveria depois em Lisboa, não exercendo, por opção própria, qualquer profissão, dedicando-se à literatura, participando também em polémicas políticas, sendo o autor do “Ultimatum”, um manifesto contra os literatos instalados. Mantinha inclusivamente polémica com o próprio Pessoa.
Fisicamente, era “entre branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém, liso e normalmente apartado ao lado, monóculo”. Era alto e magro, com tendência a curvar-se.
Numa visita ao Ribatejo, conheceria Alberto Caeiro, de quem se tornou discípulo, mas do qual se viria a afastar, privilegiando a sua vertente modernista e futurista, celebrando o ritmo frenético das máquinas e a velocidade, de que resulta também a escrita da “Ode Triunfal”.
É o heterónimo que mais se aproxima do seu criador, quer fisicamente, quer no pensamento. Terminaria em angústia, entediado, desencantado e cansado da vida.
[1908]



