UMBERTO ECO – O PÊNDULO DE FOUCAULT (XI)
“«Mas confessam o quê?», perguntou Belbo.
«Confessam exactamente aquilo que já estava escrito na ordem de prisão. Pouquíssimas variações nos depoimentos, pelo menos em França e na Itália. Em contrapartida na Inglaterra, onde ninguém quis realmente processá-los, nos depoimentos aparecem as acusações canónicas, mas atribuídas a testemunhas alheias à Ordem, que falam só por ter ouvido dizer. Em resumo, os Templários só confessam quando alguém quer que confessem e só aquilo que se quer que eles confessem.»
«Normal processo inquisitório. Já vimos muitos assim», observou Belbo.
«No entanto o comportamento dos acusados é muito estranho. Os pontos principais de acusação são que os cavaleiros durante os seus rituais de iniciação renegavam três vezes Cristo, cuspiam no crucifixo, eram desnudados e beijados in posteriori parte spine dorsi, quer dizer, no traseiro, no umbigo e depois na boca, in humane dignitatis oorobium; finalmente entregavam-se ao coito recíproco, diz o texto, uns com os outros. Uma orgia. Depois mostravam-lhes a cabeça de um ídolo barbudo, e eles tinham de adorá-la.»”
P. S. Novos agradecimentos, a A Taverna e a O Homem que Gostava das Mulheres.
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