Archive for Dezembro, 2012
«Os erros do Acordo»
Várias vezes defendi que o Acordo Ortográfico (que entrou em vigor por decisão apressada do governo português – de Janeiro de 2011) necessitava de ser aperfeiçoado, o que me valeu ataques boçais ou patetas. Dessa revisão não viria mal ao mundo; pelo contrário, é imperiosa. Aprovado em 1990, houve tempo para discuti-lo ou para acabar com ele. Nem uma coisa nem outra. Os jornais publicaram entretanto notícias sobre o adiamento da sua obrigatoriedade no Brasil para 2015. Nada mais normal: lá, os órgãos do Estado só iriam aplicá-lo a partir de 2013 (a imprensa já o faz, em geral) e em Portugal só seria definitivo a partir de 2015, o que coincide com a conclusão do Vocabulário Ortográfico dos países de Língua Portuguesa. Ou seja: podemos livrar-nos dos erros do Acordo.
«É a ortografia, pá»
O que se torna verdadeiramente intolerável é sentir agora, como o sente a generalidade dos portugueses que têm consciência dos efeitos da situação, que vivemos em relação a tudo isto numa espécie de país paralelo, no qual o assunto não se põe, nunca se pôs e, na aparência, jamais se porá. É que perante esta decisão de Dilma Rousseff, o ruído mediático que todo este assunto tem levantado, o bruá dos protestos e dos abaixo-assinados, as decisões administrativas que apontam para o pró e para o contra, a indecisão de muitos pais e educadores sobre que regras aplicar na educação das crianças, o desinteresse pelo modo como as opções que forem feitas, ou não o forem, serve ou não para aproximar os e as que falam a língua única e mesma que é a nossa, perante tudo isto, a posição do governo em exercício é nenhuma. Um silêncio total, sem língua que lhe valha. Deixando-nos assim com a voz e a escrita em posição de pausa, como se o falar e o escrever e o ler não fossem tão importantes, ou mesmo mais importantes, e são-no para muitos de nós, do que o ato de contar, somar e subtrair.
O pulsar do campeonato – Taça do Ribatejo

(“O Templário”, 06.12.2012)
Devo iniciar este texto começando por apresentar o meu pedido de desculpas relativamente a lapso involuntariamente cometido no comentário publicado na passada semana – não obstante a ele ser alheio – uma vez que o mesmo foi escrito tendo em consideração o resultado que havia sido afixado no site da Associação de Futebol de Santarém, relativamente ao jogo Glória do Ribatejo – Pontével, indicando o triunfo da equipa da casa por 2-1; efectivamente, o desfecho da partida foi o inverso, com vitória da equipa de Pontével.
Desta forma, e, em consequência, diversamente do que fora indicado, o Pontével passou a somar 15 pontos, repartindo portanto o 7.º lugar com a U. Abrantina; cavando-se assim um fosso para o quarteto da retaguarda, no qual, por outro lado, se integra o Glória do Ribatejo, que, mantendo-se nos 10 pontos, ocupa a 9.ª posição, apenas um ponto acima do par formado por Coruchense e União de Tomar, e com dois pontos de vantagem sobre o Moçarriense.
Reposta que está a verdade dos factos, entretanto, esta semana, com os campeonatos em pausa, abriram-se as portas à 2.ª ronda da fase de grupos da Taça Ribatejo, com um conjunto de interessantes partidas, potenciando o avivar de rivalidades locais, entre equipas vizinhas, nalguns casos pertencentes a escalões diferentes, que apenas nesta prova têm a oportunidade de, a nível oficial, competir de forma directa.
E, embora não estejamos ainda numa fase a eliminar, houve a tradicional “festa da Taça”… Em particular, em dois campos, com as vitórias de equipas da Divisão Secundária sobre oponentes a militar na Divisão Principal: foram os casos dos triunfos do Alferrarede sobre a U. Abrantina (1-0) e do Assentiz frente ao União de Tomar (2-0), assim contribuindo para o agudizar da situação de crise que as turmas de Abrantes e de Tomar vêm atravessando. De realçar também, ao invés, a volumosa goleada (9-0) imposta pelo Riachense, na partida com o Goleganense.
Serão apurados para a fase seguinte da prova os 9 vencedores de série, e os 7 melhores 2.º classificados, com base na aplicação de média ponderada dos pontos obtidos. Faltando disputar apenas a terceira e última jornada desta fase de grupos, garantiram já o apuramento para os 1/8 Final as equipas do Mação, Alferrarede, Amiense e Coruchense.
Na próxima semana, no regresso do campeonato da Divisão Principal, destacam-se os confrontos Amiense – At. Ouriense, de maior responsabilidade para a formação de Amiais de Baixo, visando procurar manter o contacto com o grupo da frente; assim como as visitas dos líderes Mação e Riachense, respectivamente a Coruche e a Pontével.
Partidas de interesse serão também o Fazendense – Glória do Ribatejo e o U. Abrantina – Benavente, numa fase da competição que começa a ser crítica na definição dos dois grupos em que as equipas virão a separar-se para a segunda fase, para a qual o desfecho destes encontros poderá ser de grande relevância.
Por fim, e após três desafios de muito elevado grau de dificuldade (e do algo inesperado desaire no encontro da Taça do Ribatejo), o União de Tomar – a necessitar imperiosamente de reagir –, recebendo o Moçarriense, em teste de grande responsabilidade, tem, por outro lado, ensejo para novo “recomeço”, iniciando uma série de jogos, agora frente a equipas do “seu campeonato”, que terá de aproveitar para procurar ascender na classificação.
Até porque, no que poderá representar um renascer da esperança – e uma oportunidade que não deverá ser desperdiçada –, poderão surgir outras boas notícias em breve: a Associação de Futebol de Santarém irá submeter a Assembleia Geral uma proposta de reestruturação dos quadros competitivos a nível distrital – a qual decorre também, de alguma forma, da reorganização das provas a nível nacional, com a extinção do Campeonato da III Divisão (e, também, da II Divisão), passando a haver uma única competição de seniores de âmbito nacional, no seio da Federação Portuguesa de Futebol –, prevendo-se o alargamento da Divisão Principal (que, em paralelo, passará novamente a ser designada por I Divisão Distrital) para 14 equipas, com esta prova a ser disputada numa fase única, em sistema de todos contra todos (26 jornadas).
Esta proposta de reestruturação tem em consideração que, da referida remodelação dos campeonatos nacionais, poderá resultar a despromoção ao Distrital das equipas representantes da Associação que militam actualmente na III Divisão (Alcanenense, Torres Novas e Cartaxo).
Assim, caso venha a ser aprovada tal proposta, e confirmando-se o regresso ao Distrital das três agremiações indicadas, deverão passar a ser, no máximo, apenas três as equipas a despromover à II Divisão Distrital, no final da presente época.
Desta forma, neste cenário, a I Divisão Distrital da próxima temporada seria formada pelos três clubes (potencialmente) despromovidos da III Divisão, antes mencionados, pelos três promovidos da Divisão Secundária, e pelas oito equipas classificadas entre o 2.º e o 9.º lugar no campeonato em curso, assim se abrindo novas perspectivas às formações que ocupam actualmente os lugares da cauda da tabela.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 6 de Dezembro de 2012)
Liga Europa – 6ª Jornada – Resultados e Classificações
Garantiram o apuramento para os 1/16 Final da prova as equipas do Liverpool, Anzhi Makhachkala, Viktoria Plzen, At. Madrid, Fenerbahce, Borussia Monchengladbach, Bordeaux, Newcastle, Steaua, Stuttgart, Dnipro, Napoli, Genk, Basel, Rubin Kazan, Inter, Lyon, Sparta Praha, Lazio, Tottenham, Metalist Kharkiv, Bayer Leverkusen, Hannover e Levante.
A estas equipas juntam-se as 8 que transitam da Liga dos Campeões, 3º classificados nos respectivos Grupos: D. Kyiv, Olympiakos, Zenit, Ajax, Chelsea, BATE Borisov, Benfica e CFR Cluj.
Na próxima eliminatória (1/16 Final) destacam-se os contingentes de: Inglaterra (Liverpool, Newcastle, Tottenham e Chelsea); Alemanha (Borussia Monchengladbach, Stuttgart, Bayer Leverkusen e Hannover); Itália (Napoli, Inter e Lazio); Rússia (Anzhi, Rubin Kazan e Zenit); Ucrânia (Dnipro, Metalist Kharkiv e D. Kyiv); Espanha (At. Madrid e Levante); França (Bordeaux e Lyon); R. Checa (Viktoria Plzen e Sparta Praha); e Roménia (Steaua e CFR Cluj).
Em relação às equipas portuguesas, o balanço global não pode deixar de ser decepcionante, dado terem sido todas eliminadas – destaca-se, pela negativa, o desempenho do Sporting, remetido para a última posição de um grupo… que até era fácil; o Marítimo, com um grupo de maior dificuldade, acabaria por fixar-se no 3º lugar, tal como a Académica (no seu regresso às provas europeias, 41 anos depois da última participação), “cumprindo os mínimos”, tendo obtido um honroso triunfo sobre o At. Madrid, e empatando os outros dois jogos em Coimbra. Desta forma, apenas o Benfica – transitando da Liga dos Campeões – representará Portugal nos 1/16 Final da prova.
Destaque ainda para as eliminações da Udinese, Marseille, Brugge, PSV e Twente, Athletic Bilbao e Panathinaikos.
Grupo B
Viktoria Plzen – At. Madrid – 1-0
Happoel Tel-Aviv – Académica – 2-0
1º Viktoria Plzen, 13; 2º At. Madrid, 12; 3º Académica, 5; 4º Happoel Tel-Aviv, 4
Grupo D
Bordeaux – Newcastle – 2-0
Marítimo – Brugge – 2-1
1º Bordeaux, 13; 2º Newcastle, 9; 3º Marítimo, 6; 4º Brugge, 4
Grupo G
Sporting – Videoton – 2-1 (07.12.2012)
Genk – Basel – 0-0
1º Genk, 12; 2º Basel, 9; 3º Videoton, 6; 4º Sporting, 5
Liga dos Campeões – 6ª Jornada – Resultados e Classificações
Grupo A
Paris St.-Germain – FC Porto – 2-1
D. Zagreb – D. Kyiv – 1-1
1º Paris St.-Germain, 15; 2º FC Porto, 13; 3º D. Kyiv, 5; 4º D. Zagreb, 1
Grupo B
Olympiakos – Arsenal – 2-1
Montpellier – Schalke – 1-1
1º Schalke, 12; 2º Arsenal, 10; 3º Olympiakos, 9; 4º Montpellier, 2
Grupo C
AC Milan – Zenit – 0-1
Málaga – Anderlecht – 2-2
1º Málaga,12; 2º AC Milan, 8; 3º Zenit, 7; 4º Anderlecht, 5
Grupo D
Real Madrid – Ajax – 4-1
B. Dortmund – Manchester City – 1-0
1º B. Dortmund, 14; 2º Real Madrid, 11; 3º Ajax, 4; 4º Manchester City, 3
Grupo E
Chelsea – Nordsjælland – 6-1
Shakhtar Donetsk – Juventus – 0-1
1º Juventus, 12; 2º Shakhtar Donetsk, 10; 3º Chelsea, 10; 4º Nordsjælland, 1
Grupo F
Bayern – BATE Borisov – 4-1
Lille – Valencia – 0-1
1º Bayern, 13; 2º Valencia, 13; 3º BATE Borisov, 6; 4º Lille, 3
Grupo G
Celtic – Spartak Moskva – 2-1
Barcelona – Benfica – 0-0
1º Barcelona, 13; 2º Celtic, 10; 3º Benfica, 8; 4º Spartak Moskva, 3
Grupo H
Sp. Braga – Galatasaray – 1-2
Manchester United – CFR Cluj – 0-1
1º Manchester United, 12; 2º Galatasaray, 10; 3º CFR Cluj, 10; 4º Sp. Braga, 3
Confirmaram o apuramento para os 1/8 Final as equipas do Paris St.-Germain, FC Porto, Schalke, Arsenal, Málaga, AC Milan, B. Dortmund, Real Madrid, Juventus, Shakhtar Donetsk, Bayern, Valencia, Barcelona, Celtic, Manchester United e Galatasaray.
Assim, na próxima eliminatória (1/8 Final) destacam-se os contingentes de: Espanha (Málaga, Real Madrid, Valencia e Barcelona), Alemanha (Schalke, B. Dortmund e Bayern), Inglaterra (Arsenal e Manchester United) e Itália (AC Milan e Juventus). França, Portugal, Ucrânia, Escócia e Turquia mantêm apenas um representante.
Entretanto, garantiram a passagem para a Liga Europa as equipas do D. Kyiv, Olympiakos, Zenit, Ajax, Chelsea, BATE Borisov, Benfica e CFR Cluj (não obstante a equipa orientada pelo português Paulo Sérgio ter obtido uma sensacional vitória em Manchester).
As grandes surpresas desta fase de grupos foram o afastamento das provas europeias desta temporada, desde já, do Manchester City, campeão de Inglaterra – sem ter conseguido obter sequer uma vitória -, o que sucede também, entre outros, ao Anderlecht, Montpellier (campeão francês), Lille, Spartak Moscovo… e Sp. Braga (derrotado nos três jogos em casa!); assim como a eliminação do Campeão europeu em título (Chelsea), o que acontece pela primeira vez desde que a competição é disputada nesta fórmula, vendo-se relegado para a Liga Europa.
Liga dos Campeões – 6ª Jornada – Barcelona – Benfica
Barcelona – José Manuel Pinto, Martín Montoya, Carles Puyol, Adriano (67m – Gerard Piqué), Carles Planas, Alex Song, Thiago Alcântara, Sergi Roberto, Cristian Tello (78m – Gerard Deulofeu), Rafinha (58m – Lionel Messi) e David Villa
Benfica – Artur Moraes, Maxi Pereira, Luisão, Ezequiel Garay, Melgarejo, Nemanja Matić, André Gomes, Ola John, Rodrigo (75m – André Almeida), Nolito (63m – Bruno César) e Lima (74m – Óscar Cardozo)
Cartões amarelos – Rafinha (49m) e Adriano (60m); Nolito (43m), Ezequiel Garay (56m), Luisão (59m) e Nemanja Matić (78m)
Árbitro – Svein Oddvar Moen (Noruega)
Entrando em Camp Nou para defrontar uma equipa reservista do Barcelona (na qual, dos habituais titulares, apenas Puyol e David Villa alinharam de início), o Benfica denotou, desde cedo, uma atitude assertiva, assumindo o controlo do jogo e espreitando amiúde o ataque, fosse em jogadas organizadas ou em lances rápidos, a desmarcar os seus avançados.
Aos 11 minutos, disporia de uma primeira soberana ocasião de golo, com Rodrigo, a surgir isolado, acompanhado por Nolito, mas, em vez de fazer o passe para o companheiro, que seria decerto fatal, de forma individualista tentou o remate à baliza, com a bola a sair ligeiramente ao lado.
Para, à passagem dos 20 minutos, nova boa oportunidade para a equipa portuguesa, com Nolito, algo desenquadrado com a baliza, não obstante dela muito próximo, a não conseguir dar a melhor direcção no remate de cabeça.
Entretanto, aos 21 minutos, o Celtic marcava o primeiro golo desta noite europeia e passava a estar em posição de vantagem face ao Benfica, na disputa da qualificação para os 1/8 Final da Liga dos Campeões.
O Barcelona só aos 23 minutos daria o primeiro aviso, conseguindo ultrapassar a defesa benfiquista, mas a bola perder-se-ia pela linha de fundo. Para, no minuto seguinte, Garay ter de cortar, em cima da linha de golo, um perigoso remate de cabeça da equipa catalã.
Tendo chegado a uma incrível marca de 7-0 em cantos a favor do Benfica, na primeira meia hora de jogo, aos 32 minutos, culminando excelente iniciativa, Lima surgiu novamente isolado frente a Pinto, rematando ao poste mais distante, mas o guardião do Barcelona conseguiu, com uma difícil e atenta estirada, desviar a bola… para o poste.
Ainda uma outra oportunidade, aos 35 minutos, com Ola John, descaído do lado direito, também a isolar-se, a rematar para nova defesa apertada de Pinto, para canto… o oitavo a favor Benfica!
Inesperadamente, o Barcelona via-se obrigado a jogar “de aflitos”, na sua zona defensiva, de que era exemplo o lance de Puyol a despachar de qualquer forma, aliviando a bola pelo ar, para fora da área.
Aos 40 minutos, o Spartak de Moscovo empatava em Glasgow, recolocando o Benfica em posição de apuramento…
Ao intervalo, com um absolutamente fantástico registo de 8-0 em cantos, e três a quatro soberanas ocasiões de golo desaproveitadas, pressentia-se que o Benfica podia estar a desperdiçar uma oportunidade única para ganhar em Barcelona…
Logo a abrir o segundo tempo, a equipa portuguesa perderia ainda outro lance de perigo, perante uma defesa catalã que não conseguia acertar as marcações aos rápidos dianteiros benfiquistas.
Contudo, a partir dos 50 minutos, a tendência do jogo parecia começar a inverter-se, com o Barcelona a soltar-se, e a chegar com mais frequência às imediações da área do Benfica, principalmente na sequência de iniciativas de Tello, numa delas a obrigar a apertada intervenção de Artur Moraes. Urgia fazer alterações na equipa… Mas, quem começaria por a fazer, seria Tito Vilanova, fazendo entrar Messi em campo, estavam decorridos 58 minutos.
À passagem da hora de jogo, o Benfica tentava parar a ofensiva catalã, agora com lances de ataque mais esporádicos, num deles, com Luisão a cabecear, fraco, para uma defesa fácil de Pinto. Aos 64 minutos, a equipa portuguesa ampliava a contagem de cantos para 9-0 (finalizaria o encontro com uma marca de 10-2)!
À entrada para os derradeiros 20 minutos, a formação benfiquista começava a perder, por completo, o controlo do jogo, apenas com dificuldade conseguindo sair do seu meio-campo; as investidas do Barcelona sucediam-se, cada vez mais ameaçadoras. Era necessário apelar à capacidade de união e sofrimento.
Os treinadores mexiam nas equipas: Vilanova retirava os elementos já com cartão amarelo; Jorge Jesus tentava refrescar a equipa, fazendo sair os jogadores mais desgastados.
Só que, a 8 minutos do final, chegavam más notícias de Glasgow: o Celtic voltava a colocar-se em vantagem no jogo e na classificação, face ao Benfica.
Haveria ainda tempo para uma extraordinária dupla intervenção de Artur Moraes, primeiro, arrojando-se aos pés de Messi, a roubar-lhe a bola, e, de imediato, na recarga, já em esforço, de parte a parte, com Messi a tentar o chapéu, mas o guarda-redes benfiquista conseguiria ir ainda resgatar a bola. Estavam decorridos 87 minutos, e, na sequência do lance (no choque com Artur), Messi sofreria uma lesão, tendo de sair de campo, ficando a equipa catalã reduzida a 10 unidades.
Jesus arriscava tudo: dava instruções a Luisão para subir no terreno. Mas, mesmo com cinco minutos de tempo de compensação, era tarde, e os jogadores não tinham já reservas físicas, nem disponibilidade mental para fazer a bola chegar lá à frente, de forma pensada. No último lance da partida, Cardozo não teve a serenidade para rematar à baliza, a bola sobrou ainda para Maxi Pereira, que remataria muito por alto. O Benfica caía de pé… por culpa própria.
«O mal-entendido»
Há uma semana, quando foi anunciada a enésima ajuda à Grécia, e que passava essencialmente pelo alongamento dos prazos de reembolso ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e por um período de 10 anos de carência de juros, o Governo português finalmente tomou a iniciativa de renegociar qualquer coisa no memorando.
Fê-lo rapidamente, e fê-lo muito bem: avançou, ele próprio, com um pedido de igualdade de tratamento.
O País pôde então ver e ouvir o senhor ministro das Finanças na Assembleia da República, onde se referiu aos outros “países de programa” (Portugal e Irlanda) como razoáveis beneficiários das novas condições acordadas para a Grécia. E, da parte europeia, o País pôde também ver e ouvir na televisão o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, referindo-se aos seus bons amigos portugueses e irlandeses como beneficiários dos seus bons serviços no Eurogrupo. Pois bem, afinal, parece que foi tudo um grande mal-entendido! […]
Como aqui escrevi na semana passada, a situação na Grécia é uma farsa generalizada, e em Portugal para lá caminhamos. Por isso, é crucial que não se dêem sinais que mais não farão do que instigar a opinião pública contra a ‘troika’. Dada a nossa situação de semi-insolvência, em que (ainda) nos encontramos, precisamos da ‘troika’, mas desde que esta esteja genuinamente interessada na nossa salvação, e não no nosso naufrágio. Neste sentido, e dada a dívida colossal a que chegámos, a dívida tem mesmo de ser reescalonada, tem de ser atirada para as calendas.
O pulsar do campeonato – 12ª jornada

(“O Templário”, 29.11.2012)
Desta vez, na jornada que abriu a segunda volta do campeonato distrital (Divisão Principal), confirmaram-se, em termos gerais, as expectativas e previsões que seria possível antecipar – à excepção talvez da vitória do Fazendense (a redimir-se do desaire da semana anterior, com o Pontével) em Benavente.
No Riachense – Amiense, não obstante o grupo de Amiais de Baixo ter começado por inaugurar o marcador, a equipa da casa, assim afirmando a sua candidatura ao título, viria a operar a reviravolta, acabando por se impor (2-1), aproveitando para aumentar a diferença pontual face a um outro potencial candidato aos primeiros lugares.
Conforme referido, depois do passo em falso da última ronda, a formação de Fazendas de Almeirim voltou a “encarrilar”, obtendo, por via de um solitário tento, crucial triunfo em Benavente, perante um adversário directo na disputa de uma posição entre os seis primeiros.
No duelo entre os protagonistas das surpresas da jornada precedente, Glória do Ribatejo – Pontével, levou a melhor, com alguma naturalidade, a turma da casa, vencendo por 2-1, assim prosseguindo importante recuperação.
Na partida entre Moçarriense e U. Abrantina, a equipa da casa, não obstante continuar ainda a transportar a “lanterna vermelha”, alcançou uma vitória fundamental (1-0) para continuar a alimentar as suas aspirações, não apenas pelos pontos obtidos, mas, principalmente, pelo impacto anímico e motivacional que a mesma lhe poderá proporcionar. Ao invés, a formação de Abrantes confirma a tendência de queda que vem patenteando há largas jornadas (tendo obtido apenas dois escassos pontos nos sete últimos jogos).
Por fim, os conjuntos do Mação e do At. Ouriense confirmaram o natural favoritismo que lhes era atribuído, impondo triunfos categóricos, respectivamente sobre o U. Tomar (5-1) e Coruchense (3-0), o que lhes permite manterem-se nos lugares de topo da pauta classificativa, ao mesmo tempo que contribui também, paralelamente, para o agravar da fase negativa que ambos os seus oponentes atravessam: os unionistas, somando terceiro desaire consecutivo, não obstante terem defrontado, nesses encontros, os três primeiros classificados, dois deles, sucessivamente, fora de casa; a equipa do Sorraia, tendo conquistado um único ponto nas seis últimas rondas.
Na classificação, o trio da frente aproveitou para cavar o fosso face ao 4.º classificado Amiense: Mação e Riachense, que continuam a repartir a liderança, têm agora já sete pontos de vantagem face à equipa de Amiais de Baixo, enquanto os oureenses registam seis pontos à maior.
Na zona nevrálgica da tabela, Benavente e Fazendense estão agora a par, tendo a U. Abrantina sido “empurrada” para fora dos seis primeiros, vendo, por outro lado, o Glória Ribatejo acercar-se, distando agora apenas 2 pontos, mantendo-se o Pontével a 3 pontos da formação de Abrantes.
Na cauda da pauta classificativa, Coruchense e União de Tomar, não só viram ampliada a distância para o 6.º lugar, já a aparentemente inalcançáveis 8 pontos, como têm o agora ameaçador Moçarriense com um escasso ponto de atraso.
Uma palavra final para os triunfos de Alcanenense e Torres Novas no retomar do Nacional da III Divisão (também já com nova interrupção agendada para o próximo fim-de-semana), permitindo à turma de Alcanena reduzir para quatro pontos a desvantagem face ao trio da liderança, isto numa fase ainda algo prematura da competição, dado estarem disputadas apenas nove das 22 jornadas que compõem a primeira fase da prova, assim reacendendo alguma esperança.
A próxima jornada do campeonato (13.ª), apenas será disputada a 9 de Dezembro, em função do interregno para dar lugar à realização da 2.ª ronda da fase de grupos da Taça Ribatejo, repleta de aliciantes encontros, em particular pela rivalidade entre as equipas envolvidas, dada a respectiva proximidade geográfica, nalguns casos entre clubes que, por pertencerem a divisões distintas, mais raramente se defrontam: Riachense – Goleganense; Atalaiense – Meiaviense; Vasco da Gama – Caxarias; Mação – Pego; Alferrarede – U. Abrantina; Moçarriense – Amiense; Samora Correia – Porto Alto; Coruchense – Glória do Ribatejo; Vale da Pedra – Pontével; Empregados do Comércio – Fazendense; e Assentiz – U. Tomar.
Para a equipa unionista (que folgou na jornada inaugural da prova), trata-se de dar o “pontapé de saída”, numa competição que nunca venceu – o que constituirá factor adicional de motivação para visar ir o mais longe possível –, com um desafio em que, contudo, não deverá esperar facilidades, deslocando-se ao terreno de um dos melhores classificados da Série A da Divisão Secundária, actualmente apenas suplantado pelo Caxarias).
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 29 de Novembro de 2012)
Nota – Este texto foi escrito tendo em consideração o resultado que havia sido afixado no site da A. F. Santarém, relativamente ao jogo Glória do Ribatejo – Pontével, indicando o triunfo da equipa da casa por 2-1; efectivamente, o resultado foi o inverso, com vitória da equipa de Pontével. Desta forma, o Pontével soma efectivamente 15 pontos, repartindo o 7.º lugar com a U. Abrantina; o Glória do Ribatejo mantém-se nos 10 pontos, ocupando a 9.ª posição da tabela classificativa.



