Archive for 7 Setembro, 2012
A ilusória receita da Troika
Ao fim de mais de um ano, a Troika conseguiu finalmente impor a sua receita para aumentar a competitividade das empresas portuguesas, dinamizar a economia e reduzir o desemprego, que advogara, como medida estruturante, desde o primeiro dia: a baixa da Taxa Social Única, ou seja das contribuições para a Segurança Social, na parte assumida pelo empregador, que passará, em 2013, de 23,75 % para 18 %.
A solução encontrada para financiar tal redução – um autêntico “ovo de Colombo” -, hoje anunciada pelo Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, foi a de colocar os trabalhadores a pagar, aumentando, em paralelo, as contribuições de conta do empregado, de 11 % para 18%!
Uma medida brutal (aumento instantâneo de cerca de 64% deste tipo de encargo) – que atinge, directamente, mês após mês, o rendimento disponível -, que, em simultâneo, visa fazer também a “quadratura do círculo” no que respeita à interpretação do Tribunal Constitucional, de equidade entre funcionários públicos e trabalhadores do sector privado: estes, em função do acréscimo de 7 pontos percentuais (x 14 meses) acabam por ficar privados de um mês de remuneração; os trabalhadores do sector público ficam sensivelmente “na mesma”, ao recuperar, em teoria, um dos subsídios perdidos este ano, mas que irão acabar por perder, por outra via, pelo tal aumento de contribuições.
O que é mais inquietante é o facto de, após mais de um ano de “inspecções periódicas” (trimestralmente, estando actualmente em fase de conclusão a 5ª – para além do estudo e análise iniciais, para estabelecimento do “Memorando de entendimento”), a Troika denotar ter adquirido escassa compreensão sobre o tecido empresarial português (daí a dificuldade em compreender a assustadora evolução da taxa de desemprego…) e sobre a idiossincrasia dos donos de pequenas empresas que constituem a parte fundamental de tal teia.
Que ingenuidade crer que a redução da Taxa Social Única se traduzirá “automaticamente” (por via da baixa do custo de produção) em baixa do preço de venda (por exemplo, no caso das exportações), e, ainda maior ilusão, a de que tal permitirá dinamizar a economia e reduzir o desemprego, através do aumento da contratação.
Daqui a um ano, a Troika irá ter ainda maior dificuldade em compreender porque falhou a sua ilusória receita de competitividade, porque não se reduziu o desemprego, porque não cresceu a economia… Só que, então, será ainda mais hercúlea a tarefa de inverter este ciclo vicioso: mais austeridade implicando menos consumo, menos consumo implicando menos produção, e consequente mais desemprego.
Luxemburgo – Portugal (Mundial-2014 – Qualif.)
Luxemburgo – Jonathan Joubert, Guy Blaise, Tom Schnell, Gilles Bettmer, Daniel da Mota (79m – Maurice Deville), Ben Payal, Aurelien Joachim, Ante Bukvic, Mario Mutsch, Mathias Jaenisch e Lars Gerson
Portugal – Rui Patrício, João Pereira, Bruno Alves, Pepe, Fábio Coentrão, Raul Meireles (67m – Custódio), Cristiano Ronaldo, João Moutinho, Miguel Veloso (45m – Silvestre Varela), Nani (81m – Ruben Micael) e Hélder Postiga
1-0 – Daniel da Mota – 14m
1-1 – Cristiano Ronaldo – 27m
1-2 – Hélder Postiga – 54m
Cartões amarelos – Bruno Alves (78m) e Silvestre Varela (86m)
Árbitro – Kristo Tohver (Estónia)
No início da caminhada rumo ao Brasil, em 2014, tão avisada estava a selecção portuguesa sobre a necessidade de “levar a sério” este adversário, quão inevitável é algum relaxe, tão díspares as forças em presença.
E a verdade é que – tendo a equipa de Portugal adoptado uma toada lenta no quarto de hora inicial – o Luxemburgo começaria por provocar grande surpresa, ao inaugurar o marcador, colocando-se em vantagem, com um remate indefensável do luso-descendente Daniel da Mota.
A equipa nacional percebeu então que teria de trabalhar ainda mais do que porventura suspeitava, acabando por beneficiar do facto de o golo do empate não ter demorado em demasia, com Ronaldo a aproveitar da melhor forma uma desconcentração da defensiva luxemburguesa, a perder a bola em “zona proibida”, perante a insistência dos centro-campistas portugueses.
Sem nunca elevar de forma significativa o ritmo de jogo, Portugal, depois de obtido o segundo golo, pouco depois do recomeço, não iria além da margem mínima, nesta sua primeira vitória.
Em regime de “serviços mínimos”, a selecção portuguesa não evitaria persistir, até final do jogo, à mercê de um qualquer lance fortuito, que pudesse eventualmente hipotecar a necessária conquista dos 3 pontos. Segue-se o Azerbeijão, esperando-se exibição e resultado mais convincentes.
GRUPO F Jg V E D G Pt 1º Rússia 1 1 - - 2- 0 3 2º Portugal 1 1 - - 2- 1 3 3º Azerbaijão 1 - 1 - 1- 1 1 4º Israel 1 - 1 - 1- 1 1 5º Luxemburgo 1 - - 1 1- 2 - 6º I. Norte 1 - - 1 0- 2 -
1ª jornada
07.09.12 – Rússia – I. Norte – 2-0
07.09.12 – Azerbaijão – Israel – 1-1
07.09.12 – Luxemburgo – Portugal – 1-2