Archive for 14 Novembro, 2021
Portugal – Sérvia (Mundial 2022 – Qualif.)
Estádio da Luz, Lisboa
Portugal – Rui Patrício, João Cancelo, José Fonte, Rúben Dias, Nuno Mendes, Renato Sanches (84m – Rúben Neves), Danilo Pereira (90m – André Silva), João Moutinho (64m – João Palhinha), Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva (64m – Bruno Fernandes) e Diogo Jota (83m – João Félix)
Sérvia – Predrag Rajković, Nikola Milenković, Miloš Veljković (65m – Uroš Spajić), Strahinja Pavlović, Andrija Živković (69m – Nemanja Radonjić), Saša Lukić, Nemanja Gudelj (45m – Aleksandar Mitrović), Sergej Milinković-Savić, Filip Kostić (89m – Luka Jović), Dušan Tadić e Dušan Vlahović
1-0 – Renato Sanches – 2m
1-1 – Dušan Tadić – 33m
1-2 – Aleksandar Mitrović – 90m
Cartões amarelos – João Cancelo (8m), João Moutinho (61m) e Renato Sanches (67m); Nemanja Gudelj (13m), Strahinja Pavlović (66m), Nikola Milenković (70m) e Aleksandar Mitrović (90m)
Árbitro – Daniele Orsato (Itália)
Integrado num grupo demasiado fraco, sem efectiva oposição, a selecção de Portugal não conseguiu, porém, evitar chegar ao último dia sem ter a situação resolvida – não tendo descolado da Sérvia, que foi “replicando” os resultados da turma portuguesa face aos restantes adversários – o que deixaria tudo em aberto para uma espécie de “final”, na qual, à excepção do factor casa, tudo parecia jogar já a favor dos sérvios, quer em termos anímicos, como, inclusivamente, a nível do estado de forma presente das duas equipas.
Ou seja, mercê de uma sucessão de variados equívocos próprios – e também, necessariamente, de grave falha alheia, não podendo escamotear-se a situação do golo não validado, que teria resultado no triunfo português na Sérvia – a equipa nacional foi-se – ao longo de toda a campanha de qualificação – “pondo a jeito”.
O que teria o seu corolário, precisamente, neste derradeiro e decisivo embate. Necessitando “apenas” de empatar, e tendo entrado praticamente a ganhar – beneficiando de uma má saída de jogo por parte do guarda-redes, interceptada por Bernardo Silva, que assistiu um isolado Renato Sanches, a rematar sem dificuldade para o fundo da baliza –, Portugal quase tudo faria de errado, a partir daí, ao longo de quase noventa minutos.
Efectivamente, a partir dos 10 minutos, a Sérvia mandou no jogo, perante um adversário perdido dentro de campo, falho de orientação. E, também neste caso, não pode fugir-se a apontar o claro principal responsável deste grande fiasco: obviamente, Fernando Santos.
O jogo na Irlanda fizera já “soar” as campainhas de alarme; era necessário mudar o “chip”, mas a selecção portuguesa não só não o conseguiu fazer, como, inclusivamente, agravou o já fraco desempenho, e, ainda pior, a atitude demonstrada dentro de campo.
Os equívocos começaram logo na formação do “onze” inicial: fazendo entrar Danilo Pereira, para posição mais recuada (em detrimento de João Palhinha) e Renato Sanches (em vez de Bruno Fernandes), Fernando Santos denotava, “por actos e omissões”, que privilegiava a defesa do empate, apostando numa estratégia de contenção, procurando surpreender o adversário, com lances de rompante mais esporádico e eventuais oportunidades de rápidas transições, em alternativa ao assumir efectivo do jogo, sendo que a equipa portuguesa se encontra perfeitamente capacitada para tal, devendo ter tomado a iniciativa em vez de se limitar a ser reactiva.
O resultado foi que, praticamente durante todo o jogo, Portugal não conseguiu “ter bola”, convidando o adversário a “vir para cima” da sua área, pelo que não surpreenderia que a Sérvia – já depois de ter desperdiçado outras ocasiões de perigo – chegasse, ainda cedo no jogo, ao golo do empate, num lance infeliz de Rui Patrício, que não conseguiu deter a bola, o que proporcionava aos visitantes ainda um suplemento anímico extra para acreditar, com maior convicção, de que seria possível o apuramento.
Tal intensificar-se-ia – depois de, aparentemente, se ter ainda conseguido, durante certo período da segunda parte, como que “adormecer o jogo” –, com a saída de Bernardo Silva (porventura acusando desgaste ou sequelas da lesão que o impediram de jogar na Irlanda), o que se traduziu em retirar de campo o único elemento que ainda ia procurando a bola, coincidindo, em paralelo, com um ainda maior recuo da posição de Danilo Pereira, para junto dos centrais. Definitivamente, Portugal “chamava” pelos cruzamentos – nem sempre com o melhor discernimento – dos sérvios.
A entrada de Rúben Neves, a cerca de cinco minutos do fim, visava, declaradamente, a preservação do empate; André Silva só demasiado tarde seria chamado a jogo, em situação de desespero, já em período de compensação, após o segundo tento da Sérvia.
Esse golo, sofrido em cima do minuto 90, foi, de certo modo, cruel, na forma como, “in extremis”, afastava Portugal do 1.º lugar no grupo, mas o que se pode até estranhar é que não tenha surgido mais cedo.
De facto, também neste desafio, a equipa portuguesa se foi “pondo a jeito”, à mercê de qualquer lance mais fortuito, que sempre poderia surgir… como acabaria por acontecer, com Mitrović a aparecer, livre de marcação, descaído sobre o lado esquerdo, a cabecear com todo o “à vontade” para a baliza, na sequência de um cruzamento de longa distância, do lado contrário. A Sérvia confirmava o apuramento para a fase final do Mundial.
Para Portugal, a qualificação directa, a ter sido alcançada – e, afinal, estivemos a um minuto de a consumar -, já seria com muito pouco “brilho”. Assim, fica uma amarga sensação de enorme desperdício de talento de uma notável geração, mal orientado, e com opções tácticas e estratégicas completamente desajustadas.
De ter o apuramento “garantido” – o que, mesmo que algo inconscientemente, sempre acreditámos ser o desfecho natural ao longo de toda esta campanha – passámos, “num ápice”, para uma situação que pode ser muito complexa, de disputa de play-off, em moldes inovadores: dos 12 participantes em tal fase de qualificação, apenas três serão premiados com o apuramento para a fase final.
Numa primeira eliminatória, teremos ainda a vantagem de jogar em casa, frente a adversário teoricamente menos cotado, mercê da nossa condição de “cabeça-de-série” nesse sorteio; mas, depois, na eliminatória final, não só poderá ter de vir a ser disputada em terreno alheio (dependendo do sorteio), como poderemos vir a enfrentar adversários do nível de exigência de uma Suíça (que eliminou os Campeões do Mundo em título, França, no Europeu, apenas caindo no desempate da marca de grande penalidade ante a Espanha) – ou, eventualmente ainda pior, se for a Campeão da Europa, Itália, a terminar esse grupo no 2.º lugar –, Suécia, Rússia, Polónia, possivelmente a Ucrânia, ou, ainda, a Turquia ou a Noruega (ou, no limite, até os Países Baixos).
Para tal – beneficiando de termos ainda até Março de 2022 para nos prepararmos – será imprescindível, primeiro, começar por recuperar animicamente a equipa do tremendo choque agora sofrido, e, em paralelo, assentar ideias sobre a forma mais apropriada de enfrentar tais adversários, em função das características dos jogadores portugueses, definindo e colocando em prática o sistema de jogo mais ajustado.
GRUPO A Jg V E D G Pt 1º Sérvia 8 6 2 - 18 - 9 20 2º Portugal 8 5 2 1 17 - 6 17 3º Irlanda 8 2 3 3 11 - 8 9 4º Luxemburgo 8 3 - 5 8 -18 9 5º Azerbaijão 8 - 1 7 5 -18 1
10ª jornada
14.11.2021 – Portugal – Sérvia – 1-2
14.11.2021 – Luxemburgo – Irlanda – 0-3
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O Pulsar do Campeonato – 8ª Jornada
(“O Templário”, 11.11.2021)
Dos vencedores da semana anterior apenas o Amiense conseguiu repetir o triunfo, prosseguindo a (algo imprevista) ascensão na tabela – ocupando, agora, o 3.º degrau do pódio –, o que, em paralelo, em função dos desaires sofridos por Abrantes e Benfica e Salvaterrense (que viu enfim quebrada, com “estrondo”, a sua invencibilidade), proporcionou aos dois primeiros, U. Tomar e Rio Maior, voltar a alargar a vantagem sobre a concorrência.
Destaques – O primeiro destaque da 8.ª jornada vai para o Alcanenense, que não só colocou termo à série até agora invicta do Salvaterrense, como o fez de forma categórica, goleando por inapelável 5-0, somando importantes pontos que lhe permitem afastar-se da zona mais perigosa da classificação.
Num embate entre dois dos principais candidatos, o Mação recebeu e bateu o Abrantes e Benfica, por 2-1 (apenas a segunda vitória dos visitados e, em paralelo, a segunda derrota dos visitantes, depois de terem perdido no Cartaxo), do que decorre a baixa dos abrantinos ao 4.º lugar, por troca com a formação de Amiais de Baixo, enquanto os maçaenses – ainda com um jogo em atraso – repartem agora o 9.º posto com o At. Ouriense, a nove pontos do topo.
O líder, U. Tomar – que preserva esta condição desde a ronda inaugural –, impôs-se por sofrido 3-2 na deslocação a Ourém, face ao At. Ouriense, somando o sexto triunfo em oito desafios.
Com uma entrada de rompante os unionistas criaram, logo nos minutos iniciais, três ocasiões de perigo, pese embora não materializadas, quer devido a intervenção atenta do guardião contrário, como a algum “excesso de pontaria”, com a bola a embater no poste.
Mas o(s) golo(s) não tardaria(m), com Wemerson Silva a bisar no espaço de sete minutos (entre os 18 e os 25), igualando o registo de Raul Águas (este, entre 1972 e 1975, em jogos na I e na II Divisão Nacional), na 5.ª posição dos melhores marcadores de sempre do clube, ambos com 57 golos, agora a seis tentos da marca de Alberto Mota (de 1966 a 1971, também nos Nacionais).
Todavia, a meia hora de vincada superioridade nabantina, ripostaria o grupo de Ourém, repondo de pronto a igualdade, com dois golos obtidos em menos de cinco minutos.
A história repetir-se-ia na segunda metade, outra vez com o União a entrar mais forte, cedo voltando a colocar-se em vantagem no marcador (por Luís Alves), desperdiçando, no quarto de hora imediato uma “mão cheia” de oportunidades. Na fase final, o At. Ouriense pressionaria bastante, em busca do tento do empate, o que, contudo, não conseguiria alcançar, com o desfecho a saldar-se por uma merecida vitória dos tomarenses, por tangencial 3-2.
Conforme referido, o principal beneficiado – subindo de 5.º para 3.º – foi o Amiense, ganhando por 2-0 na Glória do Ribatejo, contribuindo para agravar ainda mais a crise de resultados dos locais, somente com um ponto angariado, partilhando a “lanterna vermelha” com o Ferreira do Zêzere, ambos já a sete pontos do 13.º classificado, e a quatro do 14.º, Torres Novas.
Quase sem se dar por ele, o Cartaxo vai de novo subindo posições na tabela, aproximando-se da frente, partilhando agora o 5.º posto com o Fazendense e com o Salvaterrense – todos a seis pontos do guia –, mercê do bom triunfo averbado em Samora Correia, por 3-1, com a particularidade de os samorenses, afinal, em quatro jogos em casa, só terem vencido o União…
Confirmações – Nos restantes três encontros os favoritos confirmaram o seu superior potencial, vencendo, com maior ou menor margem.
O Rio Maior – agora a única equipa que subsiste ainda invicta – mantém a estreita perseguição ao U. Tomar, somente a um ponto, após ter vencido, com tranquilidade, o Torres Novas, por 2-0.
No “derby”, o Fazendense levou a melhor sobre o U. Almeirim, graças a um solitário golo, o suficiente para atestar a manutenção do estatuto de candidato dos donos da casa, ao invés do que sucede com os forasteiros, que caíram para 13.º, já a onze pontos do comandante (não obstante tenham ainda um jogo por disputar), pelo que o U. Almeirim estará este ano, aparentemente, “fora da corrida” ao título.
O Benavente, que vem realizando campanha regular (terceiro triunfo em casa, a que junta empates no Cartaxo e em Salvaterra), ganhou, por 3-1, ao Ferreira do Zêzere, também em situação difícil.
II Divisão Distrital – As equipas do Forense (ganhando em casa, por 3-1, ao Porto Alto) e do Moçarriense (goleando o Pego por 4-0) continuam a só saber vencer (quatro triunfos em outras tantas partidas disputadas), mantendo a liderança isolada das respectivas séries.
Na outra série, tendo o Vasco da Gama adiado o compromisso com o Fátima, cedeu a liderança, ainda que à condição, a favor do Entroncamento AC, que ganhou por tangencial 1-0 nos Riachos.
Anotam-se ainda os seguintes desfechos: as goleadas do Espinheirense (8-1), face ao histórico Alferrarede, e do Águias de Alpiarça (2.º na série A), por 6-1, frente à equipa “B” do Coruchense; assim como, por outro lado, os triunfos “fora de portas”, de U. Atalainse (4-1 nas Caxarias) e do U. Tomar “B” (3-2, em Vilar dos Prazeres), na estreia dos tomarenses a ganhar nesta temporada.
Liga 3 – O U. Santarém voltou, enfim, a pontuar, empatando a uma bola com o Amora, o que, porém, não foi suficiente para se libertar da 12.ª e última posição, dado o Oliveira do Hospital – um ponto acima – ter empatado também com a equipa do Oriental Dragon.
Campeonato de Portugal – O Coruchense esteve em especial evidência, impondo ao líder destacado, Pêro Pinheiro, o primeiro desaire, com a turma do Sorraia a ganhar por 2-0. Numa série pautada por enorme equilíbrio, o representante do Distrito subiu a 4.º (integrando um pelotão de cinco clubes), somente a um ponto do duo que reparte agora o 2.º lugar (Belenenses e Loures), mas tendo abaixo de si (a três pontos) apenas as equipas do Rabo de Peixe e do Sacavenense.
Antevisão – Na Divisão principal do futebol distrital, o realce vai para os embates Cartaxo-Fazendense, Amiense-Mação e Salvaterrense-Rio Maior, para além, claro está, do sempre muito aguardado “quase derby” entre Ferreira do Zêzere e U. Tomar.
No escalão secundário destacam-se os seguintes encontros: Porto Alto-Águias de Alpiarça; Entroncamento AC-Fátima; U. Tomar “B”-Riachense; e Moçarriense-Pego.
Quanto à Liga 3 e ao Campeonato de Portugal, com um calendário algo irregular, voltam a ter dois fins-de-semana de interregno: primeiro, devido aos dois derradeiros jogos da selecção, de apuramento para o Mundial; depois, para disputa de mais uma eliminatória da Taça de Portugal.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 11 de Novembro de 2021)