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O Pulsar do Campeonato – 9ª Jornada
(“O Templário”, 18.11.2021)
Num campeonato em que, em termos gerais, o equilíbrio continua a imperar – após nove rondas disputadas somente dois pontos separam o 3.º do 9.º classificado –, os extremos começam a distanciar-se: na frente, União e Rio Maior, agora, respectivamente, com sete e seis pontos de vantagem face à última posição no pódio; na cauda da tabela, Ferreira do Zêzere e Glória do Ribatejo registam já um atraso de sete pontos em relação ao antepenúltimo, Torres Novas.
Destaques – O Rio Maior foi a equipa mais em evidência no passado fim-de-semana, impondo ao Salvaterrense – e, agora, em Salvaterra –, o segundo desaire sucessivo, e, outra vez, com goleada, por 4-0 (repetindo o “placard” também já aplicado pelo vice-líder em Samora Correia). Os riomaiorenses, que, desde há seis jornadas, mantêm apertada perseguição ao guia (sempre um único ponto atrás), apresentam agora o segundo ataque mais concretizador (a par dos tomarenses), o que aliam a uma defesa de enorme solidez, somente com três golos sofridos até à data.
Numa partida empolgante, entre dois dos principais candidatos aos lugares de topo, repleta de cambiantes, Cartaxo e Fazendense neutralizaram-se, empatando a três golos: entrada fulgurante do grupo das Fazendas, a chegar ao 0-2, para, de seguida, os visitados operarem fantástica reviravolta, para 3-2, acabando, todavia, por vir a consentir o tento do empate, com os forasteiros a confirmarem a sua propensão goleadora, totalizando já 24 golos apontados (mas, por outro lado, 18 sofridos). As duas equipas repartem agora a 5.ª posição com o sensacional Benavente.
A mostrar que continua bem “vivo”, o Mação – pese embora tenha ficado reduzido a dez elementos durante quase uma hora – foi ganhar ao sempre difícil reduto de Amiais de Baixo, impondo-se por 2-0, subindo, por agora, ao 8.º posto… mas que até poderá escalar até ao 3.º lugar, caso venha a vencer o desafio que tem em atraso, a disputar, em casa, ante o U. Almeirim. Uma “ameaça” aos lugares da frente, a levar muito em conta, pois.
Noutra luta, pela “sobrevivência”, o Torres Novas somou três importantes pontos, batendo o At. Ouriense por 2-1, o que lhe proporcionou, para já, a referida “confortável” margem de segurança, de sete pontos, em relação aos dois últimos da pauta classificativa.
Surpresas – O resultado porventura mais imprevisto da jornada ocorreu em Abrantes, onde a turma local não conseguiu melhor do que a igualdade, a uma bola, na recepção ao Samora Correia, tendo deixado escapar o triunfo já nos derradeiros minutos. Com o ponto averbado os abrantinos recuperaram, ainda assim, o 3.º lugar, em igualdade pontual com o Amiense, mas integrando um alargado pelotão, concentrado na tal escassa diferença de dois pontos, atrasando-se em relação aos dois primeiros, mas, claro, muito longe de estarem arredados de maiores aspirações.
Poderá considerar-se também como “semi-surpresa” o desfecho verificado em Almeirim, com outro empate, igualmente a um golo, entre U. Almeirim e Alcanenense, o que, em paralelo, virá confirmar que o objectivo das duas equipas para esta temporada não deverá ser outro que o de procurar assegurar a manutenção, da forma mais “tranquila” que lhes for possível.
Partilhando estes clubes, nesta altura, o 12.º posto, apenas com nove pontos somados, tal tranquilidade dependerá também do desempenho que o Coruchense venha a ter no Campeonato de Portugal, do qual dependerá o número de equipas (duas, ou, no pior cenário, três) a despromover ao escalão secundário do futebol distrital.
Confirmações – Nos restantes dois encontros confirmaram-se as expectativas, com as duas formações da parte mais baixa da classificação a “afundarem-se” ainda mais.
O Benavente bateu por categórica marca de 3-0, o Glória do Ribatejo, muito aquém da fantástica época passada, que somou o nono desaire em dez jogos disputados. Foi já o quarto triunfo dos benaventenses, que não têm vacilado, ganhando todos os jogos que seriam “de ganhar”, acumulando já 14 pontos, intrometendo-se numa disputa que não será a sua, a par do Fazendense e do Cartaxo na classificação, mas, mais importante, afastando-se da zona perigosa.
No “quase derby” de Ferreira do Zêzere, o União de Tomar, mesmo vencendo, e repetindo os números ali obtidos pelo Rio Maior (2-0), teve uma tarde tudo menos tranquila.
De facto, bastante perdulários durante toda a primeira parte, os nabantinos permitiram que o nulo subsistisse durante mais de uma hora. E, na segunda metade, até começaram por ver o adversário, mais ameaçador, com duas ocasiões para poder inaugurar o marcador. Mas o maior poderio dos nabantinos acabaria por vir à tona, ditando o desfecho com dois golos praticamente de rajada.
O U. Tomar passaria ainda por minutos finais de alguma tensão, quando se viu em inferioridade numérica, mas os ferreirenses não conseguiriam desfeitear o atento guardião contrário.
Foi um triunfo especial, dedicado a Luís Alves, o qual, por motivos de saúde (situação de índole cardíaca), poderá ter visto prematuramente interrompida a sua carreira (tendo disputado 137 jogos com a camisola do União e marcado 21 golos, entre eles o que abriu o marcador na Final da Taça do Ribatejo conquistada pelo clube em 2018). Neste período muito difícil em termos pessoais – a requerer grande coragem –, mais importante que o jogador terá de ser, necessariamente, o homem, a partir de agora mais um “adepto”, a sofrer por fora, mas bem junto dos seus companheiros.
II Divisão Distrital – Pese embora ainda numa fase bastante precoce da prova – apenas foram disputadas cinco das 18 rondas previstas – há três emblemas que se começam, desde já, a perfilar como sérios candidatos à subida, um de cada série: Forense (5-0 no terreno do Benfica do Ribatejo) e Moçarriense (3-0 no Tramagal) com o pleno de vitórias; Entroncamento AC (triunfo por 3-1 perante um dos mais fortes concorrentes, Fátima), somente com um ponto cedido.
Mas há também outros firmes pretendentes à qualificação para a fase final, de apuramento de Campeão e de promoção, nomeadamente: Águias de Alpiarça, Vasco da Gama e Espinheirense.
Antevisão – No principal escalão prosseguem os desafios entre aspirantes aos lugares cimeiros, com realce para o embate entre Fazendense e Abrantes e Benfica. O Cartaxo, que visita Alcanena, não esperará certamente uma tarde “descansada”. Por seu lado, Rio Maior e Mação, recebendo, respectivamente, U. Almeirim e Benavente, são favoritos, mas não poderão facilitar.
Quanto ao U. Tomar, actua igualmente no seu terreno, ante o Torres Novas, no maior clássico do futebol distrital, na 95.ª edição de um confronto de resultado sempre em aberto, como o atesta o grande equilíbrio a nível histórico: 38 vitórias dos tomarenses, face a 37 triunfos dos torrejanos.
Na II Divisão, destaque para as seguintes partidas: Caxarias-Entroncamento AC, Riachense-Goleganense, U. Atalaiense-Vasco da Gama, Fátima-U. Tomar “B” (todos na série B), sendo que os líderes das séries A e C, respectivamente Forense e Moçarriense, terão dia de folga.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 18 de Novembro de 2021)