Archive for 30 Março, 2014
U. Tomar – Centenário (XXVI)
(“O Templário”, 27.03.2014)
De regresso à I Divisão, na primeira época do segundo dos seus três ciclos (de duas temporadas cada) em que marcou presença no principal escalão do futebol português, a 30 de Janeiro de 1972 o União de Tomar enfrentava uma sempre difícil deslocação ao Estádio das Antas, para defrontar o F. C. Porto – não obstante a equipa portista ocupasse então um sombrio 6.º lugar na pauta classificativa, somando apenas mais três pontos que os unionistas…
E nova surpresa aconteceria, com o União a conseguir arrancar mais um empate, a um golo (o segundo, em três jogos até então disputados pelos tomarenses no Estádio das Antas, depois da igualdade a duas bolas registada no campeonato de 1968-69), com Camolas a responder ao tento marcado pelo malogrado portista Pavão (logo aos nove minutos de jogo), tendo o resultado final sido fixado ainda no primeiro tempo.
Recuperemos alguns excertos das crónicas da época:
«Dominava o frio atmosférico o ambiente do Estádio das Antas, quando Saldanha Ribeiro apitou para dar início ao jogo. Dominava o frio dos «azuis e brancos» a sua massa associativa quando o juiz leiriense apitou para o final do jogo. No meio da frieza atmosférica e da frieza da exibição, ficara aos nabantinos a alegria dum ponto arrecadado com muita entrega e com muito discernimento, nos momentos em que era preciso furtar o esférico ao adversário. […]
Dir-se-á que os tomarenses jogaram à defesa, que poucas vezes se abalançaram ao ataque, que o F. C. Porto dominou mais tempo, enfim, que «por tralhas e por malhas» exibições deste cariz nada abonam o futebol. A verdade, porém, é que os homens de Fernando Cabrita jogaram com o que tinham (e não foi muito) contra uns «azuis e brancos» a mostrarem-se desconcertantes no sentido negativo. […]
A equipa do União de Tomar jogou como se previa: defender um empate e, num lance de contra-ataque, procurar vencer até o jogo. Conseguiu «arrasar» as intenções adversárias, construindo um resultado que estava nas suas previsões. Nascimento, uma vez por outra, mostrou-se inseguro. Tem a desculpa de estar para não jogar. Faustino, que actuou no posto de libero, foi, com João Carlos, um dos mais evidentes, na defesa. Kiki, Barnabé e Manuel José jogaram uniformemente. Pavão emparceirou com Bolota, actuando apagados. Fernando cumpriu. Cardoso e Calado «foram a todas» e muito se lhes deve no empate obtido. Camolas, até pela sua função, merece referência satisfatória.»(1)
«Jogou a equipa tomarense de molde a conseguir regressar a Tomar com 1 ponto ganho e, para este resultado muito contribuiu a boa organização do meio campo, onde mais uma vez, Manuel José, Cardoso, João Carlos e Calado, foram as figuras mais salientes.»(2)
Disputava-se a 17.ª jornada da época 1971-72 (segunda da segunda volta), e, após este desafio, o FC Porto mantinha a 6.ª posição, com 17 pontos, enquanto o União de Tomar ascendia ao 10.º posto (entre 16 concorrentes), contando 14 pontos.
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O pulsar do campeonato – 20ª jornada
(“O Templário”, 27.03.2014)
Uma a uma, as equipas que integram, há largas semanas, o quarteto da frente da classificação do Campeonato Distrital da I Divisão têm vindo a “ceder”: primeiro, o Fazendense, a seguir o Coruchense, agora o Torres Novas, que não conseguiu “passar” no sempre difícil terreno de Amiais de Baixo, perdendo por 2-0, assim quebrando um ciclo muito positivo, de cinco triunfos consecutivos, quatro deles fora de casa. Deste modo, a seis jornadas do termo da competição, emerge nesta altura um inesperado favorito ao título, o At. Ouriense, que vem revelando grande solidez, traduzida numa série de sete vitórias sucessivas, a última delas, em casa, frente ao Assentis, por 3-1. A turma de Ourém, que regista, de forma destacada, o melhor ataque (49 golos em 20 jogos, ou seja uma média de praticamente 2,5 golos/jogo), dispõe agora de uma vantagem de quatro pontos sobre os mais directos perseguidores, o duo formado por Coruchense e Torres Novas, mantendo-se o Fazendense a seis pontos do guia.
Na ronda mais recente, quer a formação de Coruche, quer a de Fazendas de Almeirim, se impuseram aos seus adversários, com o Coruchense a vencer o União de Tomar por 3-1, enquanto o Fazendense ganhou à U. Abrantina por 3-0. Mas, no que respeita ao desafio disputado próximo das margens do Sorraia, a equipa da casa limitou-se a aproveitar as falhas da turma unionista, criando algumas situações de perigo em lances de contra-ataque, marcando logo aos três minutos, e ampliando para 2-0 pouco depois dos dez minutos de jogo. O grupo tomarense recompôs-se, reduzindo a desvantagem para 1-2, e tendo ainda, a finalizar o primeiro tempo, uma ocasião soberana para igualar a partida, com o guardião contrário, com uma extraordinária defesa, a remate à “queima-roupa”, a evitar o golo. Na segunda parte, com o conjunto nabantino reduzido a dez unidades logo a partir do quarto de hora, a equipa ainda candidata ao título pouco mostrou, acabando por – já a entrar no período de descontos, numa altura em que o União esboçava uma última tentativa de chegar à baliza contrária –, na sequência de mais uma bola bombeada para frente, marcar o terceiro tento.
Isto dito, nada estará ainda definido quanto à disputa do título e consequente promoção ao Campeonato Nacional de Seniores, restando ainda espaço para eventuais “reviravoltas”. Tem a palavra, principalmente, a equipa de Ourém, actualmente em posição privilegiada, sabendo que os principais rivais estarão à espreita de qualquer deslize, para poder voltar a recolar ao primeiro lugar; a este propósito, recorde-se que, até final, ou oureenses receberão ainda o Torres Novas e Fazendense (dois dos seus mais directos concorrentes, o segundo deles precisamente na derradeira jornada), tendo de deslocar-se, nomeadamente, a Amiais de Baixo e a Pontével.
Num domingo em que o resultado-padrão foi de 3-1 (o qual se verificou em quatro dos sete campos), falta-nos ainda mencionar outros dois encontros marcados por tal desfecho: o Benavente recebeu e bateu o Pontével, o que permitiu à equipa da casa “respirar” um pouco melhor, ascendendo ao 9.º lugar, já com cinco pontos de vantagem sobre o penúltimo classificado (embora a margem seja ainda curta, apenas três pontos, face ao duo imediatamente acima na tabela, que partilha o 11.º posto); também os Empregados do Comércio ganharam, em casa, ao U. Chamusca, colocando assim termo a uma longa série de nove jogos sem vitória.
Por fim, Cartaxo e Mação empataram a uma bola, no que constitui já o décimo empate dos cartaxenses, desfecho que averbaram portanto em metade dos jogos disputados. Desta forma, na zona mais problemática da tabela, logo abaixo do Benavente, temos agora os Empregados do Comércio (10.º lugar) com 20 pontos, apenas um a mais que Cartaxo e U. Chamusca, e três de vantagem em relação ao Assentis.
Na II Divisão Distrital teve início a fase final, de apuramento do Campeão e das três equipas a promover, com a curiosidade de se terem defrontado, respectivamente, os 1.º (Barrosense e Atalaiense), os 2.º (Rio Maior e Ferreira do Zêzere) e os 3.º (U. Santarém e Pego) classificados das séries Norte e Sul, tendo as equipas do sul do Distrito – que actuaram em casa – feito o pleno de vitórias, com destaque para a margem (3-0) obtida por Rio Maior e U. Santarém.
Entretanto, vão chegando boas notícias do Campeonato Nacional de Seniores, com uma jornada 100% vitoriosa para as equipas do Distrito: o Alcanenense recebeu e venceu o Lourinhanense por 2-0; o Fátima, ganhando no Carregado, por igual marca, deu também uma ajuda ao Riachense, que, por seu lado, tenta “fazer pela vida”, tendo somado o terceiro triunfo consecutivo, ao bater o Portomosense por esclarecedora marca de 3-0. Os grupos de Alcanena e de Fátima partilham o 2.º lugar da série de disputa da manutenção, com um avanço de nove pontos (a oito jornadas do final) sobre o antepenúltimo classificado, a equipa do Carregado. Face à qual o conjunto de Riachos tem agora apenas um atraso de dois pontos, recuperando portanto a esperança na permanência.
Na próxima ronda da I Divisão Distrital (apenas a 6 de Abril), o principal destaque vai para o Torres Novas-Fazendense, que poderá colocar a equipa visitante, em caso de desfecho desfavorável, fora da disputa pelo título. Os outros dois candidatos, At. Ouriense e Coruchense, são favoritos, nas deslocações que terão, respectivamente, a Abrantes (com os locais a acumular 14 derrotas nos últimos 15 jogos) e a Assentiz (em quebra, com cinco derrotas nas últimas seis jornadas, e apenas um triunfo em nove jogos); poderá acontecer o que seria grande surpresa? Por seu lado, o União de Tomar, completada a série de encontros com as equipas do topo da tabela, inicia agora uma sequência de jogos com clubes que lutam pela manutenção, recebendo os Empregados do Comércio, frente aos quais averbou uma histórica vitória em Santarém (8-0); o objectivo será, necessariamente, o de voltar a vencer, mas sem esperar facilidades.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 27 de Março de 2014)