Archive for 16 Março, 2014
U. Tomar – Centenário (XXIV)
(“O Templário”, 13.03.2014)
Depois do excelente desempenho na época de estreia na I Divisão, a temporada de 1969-70 revelar-se-ia bem mais difícil para as cores unionistas. Não obstante, a 8 de Março de 1970, o União de Tomar alcançaria uma das mais sensacionais proezas do seu historial, recebendo e vencendo categoricamente a equipa do F. C. Porto, pela magnífica marca de 3-0!
«E em que é que foi diferente o União de Tomar? Em tudo. Em abnegação, em velocidade, em organização, em autoconfiança.
De aí, nunca termos visto, no Estádio de Tomar, o União tão acarinhado e tão apoiado pelo seu público. De aí, também, havermos afirmado, no título desta crónica, que, a jogar sempre assim, os tomarenses não estariam no lugar que ocupam na classificação do Campeonato. De aí, ainda e finalmente, a conquista de uma vitória nítida, indiscutível e preciosa, sobre um adversário do prestígio do F. C. Porto.»(1)
Iniciando o jogo com uma deliberada toada ofensiva, a formação tomarense cedo criou duas soberanas ocasiões de golo, logo aos 3 e 8 minutos, por Tito e Alberto. Contudo, o primeiro golo apenas surgiria aos 32 minutos, numa oportuna recarga de Leitão, aproveitando a desconcentração do guardião, Vaz, numa altura em que já amplamente justificava a vantagem no marcador.
O F. C. Porto procuraria então reequilibrar a tendência do jogo, o que acabaria por facultar mais espaços, para rápidos contra-ataques, de que acabariam por surgir o segundo golo (aos 70 minutos, novamente por Leitão, e, outra vez, na sequência de recarga a uma bola inicialmente rematada por Tito, que Vaz, incapaz de deter, apenas pudera desviar) e o terceiro tento (aos 78 minutos, por Alberto, finalizando da melhor forma um lance iniciado numa abertura de Leitão, a que Tito dera continuidade, com um excelente cruzamento). E o União de Tomar poderia inclusivamente ter dilatado a vantagem, para números ainda mais fantásticos.
«Finalmente, o União fez a exibição e o resultado que o seu público aguardava, e que a categoria dos jogadores que possui há muito justificava. A equipa jogou, de facto, com inteira convicção, com força, com determinação – numa palavra: como equipa e não como 11 jogadores.»(2)
Pelo mesmo diapasão afinava também a crónica de outro jornalista local: «Os mesmos jogadores, fizeram neste jogo uma nova e excelente equipa, deixando entre os assistentes a melhor impressão. A equipa apresentada por Fernando Cabrita, encheu-se de brios e tomou o comando do jogo, impondo-se à equipa do Porto.»(3)
A concluir esta memorável jornada:
«Já o deixámos escrito: esta foi, de longe, a melhor exibição que vimos nesta época, aos tomarenses. E também já dissemos porquê: determinação, velocidade, poder de antecipação, capacidade de conjunto – tudo a revelar autoconfiança ou melhor, talvez, uma notável esperança em que a despromoção ainda pode ser evitada.»(4)
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O pulsar do campeonato – 18ª jornada
(“O Templário”, 13.03.2014)
Na retoma dos campeonatos distritais, na I Divisão o quarteto da frente desuniu-se, passando a trio. Para tal, contribuiu de forma determinante o empate alcançado pelo União de Tomar em Fazendas de Almeirim, principal nota de destaque desta ronda, com o grupo unionista, reagindo da melhor forma à contrariedade da eliminação na Taça do Ribatejo, a impor um nulo frente a um dos candidatos ao título, Fazendense, que assim se atrasa nessa disputa (mais adiante se verá se de forma determinante), agora já a seis pontos do líder, e a quatro pontos do 3.º lugar.
Os três primeiros, vitoriosos nesta jornada, mantêm portanto as distâncias relativas, continuando separados entre si por um único ponto. O líder, At. Ouriense, recebendo a visita do U. Chamusca, teve de aplicar-se para operar a reviravolta no marcador, depois de se ter visto em posição de desvantagem, acabando não obstante por golear, por 4-1, obtendo assim a quinta vitória consecutiva, oitava nas últimas nove jornadas.
Por seu lado, o Torres Novas, 2.º classificado, somente a um ponto – e depois de, na última partida do campeonato que disputou em casa, logo a abrir a segunda volta da prova, ter sido desfeiteado pelo União de Tomar (tendo sido ainda eliminado da Taça do Ribatejo, também no seu campo, perante o Fazendense) – completou uma excelente série de quatro triunfos em outras tantas partidas disputadas sucessivamente em terreno alheio, ganhando em Pontével por 1-0.
O Coruchense, parecendo querer voltar à senda do sucesso – depois de ter atravessado uma fase algo oscilante, registando, nos jogos das três rondas imediatamente anteriores, uma derrota, uma vitória e um empate –, recebeu desta vez o Cartaxo, ganhando por categórica margem de 3-0, continuando deste modo a perfilar-se como forte candidato à subida, somente um ponto abaixo dos torrejanos.
Como já indicado a abrir este comentário, o União de Tomar, prolongando a invencibilidade no campeonato no ano de 2014 (somou o oitavo desafio sem derrota, após o desaire sofrido na Chamusca, já a 15 de Dezembro do ano transacto), segurou um bastante positivo 5.º posto na pauta classificativa, a quatro pontos do opositor do passado fim-de-semana, apesar de ter o Amiense (vencedor frente ao Assentis, por 4-1) agora somente a um ponto. Paralelamente, tendo alcançado a fasquia dos 30 pontos, terão os tomarenses garantido já o objectivo prioritário desta tranquila temporada, o da manutenção, dado disporem – a oito jornadas do final da competição – de uma segura vantagem de 13 pontos sobre a zona perigosa da classificação.
Precisamente, na parte baixa da tabela, o Benavente, confirmando o favoritismo que lhe era conferido, vencendo face à U. Abrantina por 3-1, foi o principal beneficiado desta ronda, subindo ao 9.º lugar, apesar de estar ainda relativamente distante do Pontével (7.º, com mais cinco pontos) e do Mação (8.º, a três pontos). Por fim, os Empregados do Comércio, recebendo a visita do Mação, registaram uma igualdade a um golo.
As diferenças pontuais são contudo ainda muito ténues, com Benavente, U. Chamusca, Empregados do Comércio e Assentis, concentrados num intervalo de apenas dois pontos, sendo que, pelo menos um destes clubes, poderá vir a ver-se relegado no final da temporada para uma posição indesejada. Ao invés, o Cartaxo foi a equipa mais penalizada, tendo baixado à penúltima (13.ª) posição, dois pontos abaixo dos dois competidores que imediatamente o precedem na classificação. A U. Abrantina, com doze derrotas acumuladas nos últimos treze jogos, tem praticamente sentenciada a sua despromoção.
Entretanto, na II Divisão Distrital, com a vitória do Pego na recepção ao Ferreira do Zêzere, e a derrota sofrida pelo U. Almeirim em Rio Maior (0-3), estão já matematicamente apuradas – a uma jornada do final desta primeira fase – as seis equipas que disputarão o título de Campeão Distrital do escalão, assim como as três vagas de promoção à I Divisão Distrital: Atalaiense, Pego, Ferreira do Zêzere, Barrosense, Rio Maior e U. Santarém.
No Campeonato Nacional de Seniores, o Fátima ganhou ao Lourinhanense (2-0), com as outras duas equipas do Distrito a encontrarem-se em Alcanena, onde o Riachense causou surpresa, obtendo a sua primeira vitória nesta fase (à quarta jornada), ganhando por 2-1. Tal tem como reflexo a subida dos fatimenses ao 2.º lugar (mantendo uma margem de segurança de seis pontos sobre o antepenúltimo classificado, Carregado, também surpreendente vencedor em Torres Vedras); por seu lado, o Alcanenense, tendo somado o terceiro desaire em quatro jogos, começa a abeirar-se perigosamente da zona de maior risco, dado dispor agora de apenas três pontos de vantagem sobre a mencionada equipa do Carregado – em relação à qual o Riachense subsiste porém com um atraso de oito pontos.
Neste fim-de-semana, o União de Tomar prossegue a sua série de jogos de elevado grau de dificuldade, voltando a encontrar o guia, At. Ouriense, desta vez na cidade do Nabão. O Torres Novas, no regresso a casa, recebendo a visita do Benavente, estará à espreita de um eventual deslize da turma de Ourém, para poder reassumir a liderança. Por seu lado, o Coruchense necessitará confirmar a sua candidatura numa difícil saída, à Chamusca. Também o Fazendense joga uma cartada importante, na deslocação a Assentiz.
As tranquilas equipas do Mação e Pontével disputarão em confronto directo, entre si, a última posição da primeira metade da tabela, actualmente pertença da turma do sul do Distrito. Por fim, o Amiense reúne favoritismo na visita a Abrantes; enquanto o Cartaxo necessitará vencer os Empregados do Comércio para procurar escapar da posição aflitiva em que se encontra.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 13 de Março de 2014)