«A importância do consenso social»
14 Setembro, 2012 at 6:41 pm Deixe um comentário
Ao contrário do que muitos parecem acreditar, essa contestação, com uma amplitude social, profissional e política invulgar, não surge porque as medidas são impopulares ou porque implicam sacrifícios. Surge, isso sim, porque sendo impopulares e implicarem sacrifícios, não foram percebidas por quase ninguém.
Não estou a falar de um erro de comunicação, que existiu mas que poderia ser corrigido. Estou a falar de um divórcio entre as medidas, o seu contexto e a sua urgência, e a percepção que os portugueses têm, ou foram levados a ter, da crise que atravessamos.
Pensar que a reacção dos portugueses se deve ao facto de as medidas implicarem sacrifícios é um erro. Estou certo de que os portugueses esperam, e aceitam, sacrifícios, desde que os percebam e consigam contextualizar. E desde que conheçam as devidas contrapartidas por parte do Estado e percebam o esforço que o Estado está, por sua vez, a desenvolver.
Não perceber isto é, de certa forma, ignorar o comportamento de quem, mesmo discordando, se dispôs a dar o litro, e é, pior ainda, uma má desculpa para persistir num caminho, prescindindo de um consenso essencial para as duríssimas reformas que há a fazer.
Se fossem garantidos os resultados das medidas apresentadas pelo primeiro-ministro, e não são, o tempo sedimentaria a convicção de que estas, apesar de impopulares, se justificam. Mas havendo fundadas dúvidas quanto aos seus resultados, o risco que se corre, e é grave, é o de desbaratar o maior activo nacional em nome de uma medida que não prova por si mesma. […]
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