Crítica literária
7 Novembro, 2007 at 8:46 am Deixe um comentário
Num país de 10 milhões de treinadores de bancada, campeões do achismo, evoluímos agora, na senda de uma trajectória darwinista, assumindo novas funções como críticos literários.
Fosse eu escritor – em particular, partilhando esse mais ou menos novel estatuto com o de figura mediática – confesso que seria porventura capaz de me sentir algo intimidado com as facas aguçadas dessa mole de novos especialistas, prontas a escrutinar (talvez a palavra mais apropriada fosse dissecar) a qualidade dos textos destes novos escribas… que – pasme-se – chegam inclusivamente ao extremo de elaborar (falo da nova classe de críticos) sobre obras que declaram não ter lido, nem ter intenção de ler (exclamação!).
Vem este arrazoado a propósito – inevitavelmente – das recentes publicações da autoria de José Rodrigues dos Santos e Miguel Sousa Tavares.
Para termos uma ideia do ponto a que chegámos, do actual estado da arte, haverá memória de um autor escrever – preto no branco, sem papas na língua – no próprio livro que acaba de lançar: “Aos leitores garanto a seriedade do relato histórico, aos caçadores de erros a inutilidade final do seu esforço”?
Por mim, aqui manifesto igualmente o atrevimento de me vir arrogar o direito a integrar também esse regimento de novos críticos.
Porque se trata de obras que me despertam interesse; que, necessariamente, terão méritos, virtudes e defeitos; cujo mediatismo autoral e natureza comercial (e respectivas campanhas de marketing associadas, que fatalmente delas farão autênticos best-sellers) não lhes conferirá, à partida, nem um selo de garantia de qualidade, nem um carimbo prévio de reprovação.
Porque as li.
A seguir (ainda hoje), começando por “O Sétimo Selo”.
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