PORTUGAL EM CHAMAS

30 Agosto, 2005 at 8:45 am 4 comentários

Quem teve a oportunidade de, ao longo do mês que agora chega ao fim, viajar pelo país, não pode ter deixado de ficar com a sensação de que “Portugal está a arder”.

O tema tem sido abordado e mediatizado até à exaustão, podendo contribuir, de alguma forma, para a sua banalização, o que teria um efeito precisamente inverso ao pretendido; em vez de se alertar consciências, poderia – caso as repetidas imagens televisivas não tenham sido também observadas “ao vivo” – começar a desenvolver-se um processo de “indiferença”.

Para além do cenário dantesco das chamas com labaredas de altura assustadora, é impossível esquecer o intenso cheiro a queimado, as cores plúmbeas do céu, as faúlhas e carumas que são transportadas pelo vento até muitos quilómetros de distância, o fumo que dificulta a respiração de forma quase asfixiante, a imagem dos bombeiros extenuados e impotentes, a inquietação, temor e estado de permanente alerta de quem se sente ameaçado, com muitas noites mal dormidas.

Ouço a referência a um estudo que aponta que cerca de 20 a 40 % dos incêndios terão origem em acção humana, seja ela dolosa ou negligente.

Ouço também os lamentos dos proprietários de madeira que referem não ter o eucalipto queimado qualquer valor comercial e que o pinheiro será também de escoamento praticamente inviável, dado o “excesso de oferta” de madeira queimada; para além de esta madeira não ter valor, haverá custos com a sua remoção: “é só prejuízo!”.

Não posso deixar de fazer algumas reflexões:

1. Há uma parte dos incêndios que são provocados pelo homem.

2. Se a madeira queimada não tem de facto valor, porquê é que isso acontece (de forma dolosa)? Com que fins?

3. No caso de incêndios provocados por negligência, como é possível que tal possa ocorrer a esta escala, estando as pessoas tão avisadas para os perigos potenciais e para as consequências da incúria? (ou será que não é ainda suficientemente conhecido que, entre 1 de Julho e 30 de Setembro, é estritamente proibido: fazer queimadas, lançar foguetes, fumar em locais densamente arborizados, lançar pontas de cigarro para fora da viatura?)

4. Mas, para além disso, a maior parte dos incêndios será ainda devida às condições climatéricas – seca extrema e temperaturas muito elevadas – associada ao desordenamento florestal. Neste caso, trata-se essencialmente de uma questão de consciência cívica que nos remete para preocupações ambientais de ordem muito mais abrangente, desde a acção do homem no alargar do buraco da camada de ozono, a emissão de gases tóxicos, o aquecimento global do planeta, …

Já é altura de reflectirmos “a sério” (e passar à acção!) sobre isto…

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4 comentários Add your own

  • 1. duard - Carlos Aquino  |  30 Agosto, 2005 às 5:44 pm

    Aqui no Brasil, temos assistido na televisão, a reportagens a respeito dessas queimadas em Portugal.

    É certo que a maioria dos incêndios foi provocada por ação humana.

    Mas, eu, no meu mundinho, ainda prefiro pensar que é culpa dos EUA 🙂 que não assinam aos protocolos necessários.

    Cara, não está normal a coisa.

    Portugal, 40º C ?

    Nem aqui, no meio do Brasil, chega-se a tal temperatura. Alguma coisa muito errada anda acontecendo neste nosso mundo.

    Responder
  • 2. Leonel Vicente  |  30 Agosto, 2005 às 6:30 pm

    A cada ano que passa, o clima em Portugal parece ser menos “temperado”; as 4 estações do ano são cada vez menos nítidas, com uma extensão do Inverno e do Verão (que pode ir desde Março/Abril até Outubro/Novembro), com temperaturas cada vez mais elevadas (e não apenas em Julho e Agosto, como era habitual), usualmente acima dos 30 graus e, não poucas vezes, aproximando-se ou ultrapassando mesmo os 40!

    Responder
  • 3. rui  |  13 Setembro, 2005 às 10:50 pm

    se o governo tivesse verbas para mandar limpar as florestas ja nao ardiam tantos hectares de floresta

    Responder
  • 4. rui  |  13 Setembro, 2005 às 10:50 pm

    se o governo tivesse verbas para mandar limpar as florestas ja nao ardiam tantos hectares de floresta

    Responder

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