Archive for 9 Março, 2014
U. Tomar – Centenário (XXIII)
(“O Templário”, 06.03.2014)
A 30 de Março de 1969, disputava-se a 24.ª e antepenúltima jornada e a luta pelo título de Campeão encontrava-se ao rubro, com o F. C. Porto na liderança, com um único ponto de vantagem sobre o Benfica (que contava, não obstante, com um jogo em atraso), dois em relação ao V. Guimarães e três face ao V. Setúbal. Ao mesmo tempo que o Benfica tinha uma difícil deslocação a Coimbra, o F. C. Porto recebia, em pleno Estádio das Antas, o União de Tomar.
E (mais uma) grande surpresa aconteceu… A equipa de Tomar conseguiria forçar um sensacional empate a dois golos. Depois de manter o nulo até final do primeiro tempo, o União (graças aos tentos de Alberto e Leitão) recuperaria por duas vezes da situação de desvantagem no marcador!
«Sem ter nada a perder na sua deslocação ao Estádio das Antas, por isso mesmo sereno, calmo, descontraído, astucioso, «manhoso», até, o União de Tomar prolongou na tarde de ontem o drama que, num ápice, caiu há tempos sobre as Antas, a Académica sustentou há uma semana e, ontem, os homens de Tomar dilataram, conduzindo os adeptos portuenses a uma situação mais confusa ainda […]»(1)
O resultado ao intervalo, ainda com o marcador em branco, contribuiria para o acrescer da intranquilidade dos homens da casa:
«Em consequência disso, a igualdade que se não alterara, o zero-zero ameaçador e, mais que isso, propiciador de uma acumulação de preocupações e de nervos, de receios e de temores. Temores e receios que vieram a confirmar-se totalmente, mesmo depois de, por duas vezes, a equipa se haver adiantado no marcador…»(2)
Assim, a segunda parte seria repleta de emoção e golos:
«Foi de dramatismo intenso toda a segunda parte, que por isso mesmo ofereceu um espectáculo emotivo, arrasante, apaixonante, cansativo, o que não vale por dizer que se tenha jogado bom futebol, sem todavia ser justo ignorar a arremetida quase furiosa dos homens do F. C. Porto e a subida gradual dos forasteiros, mais crentes, a cada minuto que passava, na possibilidade de um bom resultado. Para a obtenção do qual não deixariam de esforçar-se bem…»(3)
Sabendo tirar partido de tal intranquilidade, beneficiando da grande exibição de Conhé, e do sentido de colectivo do grupo, o União arrancava um magnífico resultado no Estádio das Antas, o que viria a afastar os portistas da possibilidade de conquista do título de Campeão Nacional:
«Podem os portistas lamentar-se de terem empatado um jogo que mereciam ganhar, mas também os tomarenses perderam a oportunidade de no último minuto marcarem o seu 3.º tento que seria o do triunfo […]»(4) – num lance em que, com três unionistas (Leitão, Alberto e Lecas) a surgirem isolados face a Rui, Leitão, de forma infeliz, acabaria por fazer quase como que um “passe” ao guardião portista.
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O pulsar do campeonato – Taça do Ribatejo – 1/4 Final
(“O Templário”, 06.03.2014)
Em nova pausa nos campeonatos distritais para disputa de mais uma eliminatória da Taça do Ribatejo, correspondente aos ¼ Final da competição, o destaque vai para a equipa da Glória do Ribatejo, última classificada na sua série da II Divisão Distrital, que alcançou a proeza de ser a única do escalão secundário a atingir as ½ Finais.
Ao invés, para os tomarenses, infelizes no sorteio, actuando, uma vez mais, em terreno alheio, e, no caso concreto, defrontando o líder da I Divisão Distrital (e finalista no ano anterior), fica o amargo da eliminação, numa prova em que o União de Tomar não conseguiu ainda chegar à Final.
De facto, tendo perdido por 0-2 em Ourém, face ao At. Ouriense, a formação unionista quedou-se pelos ¼ Final, fase que apenas por quatro vezes alcançou (em 2003, 2010, 2011 e 2014), nas quinze participações que regista na Taça do Ribatejo. A melhor participação nabantina na competição continua a ser a da temporada de 2002-03, em que, disputando as ½ Finais com o Águias de Alpiarça, perdendo, também por 0-2, se viu afastado do desafio decisivo.
Nestas quinze presenças, o União somou a 10.ª eliminação em jogos realizados fora de casa. Para além daqueles quatro anos, em que atingiu, pelo menos, os ¼ Final, o clube de Tomar ficou-se pelos 1/8 Final por cinco vezes (1986-87, 1997-98, 2008-09, 2011-12 e 2012-13).
Conforme referido anteriormente, o grupo da Glória do Ribatejo, em deslocação ao Cartaxo, defrontando um primodivisionário, conseguiu reagir à desvantagem, forçando uma igualdade a duas bolas, para acabar por se impor no desempate da marca de grande penalidade, assim concretizando a principal surpresa desta ronda.
Nas outras duas partidas, os favoritos confirmaram na prática o que se afigurava ser o seu teórico maior poderio, com o Fazendense a receber e a vencer por 4-1, frente ao Amiense, actual detentor do troféu, numa “desforra” do encontro das ½ Finais da época precedente. Por fim, noutro confronto entre equipas de escalões diferentes, o U. Almeirim, embora recebendo o Assentis, não evitou perder por 0-1.
Avançam portanto para as ½ Finais da presente edição da Taça do Ribatejo os seguintes clubes: At. Ouriense (tal como indicado, finalista vencido na última temporada), Fazendense (semi-finalista no ano passado), Assentis e Glória do Ribatejo.
Mas o fim-de-semana foi aziago para as cores unionistas também no escalão de Juniores, igualmente com a disputa dos ¼ Final da Taça do Ribatejo, com o União de Tomar, actual detentor do troféu, a ser eliminado, no Cartaxo, tendo perdido por 2-3. Marcam assim presença nas ½ Finais da prova de Juniores, o Alcanenense (finalista derrotado pelo União no ano anterior), Núcleo Sportinguista de Rio Maior, Abrantes e Benfica, para além do Cartaxo.
No Campeonato Nacional de Seniores, disputou-se a 3.ª jornada (de um total de 14) na série de manutenção, com as equipas do Distrito a não conseguirem melhor do que um nulo, na deslocação do Fátima a Porto de Mós, frente ao Portomosense. O Alcanenense foi derrotado, por 0-1, na visita ao Carregado, enquanto o Riachense perdeu em casa (1-2) com o Caldas.
Em função destes resultados, começam a complicar-se as posições na tabela classificativa, com as formações de Alcanena e Fátima a baixarem, respectivamente, ao 4.º e 5.º posto, precisamente os últimos que garantem o acesso à prova do próximo ano; dispõem agora de uma margem de segurança que se reduziu a apenas seis pontos sobre o Carregado, antepenúltimo classificado, portanto já em situação de risco. O Riachense, que somou o terceiro desaire sucessivo em outros tantos jogos, está agora já oito pontos abaixo desse tal 6.º classificado, última esperança de poder ainda “salvar-se” da despromoção e consequente regresso ao Distrital.
Neste fim-de-semana regressam os campeonatos distritais. Na I Divisão, dos quatro primeiros apenas o Torres Novas (actualmente 2.º classificado, a um ponto do líder) jogará fora de casa, numa difícil deslocação a Pontével (no que, curiosamente, constitui a quarta saída consecutiva dos torrejanos). O guia, At. Ouriense dispõe de amplo favoritismo na recepção ao U. Chamusca; o Coruchense recebe também a visita do Cartaxo, em desafio que, à partida, se antevê poder ser mais equilibrado. Por fim, o Fazendense recebe o U. Tomar, num curioso confronto entre 4.º e 5.º classificados – pese embora as distintas ambições dos dois conjuntos –, com os tomarenses a atravessar um ciclo de elevado grau de dificuldade, dado que receberão depois o At. Ouriense, imediatamente antes de nova deslocação, a Coruche.
Nas restantes partidas desta ronda 18, o Amiense, que recebe o Assentis, assim como o Benavente, visitado pela U. Abrantina, são também claramente favoritos. De desfecho mais imprevisível será o confronto entre Empregados do Comércio e Mação.
Na II Divisão Distrital disputa-se a penúltima jornada da primeira fase da prova, com o Pego, recebendo o Ferreira do Zêzere a poder confirmar a última vaga de apuramento para a fase final, de disputa do título (acompanhando U. Atalaiense e, precisamente, o clube ferreirense); mais a Sul, o U. Almeirim, deslocando-se a Rio Maior, necessitará imperiosamente de vencer, para evitar que fique desde já definido o lote de apurados (Barrosense – já matematicamente qualificado –, U. Santarém e Rio Maior, estes dois dispondo de confortável vantagem).
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 6 de Março de 2014)