HERDEIROS (V)
O cargo de Presidente dos Estados Unidos da América é a função de maior poder no Mundo.
Como imaginar que pudesse ter um carácter “dinástico” ou hereditário? Qual a probabilidade de um filho Bush suceder ao pai Bush? Na América, tudo é possível, com a ajuda de uns milhões de dólares… Até um confronto G. W. Bush vs. Hillary Clinton!
É verdade que o “fundador do clã Kennedy” procurara criar condições para que o seu filho mais velho fosse Presidente; não tendo sido possível, apostou então em J. F. Kennedy e, posteriormente, de forma sucessiva, os seus irmãos seriam também candidatos à Casa Branca.
Exemplos de sucessões (conseguidas ou tentadas) na política há bastantes – os Gandhi (na Índia), Kadhafi (Líbia), Mobutu (Zaire), Kabila (Congo), Sukarno (Indonésia), Hafez al-Assad (Síria), os Butho (Paquistão), os Duvalier (Haiti), a dinastia Kim (da Coreia do Norte), ou o caso mais flagrante de culto de personalidade, o de Péron e as esposas Evita e Isabel (na Argentina)… -, mas caracterizam, mais em geral, regimes sul-americanos, africanos ou asiáticos; em Democracia, não existem dinastias políticas… (Adenauer, Churchill, De Gaulle, Kohl, Thatcher, Olof Palme tiveram filhos?).
Dois casos particulares a concluir: o português e o chileno.
No Chile, Salvador Allende, o Presidente comunista, morto no Golpe de Pinochet, de 11 de Setembro de 1973, tem na sua filha Isabel Allende uma “legítima” sucessora. O seu percurso foi diverso; depois de uma carreira literária, 30 anos passados sobre a deposição do pai – e após 16 anos de exílio no México -, a entretanto nomeada Presidente do Partido Socialista seria eleita para o cargo de Presidente da Câmara de Deputados (que o pai desempenhara também), como que numa reprise da democracia, após o longo “reinado” (de 17 anos) de Pinochet.
Em Portugal, Mário Soares, ele próprio sucessor de uma importante personalidade do nosso passado (o criador do Colégio Moderno), ao longo de uma luta política de décadas, foi trilhando passo a passo o longo caminho (uma verdadeira “maratona”) que o conduziria ao cargo mais elevado da nação. O filho João Soares sempre teve grandes dificuldades em conseguir saír da sua sombra. O apelido que “carrega” é demasiado pesado para que conseguisse impor-se por si próprio. Conseguiria chegar a Presidente da Câmara de Lisboa, mas a (inesperada) derrota autárquica de 2001 terá significado o fim das suas ambições políticas.
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