NOVOS PAÍSES MEMBROS DA UNIÃO EUROPEIA – R. CHECA (V)
16 Abril, 2004 at 1:31 pm 2 comentários
A Bandeira Checa mantém as tradicionais cores eslavas (vermelho, branco e azul); o triângulo azul . que antes representava a Eslováquia . simboliza actualmente a Morávia. Os três territórios originais da Coroa Checa (Boémia, Morávia e a Silésia) estão também representados no escudo nacional. A Moeda do país é a .Coroa Checa..
Os Checos mais conhecidos a nível internacional são Vaclav Havel (Presidente e famoso escritor dramaturgo), os escritores Franz Kafka, Milan Kundera e Josef Skvorecky (Prémio Nobel em 1984), o realizador de cinema Milos Forman, o compositor Antonin Dvorak (.Sinfonia do Novo Mundo.), Martina Navratilova e Ivan Lendl (tenistas, naturalizados norte-americanos), Tomas Bata, famoso fabricante de sapatos, tendo também o fundador da McDonald.s (Roy Kroc) origem checa.
Os principais recursos energéticos são o carvão, linhite, caolinos, argila e grafite. As produções agrícolas mais relevantes são os cereais, batatas, fruta, produtos florestais, para além da agro-pecuária. As indústrias mais importantes são a metalurgia do ferro, maquinaria e equipamentos e veículos (Skoda).
A fechar esta breve .viagem. pela R. Checa, alguns dados estatísticos de carácter sócio-económico: PIB .per capita., 13 850 euros; Taxa de inflação, 4 %; Taxa de desemprego, 9,2 %; número de automóveis por 100 habitantes, 34; número de telemóveis por 100 habitantes, 68; número de utilizadores de Internet por 100 habitantes, 15.
Assim se conclui, ao fim de 10 meses (!) a apresentação dos 10 novos países-membros da União Europeia, com adesão plena já a partir do próximo dia 1 de Maio. Quem ousaria pensar, há 15 anos atrás, numa União Europeia a 25? Faltam apenas 15 dias!…
P. S. A propósito de cultura checa, leia-se o artigo de Alexandra Lucas Coelho, no “Público” de 10 de Abril (ver em “entrada estendida”).
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República Checa
Por ALEXANDRA LUCAS COELHO
Sábado, 10 de Abril de 2004
“No centro da nova Europa
A cultura checa inscreve-se nessa região fluida e cosmopolita a que correspondeu o Império Austro-húngaro, e que, entre a segunda metade do século XIX e a primeira do século XX, foi uma extraordinária plataforma para pensadores, criadores, vanguardas. Inscreve-se ao ponto de ainda hoje o leque de protagonistas da cultura checa ser tão flexível como um harmónio, estica e encolhe consoante os critérios – quando estica, até Freud e Rilke lá cabem; quando encolhe, nem Kafka é uma certeza.
Checo é quem nasceu no território que hoje é República Checa? Então Sigmund Freud e Rainer Maria Rilke são checos. Checo é quem fala checo? Então Freud e Rilke não são checos – mas Kafka também não. São checos os exilados que escolheram outra nacionalidade, mas até aí tinham escrito ou filmado em checo, como o romancista Milan Kundera (França) ou o cineasta Milos Forman (EUA)?
Seguindo a tradição mais assente, não vamos aqui incluir Rilke (oficialmente, “súbdito” austríaco, e escritor de língua alemã, que nasceu e passou a juventude em Praga) – mas Rilke é um dos nomes na lista de escritores checos traduzidos em Portugal que a embaixada checa em Lisboa enviou ao PÚBLICO, e que tinha como fonte o Ministério da Cultura português. Nem vamos incluir Freud (que nasceu na Morávia, uma das duas regiões da República Checa) – e aparece como checo por exemplo num site do governo checo.
Tal como Rilke ou Freud, foi em alemão que Franz Kafka escreveu. Mas ao contrário deles, Kafka passou quase toda a sua vida em Praga, onde está enterrado, e é, para todos os efeitos, o escritor de Praga – que a cidade mantém como ícone e íman.
O embaixador checo em Lisboa, Jaromir Kvapil (ver destaque), prefere dizer que Kafka é da Boémia (a outra região da República Checa). Também na Boémia nasceu o compositor Gustav Mahler, geralmente apresentado como austríaco, e que o embaixador inclui entre os checos, com uma ressalva: “Como passou toda a sua vida profissional no território da Áustria actual, ‘partilhamo-lo’ com os austríacos.”
Bem ilustra este dilema de identidade o que disse o próprio Mahler, ao descrever-se como três vezes “homeless”: um boémio na Áustria, um austríaco entre alemães e um judeu pelo mundo.
Avancemos.
Música, fotografia, cinema (incluindo o de animação), património histórico e literatura são provavelmente os campos mais reconhecidos da cultura checa.
Na música, destacam-se três compositores: Bedrich Smetana (1828-1884), Antonín Dvorák (1841-1904) e Leos Janacek (1854-1928). O primeiro é considerado o pai da ópera checa.
Na fotografia, uma tradição forte, o autor mais conhecido é Josef Koudelka (1938). São dele as grandes imagens da invasão do Pacto de Varsóvia em 1968, que pôs fim à Primavera de Praga. Saiu do país pouco depois, e entrou para a Magnum em 1971. Continua activo.
Milos Forman (“Voando Sobre um Ninho de Cucos”) é o mais famoso autor do cinema checo – marcado ainda nos anos 60 por nomes como Vera Chytilova e Jiri Menzel (que ganhou um Óscar com a adaptação de “Comboios Rigorosamente Vigiados”, a obra de Bohumil Hrabal, disponível em edição da Caminho).
Da escola checa de animação – os portugueses descobriram-na com Vasco Granja -, refiram-se três autores de três gerações: o pioneiro Jiri Trnka (1910-1969), o surrealista Jan Svankmajer (1934) e Jiri Barta (1948), discípulo contemporâneo de Trnka.
Território de rica e longa história, a República Checa tem 12 sítios inscritos na Lista de Património Mundial da Unesco: centro histórico de Praga; centro histórico de Cesk Krumlov; centro histórico de Tel; a igreja de romaria de São João Nepomuceno em Édár nad Sázavou; o centro histórico de Kutná Hora (com a igreja de Santa Bárbara e a catedral da Ascenção de Nossa Senhora); a região cultural de Lednice – Valtice; a povoação histórica de Holaöovice; os jardins e o castelo de Krom; o castelo em Litomyöl; a coluna da Santíssima Trindade em Olomouc; a casa residencial de Tugendhat em Brno; e o bairro judeu e a basílica de S. Procópio em Trebíc.
Além de Kafka e de Kundera (múltiplas edições disponíveis em Portugal), há mais alguns autores checos traduzidos a destacar. Começando por Václav Havel (dramaturgia e ensaio), de quem o Teatro Nacional D. Maria II representou há meses duas peças, com encenação de Jorge Listopad, também ele escritor e dramaturgo checo, que veio para Portugal como exilado.
Bohumil Hrabal (1914-1997) tem três livros traduzidos na Afrontamento (“A Terra Onde o Tempo Parou”, “Eu que Servi o Rei de Inglaterra”, “Uma Solidão Demasiado Ruidosa”), além da edição da Caminho que já referimos. De Ivan Klíma (1931) e de Josef Skvorecky (1924), dois dos autores vivos mais conhecidos, há, respectivamente, “Amor e Desencanto” (Bertrand) e “O Engenheiro das Almas” (Dom Quixote). Recuando no tempo, do autor de ficção científica/fantástica Karel Capek (1890-1938) há mais do que um título disponível, e de Jaroslav Hasek (1883-1923) várias versões da sua obra de culto, “O Valente Soldado Svejk”. Do político Artur London (1915-1986) – checo, judeu, comunista, lutou na guerra civil de Espanha, esteve preso no campo de concentração de Büchenwald, chegou a ser vice-ministro dos estrangeiros na Checoslováquia, foi preso pelo regime, acabou por partir para França – a Bertrand publicou “A Confissão”.
Jan Neruda (1834-1891) – autor marcante do nacionalismo checo – e Jaroslav Seifert (1901-1986) – o poeta checo que ganhou o Nobel – não têm livros disponíveis em Portugal.”
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1.
Rui MCB | 16 Abril, 2004 às 2:59 pm
Excelente trabalho Leonel
2.
joao | 6 Maio, 2004 às 4:15 pm
este site devia ter as bandeiras nos novos países Europeus