U. Tomar – Centenário (XXVIII)
13 Abril, 2014 at 12:00 pm Deixe um comentário
(“O Templário”, 10.04.2014)
À entrada para a última jornada da época de 1972-73, o União de Tomar tinha já matematicamente sentenciada a sua (segunda) despromoção à II Divisão. Restava-lhe apenas procurar encerrar, de forma honrosa, esta equívoca temporada, recebendo a equipa do Beira-Mar. Mais de seis meses decorridos após o último triunfo para o campeonato, o União conseguiria enfim, a 10 de Junho de 1973, saborear nova vitória… E que vitória!
Agora já liberto de preocupações pontuais, consumada que estava a descida – «fazendo alarde de todos os seus recursos»(1) –, viria a obter uma impressionante goleada, a maior da sua história na I Divisão, vencendo por 8-1, com golos de Raul Águas (a fazer um “hat-trick”), Pavão e Fernando (ambos a bisarem) e Bolota – tendo sido seis dos tentos unionistas obtidos já no segundo tempo.
«De princípio ainda o sistema funcionou bem, com o Beira Mar a atacar e a carregar sobre a baliza de Nascimento. Mas esse funcionar bem não resistiu mais do que uns escassos minutos. Porque logo o União descia em rápido contra-ataque e obtinha o seu primeiro golo, facilitado, aliás, pela defesa adversária e mesmo pelos homens do meio do campo, que não procuravam marcar os avançados de Tomar. […]
Aos 21 minutos veio o segundo golo – que, enfim, bem poderia ter chegado um bocado mais cedo. E a partir daí, sim, as coisas complicaram-se decisivamente para os de Aveiro, que nunca mais conseguiram atinar com o futebol que já se lhes tem visto jogar. […]
Depois do intervalo as coisas precipitaram-se com o terceiro golo dos tomarenses, obtido logo no minuto terceiro, aqui também com responsabilidades para a defesa de Aveiro. E foi o estado de sítio que mais e mais se acentuava à medida que o jogo caminhava para o fim.
Ali já ninguém mais pensava em virar o resultado. Ou melhor: terão pensado nisso quando Alemão fez 1-3. Mas foi sol de pouca dura porque ao 3-1 sucedeu o 4-1 e depois o 5-1 e o 6-1… até ao 8-1. Enfim, não apareceu nem o 9.º nem o 10.º golo porque o jogo tinha só 90 minutos. Porque se metesse prolongamento por certo que a contagem não ficaria por ali…
De tudo isto, de todo este rosário de golos (houve-os para todos os gostos) uma coisa (inesperadamente) ressaltou: a capacidade da equipa de Tomar.
É evidente que exibições como a de agora e como a da Luz vai para algumas semanas não podem acontecer sempre durante um campeonato. Mas mesmo encarando-a pelo prisma da excepção, mesmo tomando em linha de conta que foi também excepcionalmente negativa a exibição da equipa de Aveiro, sem qualquer espécie de dúvidas capaz de produzir mais e melhor, ainda assim há que valorizar devidamente o triunfo dos homens do Nabão, aplaudir sem regateio este último brilharete na I Divisão e enfim, admitir que se não fossem certas circunstâncias que em determinados momentos bastante pesaram no rendimento da equipa havia ali madeira não já (é evidente) para garantir os tais lugares do topo que o meirinesco Medeiros reivindicava mas pelo menos para tornar possível a presença entre os grandes.»(2)
Era tarde demais para voltar atrás no tempo e corrigir algumas situações. Infelizmente, os “peixes do Nabão não se tinham querido curvar”… Mas, por vezes, “há males que vêm por bem”…
____________
Entry filed under: Tomar.
Trackback this post | Subscribe to the comments via RSS Feed