UMBERTO ECO – O PÊNDULO DE FOUCAULT (I)
Quem foram os Templários?
“Primeiro você apresentou-os como sargentos de um filme de John Ford, depois como uns porcalhões, a seguir como cavaleiros de uma iluminura, depois ainda como banqueiros de Deus que faziam os seus negócios sujíssimos, depois também como um exército em debandada, mais tarde como adeptos de uma seita luciferiana, e finalmente como mártires do livre pensamento. Quem eram eles?.”
A história dos Templários é uma verdadeira epopeia!… Deixemos Umberto Eco contá-la, numa fabulosa narrativa, a partir de excertos de “O Pêndulo de Foucault”, a revisitar ao longo das próximas duas semanas.
“Por razões quase casuais inscrevi-me num seminário de história medieval e escolhi uma tese sobre o processo dos Templários. A história dos Templários tinha-me fascinado desde que pusera os olhos nos primeiros documentos.
Naquela época em que se lutava contra o poder, indignava-me generosamente a história do processo, que só por indulgência se pode definir como indiciário, com que os Templários foram mandados para a fogueira.
Mas descobrira bem cedo que, desde que haviam sido mandados para a fogueira, uma multidão de caçadores de mistérios tinha vindo a procurar encontrá-los em toda a parte, e sem nunca apresentarem uma prova. Este desperdício visionário irritava a minha incredulidade, e decidi não perder tempo com os caçadores de mistérios, atendo-me só a fontes da época.
Os Templários eram uma ordem monástico-cavaleiresca, que existia na medida em que era reconhecida pela Igreja. Se a Igreja tinha dissolvido a Ordem, e fizera-o há sete séculos, os Templários já não podiam existir, e se existiam não eram Templários. Assim tinha feito uma lista de pelo menos cem livros, mas no fim acabei por não ler mais de uns trinta.”
P. S. Novos agradecimentos, ao Rodrigo Moita de Deus (Segundo Sentido), ao Bar da ACR Santa Cita e também ao Luís Novaes Tito (Tugir).
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