Archive for 1 Dezembro, 2004
FERNANDO PESSOA – AUTO-BIOGRAFIA
“Nota autobiográfica de Fernando Pessoa (1935)
Nome completo: Fernando António Nogueira Pessoa.
Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mártires, no prédio n.º 4 do Largo de S. Carlos (hoje do Directório) em 13 de Junho de 1888.
Filiação: Filho legítimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim António de Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionísia Seabra; neto materno do conselheiro Luís António Nogueira, jurisconsulto e que foi Diretor-Geral do Ministério do Reino, e de D. Madalena Xavier Pinheiro.
Ascendência geral: misto de fidalgos e judeus.
Estado: Solteiro.
Profissão: A designação mais própria será «tradutor», a mais exata a de «correspondente estrangeiro em casas comerciais». O ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação.
Morada: Rua Coelho da Rocha, 16, 1º. Dto. Lisboa. (Endereço postal – Caixa Postal 147, Lisboa ).
Funções sociais que tem desempenhado: Se por isso se entende cargos públicos, ou funções de destaque, nenhumas.
Obras que tem publicado: A obra está essencialmente dispersa, por enquanto, por várias revistas e publicações ocasionais. O que, de livros ou folhetos, considera como válido, é o seguinte: «35 Sonnets» (em inglês), 1918; «English Poems I-II» e «English Poems III» (em inglês também), 1922, e o livro «Mensagem», 1934, premiado pelo Secretariado de Propaganda Nacional, na categoria «Poema». O folheto «O Interregno», publicado em 1928, e constituído por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve ser considerado como não existente. Há que rever tudo isso e talvez que repudiar muito.
Educação: Em virtude de, falecido seu pai em 1893, sua mãe ter casado, em 1895, em segundas núpcias, com o Comandante João Miguel Rosa, Cônsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o prêmio Rainha Vitória de estilo inglês na Universidade do Cabo da Boa Esperança em 1903, no exame de admissão, aos 15 anos.
Ideologia Política: Considera que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com pena, pela República. Conservador do estilo inglês, isto é, liberdade dentro do conservantismo, e absolutamente anti-reacionário.
Posição religiosa: Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a todas as Igrejas organizadas, e sobretudo à Igreja de Roma. Fiel, por motivos que mais adiante estão implícitos, à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essência oculta da Maçonaria.
Posição iniciática: Iniciado, por comunicação direta de Mestre a Discípulo, nos três graus menores da (aparentemente extinta) Ordem Templária de Portugal.
Posição patriótica: Partidário de um nacionalismo místico, de onde seja abolida toda a infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade.
Nacionalista que se guia por este lema: «Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação».
Posição social: Anticomunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.
Resumo de estas últimas considerações: Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-Mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos – a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania.
Lisboa, 30 de Março de 1935″
Fonte: Fernando Pessoa no seu tempo, Biblioteca Nacional (Portugal), 1988 (págs. 17-22).
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"BLOGOSFERA" EM 2004 (I)
O ano de 2004 começava – logo a 3 de Janeiro (Sábado) –, com o artigo de Paulo Querido na revista “Única”, do “Expresso”, intitulado “Blogues de A a Z“:
“2003 foi o ano da diáspora dos blogues portugueses. 2004 será o ano da consolidação. Um guia para acompanhar o futuro”.
Para além do destaque de alguns dos “blogues” que maior relevância assumiram na blogosfera portuguesa no ano de 2003, apresentava ainda alguns aspectos técnicos, relacionados nomeadamente com “Feed” (sindicância), “RSS” e “XML”, para além de utilitários.
No dia seguinte, no Rua da Judiaria, Nuno Guerreiro fazia referência ao artigo sobre a blogosfera portuguesa, com menções a “O Meu Pipi” e ao “Abrupto“, publicado no jornal israelita Ha’aretz:
“… o diário israelita de referência Ha’aretz publicou na sua revista de sexta-feira um resumo de artigo original do Público (Joana Gorjão Henriques) sobre O Meu Pipi. Mesmo para aqueles que não lêem hebraico, vale a pena passar os olhos por esta prosa do Ha’aretz, e descortinar referências, em caracteres latinos, a O Meu Pipi e ao Abrupto. O ano começa bem para a nossa blogosfera. Que 2004 seja um ano feliz.”
De 5 a 9 de Janeiro, Manuel Falcão, entretanto designado primeiro responsável pela “nova vida” do canal de televisão que assumiu a designação de “A Dois”, escrevia em “A Esquina do Rio” uma série de 5 textos sobre o início do novo canal de televisão: Diário de bordo I; Diário de bordo II; Diário de bordo III; Diário de bordo IV; Diário de bordo V.
Há 1 ano no Memória Virtual – 2003 – Ano dos “Blogues”
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