U. Tomar – Centenário (XXV)
23 Março, 2014 at 12:00 pm Deixe um comentário
(“O Templário”, 20.03.2014)
O União acabaria por não conseguir evitar a despromoção na época de 1969-70. No ano seguinte, de forma imprevista – já depois de concluído o campeonato –, veria abrir-se uma “janela de oportunidade” para o imediato regresso ao principal escalão. Tendo concluído o campeonato da II Divisão no 2.º lugar, atrás do Atlético, viria a beneficiar do alargamento da I Divisão, de 14 para 16 clubes, sendo os concorrentes adicionais apurados em função da disputa de uma “liguilla”.
O dia 19 de Setembro de 1971 seria decisivo para as aspirações das quatro equipas envolvidas nesse torneio. Ao mesmo tempo que o Leixões, com um triunfo categórico, de 4-1, sobre o Marinhense (em jogo realizado em Coimbra) garantia assim a permanência na I Divisão, a turma tomarense disputava com o Varzim, em São João da Madeira, a outra vaga de acesso disponível…
«Sabedor de tudo isto e experiente como é, o treinador Fernando Cabrita e ao contrário do que talvez todos pensassem, entrou a jogar ao ataque, procurando a todo o transe obter o golo. […] Marcou um golo o União e mais poderia ter obtido […]»(1)
«apenas diremos, pelo que vimos, que o União de Tomar, ao longo dos quarenta e cinco minutos iniciais, foi a melhor equipa sobre o terreno, o onze melhor estruturado e com melhores executantes.
Pondo em prática um «4x3x3» sempre sujeito a alterações de circunstância, os nabantinos sempre deram a ideia de se superiorizarem largamente a um adversário nervoso, falho de imaginação, sem capacidade ofensiva. […]
Com a bola sempre rente ao solo, jogada ao primeiro toque, os nabantinos adregavam vantagem em todas as zonas do rectângulo. […]
Ninguém se espantou, portanto, com a inauguração do marcador à saída do primeiro quarto de hora […].»(2)
Até que, aos 81 minutos, um lance infeliz de Kiki, com um auto-golo, colocava tudo em suspenso.
«Sucederam-se, então, nove minutos verdadeiramente espectaculares. Carregava o Varzim, defendia agora nervosamente o onze das margens do Nabão. E faltava um minuto, talvez menos, quando Barnabé, entre os postes, mandou para canto um cabeceamento de Murraças, com rótulo de golo. Foi o último cartucho de que dispunha ainda o Varzim.
O resultado acaba por não traduzir a verdade dos acontecimentos no concernente à produção futebolística, pois o 1-1 pode apenas ter apenas ter justificação na maneira briosa e nada mais com que se bateu o onze da Póvoa.»(3)
E assim, vencendo, ex-aequo com o Leixões, o “Torneio de Competência”, culminava – de modo absolutamente inesperado – esta curta passagem do União pela II Divisão, conseguindo alcançar, por trilhos algo sinuosos, mas com todo o mérito e justiça desportiva, o que era, afinal, o seu objectivo desde o primeiro dia: o pronto regresso ao convívio dos “grandes” do futebol português!
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