Archive for 26 Fevereiro, 2004
BENFICA – CENTENÁRIO (XXVI)
1912
O atleta benfiquista Francisco Lázaro, um dos melhores maratonistas da época, morre ao correr a Maratona dos Jogos Olímpicos.
O Benfica realiza o primeiro jogo de futebol no estrangeiro, vencendo na Galiza o Deportivo da Corunha por 1-0. Conquista o título de campeão de Lisboa pela 2ª vez.
1913
O Benfica passa a disputar os seus jogos de futebol em Sete Rios (Estrada de Palhavã).
Conquista a vitória no Campeonato regional de Lisboa (3ª), tendo ganho ao Sporting por 4-1.
Em jogo particular, o Benfica vence o histórico Real Madrid por 7-0, no último jogo de uma digressão dos espanhóis, que tinham já defrontado antes o Internacional e o Sporting.
Introduz a prática da modalidade de Ginástica.
1914
O Benfica vence os Campeonatos Regionais de Lisboa em futebol em todas as (4) categorias (4º título na 1ª categoria, sagrando-se tri-campeão).
Nos terrenos existentes nas traseiras da sede, na Av. Gomes Pereira, o Benfica passa a dispor de um rinque de patinagem, nascendo assim a prática do Hóquei em Patins.
Ao comemorar o seu 10º aniversário, o Benfica dispõe de cerca de 600 sócios.
1915
É inaugurado um “court” de Ténis, na Quinta Nova.
No futebol, é vice-campeão, atrás do Sporting, que conquista o seu primeiro título de campeão de Lisboa.
[1033]
EÇA DE QUEIRÓS – A CIDADE E AS SERRAS (IV)
“Durante essas semanas que preguicei em Tormes, eu assisti, com enternecido interesse, a uma considerável evolução de Jacinto nas suas relações com a natureza. Daquele período sentimental de contemplação, em que colhia teorias nos ramos de qualquer cerejeira, e edificava sistemas sobre o espumar das levadas, o meu príncipe lentamente passava para o desejo da acção. E de uma acção directa e material, em que a sua mão, enfim restituída a uma função superior, revolvesse o torrão.
Depois de tanto comentar, o meu príncipe, evidentemente, aspirava a criar.
Uma tardinha, ao anoitecer, sentados no pomar, no rebordo do tanque, enquanto o Manuel Hortelão apanhava laranjas no alto de uma escada arrimada a uma alta laranjeira, Jacinto observou, mais para si do que para mim:
– É curioso… Nunca plantei uma árvore!
– Pois é um dos três grandes actos sem os quais, segundo diz não sei que filósofo, nunca se foi um verdadeiro homem. Fazer um filho, plantar uma árvore, escrever um livro. Tens de te apressar, para ser um homem. É possível que talvez nunca prestasses um serviço a uma árvore, como se presta a um semelhante!
– Sim. Em Paris, quando era pequeno, regava os lilases. E no Verão é um belo serviço! Mas nunca semeei.
E como o Manuel descia da escada, o meu príncipe, que nunca acreditara inteiramente – pobre homem! – no meu saber agrícola, imediatamente reclamou o parecer daquela autoridade:
– Ó Manuel, ouça lá, o que é que se poderia agora semear?
Com o cesto das laranjas enfiado no braço, o Manuel exclamou, através de um lento riso, entre respeitoso e divertido:
– Semear, patrão? Agora é antes colher. Olhe que já se anda a limpar a eirazinha para a debulha, meu patrão.”
[1032]
"MORAL DA HISTÓRIA"
Aos oito anos, era grande o entusiasmo com que Joana descobria o admirável mundo dos livros. Aprendera a ler ainda antes dos cinco (sozinha, como o Zezé d’O Meu Pé de Laranja Lima); não se sentia tão forte nas contas (principalmente nas de dividir, que a obrigavam a algumas piruetas, numa ainda complexa ginástica mental).
Foi com enorme excitação que recebeu a notícia de um “Concurso Literário” promovido pela escola; naquele dia, leu, pelo menos dez vezes, o cartaz afixado no átrio: “Concurso Literário / Participa com a tua história / 3 Prémios – Magníficos livros”.
A sua mente fervilhava de ideias, que tinha dificuldade em ordenar. Escreveu sem parar, muito para além da hora de dormir.
A história era auto-biográfica: falava da vida muito ocupada dos pais; de como a mãe, depois de um extenuante dia de trabalho, tinha ainda, sempre, tantas coisas para fazer em casa (não é que o pai não tentasse colaborar, mas…); do dia em que decidira, juntamente com o irmão, ajudar nas tarefas domésticas; o resultado tinha sido desastroso, mas a história terminava com uma moral: não fazem também os adultos, todos os dias, disparates muito mais graves do que deixar queimar o jantar?
(Texto preparado para o “1º Concurso de Literatura para Blogs” promovido pelo Luís Ene, no Ene Coisas).
P. S. Mais um agradecimento, ao Tribulandia.
[1031]