Archive for 24 Abril, 2004

HÁ 30 ANOS, A ESTA HORA (I)

Às 22h55 de 24 de Abril de 1974, através dos “Emissores Associados de Lisboa”, João Paulo Diniz coloca no ar, a partir dos estúdios do Rádio Clube Português, a canção “E Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho – que vencera a edição de 1974 do Festival RTP da Canção, realizado poucas semanas antes -, a “senha” de início da Revolução:

.Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74, .E Depois do Adeus

O processo é colocado em marcha!

(Pode ouvir a música aqui!):

“Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei…

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós”

[1225]

24 Abril, 2004 at 10:55 pm

UMBERTO ECO – O PÊNDULO DE FOUCAULT (VI)

Em 1291 São João de Acre é conquistada pelos mouros, todos os habitantes são imolados. O reino cristão de Jerusalém acaba. Os Templários estão mais ricos, mais numerosos e mais poderosos que nunca mas, nascidos para combater na Terra Santa, na Terra Santa já não existem.

Continue Reading 24 Abril, 2004 at 1:42 pm

“HOJE”, HÁ 30 ANOS

“Hoje”, há 30 anos, muitos livros, muitos filmes, muitas músicas, eram proibidos.

No dia 24 de Abril de 1974, o que foi publicado nos jornais foi visado por uma comissão de censura prévia.

“Hoje”, há 30 anos, a maior parte da população portuguesa não dispunha de uma casa de banho, nem de frigorífico, nem de televisão.

No dia 24 de Abril de 1974, a “Coca-Cola” era proibida em Portugal.

“Hoje”, há 30 anos, existia uma polícia política que torturava os presos nas cadeias.

No dia 24 de Abril de 1974, cerca de metade das casas em Portugal não dispunham de água canalizada.

“Hoje”, há 30 anos, Portugal vivia sob um regime ditatorial, em que a liberdade de expressão era reprimida.

No dia 24 de Abril de 1974, milhares de jovens portugueses combatiam em guerras perdidas e sem sentido, em Angola, na Guiné e em Moçambique, nas quais mais de 8 000 perderam a vida, para além de mais de 15 000 que sofreram deficiências permanentes.

“Hoje”, há 30 anos, os partidos políticos não eram permitidos em Portugal.

No dia 24 de Abril de 1974, Portugal não fazia parte dos 25 países mais ricos do mundo.

“Hoje”, há 30 anos, cerca de 1/3 dos portugueses não sabiam ler nem escrever; as mulheres não tinham (nem sequer “no papel”) os mesmos direitos que os homens.

No dia 24 de Abril de 1974, a maior parte dos portugueses não dispunha de assistência médica, nem de cuidados de saúde essenciais.

“Hoje”, há 30 anos, os portugueses não poderiam ousar imaginar que Portugal viria a ser um dos países desenvolvidos com maior crescimento em todo o Mundo.

No dia 24 de Abril de 1974, os portugueses não sabiam ainda que, no dia seguinte, não iriam cumprir as “instruções” do “Posto de Comando das Forças Armadas”, que lhes recomendavam que não deveriam sair à rua.

“Hoje”, há 30 anos, um jovem capitão preparava-se para entrar em Lisboa e concretizar uma Revolução que, ordeiramente, parava perante os semáforos vermelhos.

P. S. Ler também outra visão do 25 de Abril “do outro lado” (em África), num texto de Elizabeth Ceita Vera Cruz: “O dia em que as comportas se abriram“.

P. S. 2 – A partir de hoje à noite, e amanhã, durante todo o dia, convido-o a relembrar uma pequena cronologia dos acontecimentos: “Há 30 anos, a esta hora”.

[1223]

24 Abril, 2004 at 8:10 am

25 DE ABRIL – "PROCLAMAÇÃO DO MFA"

Cerca das 20 horas, surgia a proclamação do “Movimento das Forças Armadas”:

“Considerando que, ao fim de treze anos de luta em terras do Ultramar, o sistema político vigente não conseguiu definir, concreta e objectivamente, uma política ultramarina que conduza à paz entre os Portugueses de todas as raças e credos;

Considerando o crescente clima de total afastamento dos Portugueses em relação às responsabilidades políticas que lhes cabem como cidadãos, em crescente desenvolvimento de uma tutela de que resulta constante apelo a deveres com paralela denegação de direitos;

Considerando a necessidade de sanear as instituições, eliminando do nosso sistema de vida todas as ilegitimidades que o abuso do poder tem vindo a legalizar;

Considerando finalmente que o dever das Forças Armadas é a defesa do País, como tal se entendendo também a liberdade cívica dos seus cidadãos;

O Movimento das Forças Armadas, que acaba de cumprir com êxito a mais importante das missões cívicas dos últimos anos da nossa História, proclama à Nação a sua intenção de levar a cabo, até à sua completa realização, um programa de salvação do País e de restituição ao Povo Português das liberdades cívicas de que sendo privado.

Para o efeito, entrega o Governo a uma Junta de Salvação Nacional a quem exige o compromisso, de acordo com as linhas gerais do Programa do Movimento das Forças Armadas que, através dos órgãos informativos, será dado a conhecer à Nação, de no mais curto prazo consentido pela necessidade de adequação das nossas estruturas, promover eleições gerais de Assembleia Nacional Constituinte, cujos poderes, por sua representatividade e liberdade na eleição, permitam ao País escolher livremente a sua forma de vida social e política.

Certos de que a Nação está connosco e que, atentos os fins que nos presidem, aceitará de bom grado o governo militar que terá de vigorar nesta fase de transição, o Movimento das Forças Armadas apela para a calma e civismo de todos os Portugueses e espera do País adesão aos poderes instituídos em seu benefício.

Saberemos deste modo honrar o passado no respeito pelos compromissos assumidos perante o País e por este perante terceiros.

E ficamos na plena consciência de haver cumprido o dever sagrado da restituição à Nação dos seus legítimos e legais poderes.”

P. S. Ao longo dos últimos 10 dias, aqui foram sendo apresentadas algumas “memórias do 25 de Abril”, através dos comunicados do MFA e de primeiras páginas de jornais da época. Tal teve por objectivo a divulgação de documentação centralizada em arquivo na excelente página do Instituto Camões (fazendo-a, de alguma forma, “reviver”), onde poderão ser também encontrados muitos outros documentos de carácter histórico, cuja consulta recomendo vivamente.

[1222]

24 Abril, 2004 at 12:02 am


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