Archive for 27 Abril, 2014
Vasco Graça Moura (1942-2014)
Partiu hoje o poeta, o tradutor, o ensaísta, o cronista, um dos idealizadores (com Mega Ferreira) da “EXPO 98”, o político – que, há cinco anos, tive oportunidade de conhecer pessoalmente -, o intelectual que, lutando pelas suas convicções, defendeu, até ao fim, a língua portuguesa. A minha admiração por isso.
U. Tomar – Centenário (XXX)
(“O Templário”, 24.04.2014)
Prosseguimos hoje com a recuperação de mais algumas memórias da brilhante conquista do título de Campeão Nacional da II Divisão, da época de 1973-74, na empolgante Final disputada em Coimbra, a 23 de Junho, com o triunfo do União de Tomar sobre o Sporting de Espinho, por 4-3.
«Com grande entusiasmo e da melhor maneira para os tomarenses, principiou esta final, pois na jogada inaugural, conseguiram adiantar-se no marcador, por intermédio de Bolota, depois dum centro primoroso de Pavão. Os espinhenses sem acusarem o infortúnio, organizaram o seu jogo e volvidos apenas 7 minutos, conseguiram igualar a partida, dando-se assim novamente, com as equipas à procura do vencedor desta final.
Adoptaram as duas turmas sistemas diferentes: o Sporting de Espinho tentando, com passes curtos e envolventes, enlear a defesa tomarense, o União de Tomar, com passes longos para os extremos a aproveitar a velocidade destes, preferindo o contra ataque rápido. Deu mais resultado o sistema adoptado pelos tomarenses, pois conseguiram ainda durante os primeiros 45 minutos, a obtenção de mais dois golos. O segundo, na transformação de uma grande penalidade, por João Carlos e o terceiro novamente por Bolota.
Com o resultado em 3-1, favorável aos tomarenses, estes abrandaram o andamento, aproveitaram os espinhenses, ao ponto de, por duas vezes, estarem à beira de marcar. […]
Os espinhenses lançaram-se ao ataque na ânsia de reduzirem a diferença e, deste momento de inspiração espinhense beneficiou a turma tomarense, pois apenas com três minutos decorridos, aumentou a sua vantagem para 4-1. Mais um golo da autoria de Bolota, em tarde bastante inspirada. Com uma diferença de três golos a seu favor, os tomarenses procuraram então a retenção de bola tentando não se deixar surpreender pela organização espinhense. Telé, aos 83 minutos, reduz a diferença, conseguindo ainda este jogador, aos 86 minutos, marcar mais um golo, dando assim, à partida, até final, um verdadeiro clima de emoção e de grande expectativa.
Findo o encontro, foram os vencedores vibrantemente aclamados pela sua falange de apoio que durante o encontro não deixou de os incitar a aplaudir.»(1)
«Com razoável assistência, em que dominava o entusiasmo das falanges de apoio, defrontaram-se duas turmas com futebol de diferente concepção. O União de Tomar, mais maduro, apoiado e objectivo; o Espinho, mais rápido e com base no valor individual das suas unidades, menos prático, por isso, a exigir uma capacidade física que não é possível encontrar ao cabo de tão longo campeonato. […]
A velocidade dos primeiros 45 minutos havia-se perdido, entretanto. Tomar, descansado com a vantagem obtida, limitou-se a segurar as surtidas do adversário, congelando o esférico. […]
Apesar de uma ou duas incursões à área nabantina, não se alterou, porém, o resultado. O União de Tomar acabou por se sagrar campeão. Nele se distinguiram João Carlos, Pavão, Raul Águas, Bolota e Camolas e, no Espinho, Simplício, Meireles, Ferreira da Costa, Augusto, Telé e Malagueta.»(2)
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O pulsar do campeonato – 23ª jornada
(“O Templário”, 24.04.2014)
O principal destaque da 23.ª jornada do Campeonato Distrital da I Divisão, disputada na passada Sexta-feira Santa, vai para o claro triunfo do União de Tomar sobre o U. Chamusca, por 3-0, que lhe possibilitou garantir matematicamente, desde já – e ainda com três rondas por disputar –, o objectivo crucial para a época, o da manutenção no principal escalão, culminando uma temporada absolutamente tranquila, sem as aflições e o sofrimento dos dois anos anteriores.
De facto, desde a jornada do fim-de-semana anterior do Campeonato Nacional de Seniores, ficou também matematicamente garantido que – e isto no pior dos cenários –, poderão ser despromovidas ao Distrital de Santarém, no máximo, apenas duas equipas do Distrito (dado que Alcanenense e Fátima não poderão ser já alcançados pelo “lanterna vermelha” da respectiva série dessa competição, o Portomosense). O que, consequentemente, significa que, no limite, poderiam ter de vir a ser despromovidos quatro clubes da I à II Divisão Distrital (isto apenas no tal pior cenário, altamente improvável, de descerem do Nacional duas equipas do Distrito – nesta altura Alcanenense e Fátima têm a manutenção praticamente garantida, necessitando de somar apenas dois pontos, quando faltam disputar ainda quatro jornadas; e até o próprio Riachense, com uma sensacional recuperação, tem ainda em aberto todas as possibilidades de poder evitar tal descida, caso em que seriam apenas duas as equipas a despromover no Distrital).
Resumindo, e voltando ao início, o União de Tomar, somando 34 pontos em 23 jornadas, dispõe agora de uma vantagem de 11 pontos sobre o 11.º classificado (precisamente o seu adversário nesta jornada, U. Chamusca), pelo que não poderá já baixar do 10.º posto na classificação final (poderá aliás, no pior dos casos, vir a necessitar de um único ponto para garantir uma posição nos nove primeiros).
Por outro lado – colocada que foi de parte a possibilidade de poder vir a chegar ainda à 5.ª posição –, esta ronda foi bastante positiva para os unionistas, também pela conjugação de resultados de outras partidas, com os desaires caseiros de Pontével (0-1, perante o líder, At. Ouriense, que somou a 10.ª vitória consecutiva!) e Mação (0-2, ante o Amiense), que lhe possibilitam maior margem de segurança em ordem à preservação do 6.º lugar, dado que dispõem agora de uma vantagem de seis pontos face a estes dois concorrentes, com os Empregados do Comércio a sete pontos.
Na frente da tabela, para além do triunfo do At. Ouriense, realce para a vitória do Coruchense em Torres Novas (2-1), que permite à turma do Sorraia manter a distância de quatro pontos, subsistindo assim ainda alguma esperança em eventuais deslizes do guia (com a já referida difícil saída até Amiais de Baixo, e a recepção, na derradeira ronda, ao Fazendense).
A formação de Fazendas de Almeirim aproveitou aliás o desaire dos torrejanos para, vencendo em Benavente (3-2), trocar de posição, ascendendo ao 3.º lugar, embora sem poder acalentar maiores aspirações, focando provavelmente as suas atenções na Final da Taça do Ribatejo, a disputar no próximo dia 1 de Maio, no Entroncamento, curiosamente, contra o… At. Ouriense.
Um resultado que deixa a turma de Benavente em situação ainda mais delicada na pauta classificativa, no antepenúltimo lugar (não obstante a apenas um ponto do U. Chamusca, e a três do Cartaxo), uma posição indesejável, que – de forma análoga ao que sucedeu com o União de Tomar na época passada – poderá significar ter de ficar dependente da manutenção das três equipas do Distrito no Campeonato Nacional de Seniores para alcançar a permanência na I Divisão Distrital.
Por seu lado, Assentis e U. Abrantina – ambos goleados em casa, respectivamente por 0-3 ante o Cartaxo, e 1-5 frente aos Empregados do Comércio, em partida que tinha sido antecipada – afundam-se cada vez mais na cauda da classificação, começando a desenhar-se como cenário de mais forte probabilidade o de o grupo de Assentiz (com um atraso já de cinco pontos em relação ao Benavente) acompanhar o da U. Abrantina na descida à II Divisão Distrital.
Nesse escalão, com os empates entre Rio Maior e U. Santarém (2-2) e Atalaiense e Ferreira do Zêzere (1-1) e o triunfo do Pego ante o Barrosense (3-0), tudo ficou – concluída que está a primeira volta (cinco jornadas) desta fase de apuramento de Campeão –, mais “embrulhado”, sem prejuízo de o Rio Maior se ter isolado na liderança, mas com um único ponto de vantagem sobre o Barrosense, dois em relação ao U. Santarém, quatro sobre o Pego, cinco face ao Atalaiense, com o Ferreira do Zêzere, na última posição, com um atraso de seis pontos.
Voltando ao Campeonato Nacional de Seniores, depois de três rondas em que as equipas do Distrito tinham registado empates em todos os jogos disputados, conseguiram desta feita a proeza de saírem as três vitoriosas, com destaque para o sensacional triunfo do Riachense nas Caldas (anterior líder), por 1-0, tendo o Alcanenense (vencendo o Carregado por 2-1) e o Fátima (ganhando ao Portomosense por 2-0) dado também uma ajuda à turma de Riachos, que, pela primeira vez, sobe acima dos lugares de despromoção automática, ascendendo ao antepenúltimo lugar, posição que, a manter-se, se traduzirá na disputa de um “play-off” de manutenção.
Na próxima jornada do Distrital, antepenúltima do calendário da prova, os dois primeiros parecem ter compromissos “acessíveis”, recebendo, respectivamente, o Benavente (At. Ouriense) e o Pontével (Coruchense); mas haverá outros embates de interesse, como o Fazendense-Amiense, União de Tomar-Mação (no qual estará em disputa directa o 6.º lugar), e o U. Chamusca-Assentis, que poderá vir a ser determinante na definição do destino de ambos.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 24 de Abril de 2014)