Archive for Outubro, 2011
Grécia anuncia referendo sobre acordo europeu
O Primeiro-Ministro da Grécia, Georges Papandreou, anunciou hoje a realização de um referendo às medidas decorrentes do Conselho Europeu e da “Cimeira do Euro” da passada semana (e inerentes condicionantes fiscais e de austeridade associadas), assim como a apresentação de uma moção de confiança ao Governo, a ser votada no Parlamento.
Com uma frágil maioria parlamentar (153 deputados, num total de 300), e com as sondagens a revelarem uma forte maioria de opiniões contrárias às decisões tomadas na referida “Cimeira”, não só a Grécia pode ver o seu Governo socialista cair, como – em caso de vitória do “Não” no referendo – podemos regredir à “estaca zero”, não sendo talvez grande especulação antever que o país poderá acabar por abandonar o Euro.
E, nesse cenário, a interrogação resulta imediata: Poderá o Euro resistir ainda? Ou terá os seus “dias contados”?
«Perdão da dívida “não é solução”»
“Uma reestruturação reduz muito as possibilidades de financiamento do Estado e do sistema bancário no futuro. A reestruturação significa um perdão da dívida, um incumprimento, o BCE [Banco Central Europeu] terá mais dificuldade em emprestar aos bancos no futuro, e é muito mais difícil os mercados voltarem a confiar quer no Estado quer nas instituições do país. Como vamos precisar de financiamento externo durante muitos anos, creio que é muito perigoso avançar por uma pseudo solução dessas”, disse o economista.
“Vamos ver o que acontece à Grécia. Julgo que vai ser um desastre.”
Para o economista, “só há uma solução” para a crise das dívida que afeta Portugal: alcançar um excedente na balança de pagamentos.
Ora, o melhor “instrumento” para o fazer seria a “desvalorização cambial”, que Portugal não pode utilizar por estar integrado na moeda única. Assim, Ferreira do Amaral defende que Portugal devia “sair do euro”.
“A moeda única deixou de ser um projecto político viável. Havia uma condição para se manter viável: que nenhum país entrasse em incumprimento. A Grécia mata o euro como projecto político para a Europa”, disse Ferreira do Amaral.
Empresa portuguesa apresenta dispositivo que evita úlceras em doentes acamados
A Tomorrow Options, ‘spin-off’ INESC TEC/FEUP, apresentou hoje, no Porto, um dispositivo microelectrónico que vai auxiliar as equipas de enfermagem a prevenir o aparecimento das úlceras de pressão em pacientes privados de movimentos.
O MovinSense, colocado no peito do paciente acamado e privado da capacidade de se movimentar sozinho, regista a posição do paciente e comunica via wireless com as equipas de enfermagem, alertando-as sempre que é necessário reposicionar um paciente.
O objectivo é prevenir o aparecimento de úlceras de pressão, um tipo de ferida facilmente evitável e que, por isso, é consensualmente considerado um erro clínico, mas cujo tratamento é dispendioso, custando em média cerca de quatro por cento do orçamento de saúde de um país desenvolvido.
(Sol)
«A reacção ao Presidente da República»
«Mas, mesmo achando que é fundamental cumprir o programa acordado, sabendo que ele significa sempre austeridade e empobrecimento para os portugueses, por que raio é que temos todos de aceitar de cruz que as propostas do governo são indiscutíveis e que são o único caminho? Por que o governo nos diz isso? Porque favorecem interesses que permanecem intocáveis e que usam a ideologia para garantir políticas a seu favor? Esta agora! Só falta dizer que são traidores à pátria.»
(José Pacheco Pereira, Abrupto)
Metro de Lisboa estuda fecho às 23h
O Metro de Lisboa está a estudar a possibilidade de encerrar a rede a partir das 23 horas. Algumas estações poderão passar a fechar às 21h.
O deputado Bruno Dias, do PCP, questionou hoje o ministro da Economia sobre o possível encerramento da rede de Metro de Lisboa depois das 23 horas.
De acordo com o deputado comunista, o estudo foi pedido pelo Governo à administração do Metro de Lisboa e contempla ainda o encerramento de algumas estações a partir das 21 horas, nomeadamente entre Odivelas e Campo Grande e Colégio Militar e Amadora.
O meu comentário sucinto: isto começa a raiar as fronteiras da insanidade… Encerrar estas estações a partir das 21h?!
Arquivo histórico da Royal Society
A Royal Society acaba de disponibilizar online, de forma gratuita, o seu arquivo histórico, compreendendo mais de 60 000 documentos de cariz científico.
Perdão de 50% da dívida da Grécia
A União Europeia, por via do Conselho Europeu e da “Cimeira da Zona Euro“, ontem reunidos em Bruxelas, decretou que os Bancos irão proceder, voluntariamente (!), ao perdão de 50% do valor nominal da dívida pública da Grécia que detêm em carteira (tendo associada a inevitável necessidade de recapitalização bancária, a realizar por via de… fundos públicos), uma medida com um impacto estimado em cerca de 100 mil milhões de euros.
Representando pouco mais de 1/4 do montante global da dívida pública grega, não consegui ainda perceber o que irá esta iniciativa – que, em minha opinião, me parece um péssimo sinal, o qual, de alguma forma, pode ser apercebido como um “incentivo” à desresponsabilização – resolver da crise da Grécia e, em termos mais latos, do euro.
Suscita-se-me uma singela questão: a partir do momento em que se reconhece, explicitamente, que um Estado-membro da União Europeia não é garantia de isenção de risco de crédito – e tendo em consideração que o país continuará a necessitar de refinanciar quase 300 mil milhões de euros da sua dívida -, quem, de forma racional, voltará a ter confiança para emprestar fundos à Grécia?
Ainda uma outra: tendo sido este (para já…) o desfecho da situação grega, quem pode garantir que o mesmo não virá a ser mimetizado (o famigerado risco de contágio) em relação a outros países, como, por exemplo – agora colocado na primeira linha de desconfiança -, Portugal?
E, por fim, uma interrogação de leigo: não seria mais profícua uma reestruturação que passasse, não por um perdão de dívida, mas sim por uma moratória no prazo, alargando-o para 20 ou 30 anos, com taxas de juro comportáveis?
«Fim de linha»
«Tudo na mesma. A mesma falta de vontade, a mesma incompetência, a mesma impotência.
No Jornal de Negócios: «Redução da despesa no próximo ano resulta de cortes nos gastos com pessoal, nas prestações sociais e no investimento.
As despesas com consumos intermédios e subsídios da Administração Central (ministérios e seus serviços, institutos públicos e Serviço Nacional de Saúde), as duas rubricas mais vezes associadas ao funcionamento do Estado, vão aumentar em 2012. Segundo o Relatório do OE, praticamente toda a poupança nos gastos da Administração Central é feita através de cortes que não tocam na “máquina”. A redução da factura salarial é de 15%, as transferências sociais caem 11% e as despesas de capital (que incluem investimento e transferências para autarquias, regiões e empresas) “mingam” em 15%. Já o consumo intermédio sobe 1% e os subsídios à actividade económica “saltam” 15% face ao anterior.»»
(Gabriel Silva, no Blasfémias)