Archive for Maio, 2014
O pulsar do campeonato – 26ª jornada
(“O Templário”, 15.05.2014)
Decidida que fora já – na jornada anterior – a atribuição do título de Campeão Distrital da I Divisão, conquistado com mérito pelo At. Ouriense, equipa mais regular ao longo de toda a competição, a derradeira ronda da prova tinha como aliciante principal a disputa da manutenção, ainda com três equipas envolvidas (Pontével, U. Chamusca e Benavente), procurando escapar ao indesejável 13.º lugar, posição que se traduz no ficar em suspenso do desempenho final do Riachense no Campeonato Nacional de Seniores.
Afinal, acabou por não haver surpresas, tendo as três equipas ainda em risco perdido os respectivos jogos: o Pontével, derrotado pelo vizinho Cartaxo por 0-3 (culminando um sofrido final de época, com cinco desaires nas cinco jornadas finais); o U. Chamusca, perdendo em casa com o Torres Novas (1-2); e o Benavente, goleado em Santarém, pelos Empregados do Comércio (1-5). Deste modo, mantiveram-se portanto as posições relativas dos três clubes, pelo que é o Benavente que se mantém em suspenso, tendo o seu futuro “nas mãos” do Riachense.
Nas outras quatro partidas, o novo Campeão, At. Ouriense, recebeu e bateu o Fazendense (4.º classificado), por 1-0, enquanto o vice-campeão, Coruchense, goleou o Amiense (5.º lugar) por 4-1. O Mação ganhou por 2-1 ao Assentis, na nona derrota consecutiva do grupo do município de Torres Novas. Por fim, despedindo-se “em beleza” da edição correspondente ao ano do Centenário, o União de Tomar completou uma série de quatro vitórias sucessivas – o melhor ciclo que registou em toda a prova –, vencendo, na recepção à U. Abrantina, por 2-0.
Num balanço final deste campeonato, destaque para o At. Ouriense, que, depois de um mau início (apenas obteve a primeira vitória à quarta jornada, somando apenas dois pontos nas três rondas inaugurais), engrenou para um excelente desempenho (melhor ataque, de forma destacada, apenas tendo sido superado, a nível de defesa menos batida, pelo Coruchense), com uma magnífica 2.ª volta, em que, em 13 jornadas, obteve doze triunfos, apenas perdendo no jogo “menos conveniente” para os interesses do União de Tomar, em Amiais de Baixo (o que impossibilitaria aos unionistas consumar a sua recuperação do 5.º lugar).
O Coruchense e o Torres Novas, embora claudicando em “momentos-chave” (a equipa de Coruche, tendo começado o campeonato com três empates, perdeu mais sete pontos nos seis primeiros jogos da 2.ª volta; os torrejanos, acumulando três desaires em quatro encontros, entre a 20.ª e a 23.ª jornadas) mantiveram, não obstante, alguma regularidade (28+29 pontos para o Coruchense; 27+25 pontos para o Torres Novas, nas duas metades da prova), que lhes permitiram alcançar os restantes lugares no pódio.
O Fazendense chegou a liderar a competição, prometendo bastante, mas, cinco derrotas na 2.ª volta, fizeram com que baixasse até ao 4.º posto. Os grupos do Amiense e do União de Tomar, respectivamente 5.º e 6.º classificados, ambos com épocas absolutamente tranquilas, tiveram desempenhos muito similares (19+25 pontos para a turma de Amiais de Baixo; 19+24 pontos para os unionistas). No caso específico do União de Tomar, o mau arranque (três derrotas nas quatro primeiras jornadas) acabaria por ser bastante penalizador, resultando em apenas 13 pontos obtidos no ano de 2013, face aos 30 conquistados no ano do Centenário…
Na prova dos tomarenses, destaque particular para um ciclo de oito jogos sem derrota, entre a 11.ª e a 18.ª jornadas (com um total de três meses sem perder, entre 15 de Dezembro e 16 de Março), assim como para a série final de quatro triunfos, para além da fantástica goleada obtida em Santarém (8-0), a maior de todo o seu centenário historial em jogos fora de casa. Adicionalmente, merece ainda registo que o União empatou no terreno do Campeão, At. Ouriense (onde, aliás, poderia ter ganho, com a tal grande penalidade em período de descontos!…); ganhou ao vice-campeão, Coruchense; venceu, frente ao 3.º classificado, em Torres Novas; empatou as duas partidas com o Fazendense (4.º); e ganhou também ao Amiense (5.º); não tendo perdido nenhum dos jogos com o Mação e Empregados do Comércio; e tendo ganho os dois desafios frente a Benavente, Assentis e U. Abrantina, demonstrando portanto, de forma cabal, a sua capacidade para se bater com qualquer adversário, em qualquer terreno.
O Mação (7.º) e o Cartaxo (9.º) registaram um comportamento aquém das expectativas, tendo os cartaxenses conseguido ainda empreender uma boa recuperação, com quatro vitórias nas cinco rondas finais. Os Empregados do Comércio, tendo superado alguns momentos negativos (goleadas sofridas ante o União, por 0-8, e Torres Novas, por 1-7, ambas em casa) obteve uma boa classificação (8.º lugar), superando o irregular Pontével, também abaixo do desempenho do ano anterior. O U. Chamusca, embora em esforço, conseguiria relegar o Benavente, com um mau campeonato, para a zona de risco da pauta classificativa. Por fim, Assentis (com uma muito má 2.ª volta, em que apenas somou 4 pontos), e U. Abrantina, com um péssimo rendimento (apenas uma vitória), acabaram por ser, com naturalidade, as duas equipas despromovidas.
No Distrital da II Divisão, Rio Maior e Barrosense (que empataram a um golo) garantiram já, ainda a duas jornadas do final, a promoção à I Divisão Distrital. Por seu lado, o também regressado à competição U. Santarém (tal como o grupo de Rio Maior), tendo ganho em Ferreira do Zêzere (1-0) abeira-se igualmente da subida, necessitando apenas de obter mais um ponto para confirmar tal posição, tendo beneficiado do desaire do Pego na Atalaia (0-1).
No Campeonato Nacional de Seniores, Alcanenense (empate 2-2 na Lourinhã) e Fátima (derrotado em casa, por 1-3, pelo Carregado) estavam já descansados. O Riachense, culminando uma excepcional recuperação (acumulando dez jogos de invencibilidade), com uma boa vitória em Porto de Mós (2-0) garantiu, pelo menos, o “play-off”, podendo mesmo confirmar a manutenção de forma directa, caso ganhe, na derradeira ronda, ao Lourinhanense.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 15 de Maio de 2014)
Liga Europa – Final – Sevilla – Benfica
Juventus Stadium, Turim – Itália
Sevilla – Beto, Coke, Nicolas Pareja, Federico Fazio, Alberto Moreno, Daniel Carriço, José Antonio Reyes (78m – Marko Marin) (104m – Kevin Gameiro), Stéphane Mbia, Vitolo (110m – Diogo Figueiras), Ivan Rakitić e Carlos Bacca
Benfica – Jan Oblak, Maxi Pereira, Luisão, Ezequiel Garay, Siqueira (99m – Óscar Cardozo), Rúben Amorim, Miralem Sulejmani (25m – André Almeida), André Gomes, Nico Gaitán (119m – Ivan Cavaleiro), Rodrigo e Lima
Desempate da marca de grande penalidade
0-1 – Lima
1-1 – Carlos Bacca
Óscar Cardozo permitiu a defesa a Beto
2-1 – Stéphane Mbia
Rodrigo permitiu a defesa a Beto
3-1 – Coke
3-2 – Luisão
4-2 – Kevin Gameiro
Cartões amarelos – Fazio (11m), Moreno (13m) e Coke (98m); Siqueira (30m) e André Almeida (100m)
Árbitro – Felix Brych (Alemanha)
É fácil agora concluir que o Benfica começou a perder esta Final no momento em que ganhou o direito a nela participar, precisamente em Turim, há menos de duas semanas, quando Enzo Pérez, Lazar Marković e Eduardo Salvio, por motivos disciplinares, ficaram privados de a jogar.
Sobretudo no caso de Enzo Pérez, a sua ausência fez-se sentir de forma notória, pela incapacidade revelada pela equipa em “pensar” o jogo de forma serena, sendo sistematicamente traída pela ansiedade da procura do golo, acusando em demasia a condição – porventura inédita no seu historial, em dez Finais europeias disputadas – de favorita.
Mas o Benfica pode queixar-se de vários outros factores, que justificam esta oportunidade perdida – traduzindo-se na oitava Final sucessiva em que fica marcado pelo inêxito, igualando a Juventus em número de finais falhadas -, mas, neste caso, com a nítida sensação de desperdício, que, inevitavelmente, deixa, mais que um travo amargo, uma verdadeira “azia”.
Desde logo, a lesão sofrida por Sulejmani apenas com pouco mais de 10 minutos de jogo, o que fez com que Jorge Jesus hesitasse durante quase quinze minutos, até se decidir pela opção que entendeu ser a mais apropriada para o substituir (fazendo avançar Maxi Pereira no terreno, e colocando André Almeida como defesa direito – depois de ter chegado a equacionar fazer entrar, de imediato, Ivan Cavaleiro). Pior do que ter jogado esse período em “inferioridade numérica” (Sulejmani estava, então, apenas a fazer figura de “corpo presente”), foi a sensação de desnorte que transmitiu à equipa, completamente perdida em campo, passando por alguns “maus bocados” até cerca dos 35 minutos do primeiro tempo.
Só nos derradeiros cinco minutos desta metade inicial o Benfica voltou a crer em si próprio e nas suas possibilidades, empurrando o Sevilla para o seu reduto defensivo, e desperdiçando a oportunidade de marcar.
O que se intensificaria no primeiro quarto de hora da segunda parte, período em que – aliada a alguma falta de tranquilidade – a incapacidade de concretizar em golo as diversas ocasiões de perigo de que dispôs (quatro sucessivas, à passagem do terceiro minuto), com a bola a fazer várias “carambolas” na defensiva sevilhana, ou com Beto em intervenções de grande “aperto”.
Mas, para além dos erros próprios – de novo, na fase final do jogo, Jesus voltaria a hesitar, assim como, depois, já no prolongamento, não teria a capacidade de arriscar, de forma a procurar evitar o desempate da marca de grande penalidade (Ivan Cavaleiro apenas entraria em campo aos 119 minutos (!), demasiado tarde para aproveitar a debilidade física que a equipa do Sevilla patenteava) -, e de alguma “falta de competência” para ganhar esta Final, houve um outro factor determinante, que não é possível escamotear.
É dificilmente compreensível que se possa ter tratado de incompetência o facto de, uma, duas, três vezes, o árbitro (e seus auxiliares, incluindo os de baliza), não terem visto – ou, pelo menos, não tenham assinalado – outras três situações de grandes penalidades, reclamadas pelo Benfica, uma, a findar a primeira parte, por evidente toque em Gaitán, outra, por derrube a Lima, aos 56 minutos (ambas originariam, adicionalmente, a expulsão dos infractores, dado que veriam o segundo cartão amarelo, respectivamente Fazio e Moreno!), e, ainda, uma terceira, por toque com o braço de Carriço, a desviar remate benfiquista na área de rigor.
Tendo deixado a decisão chegar aos pontapés da marca de grande penalidade, o ascendente passava automaticamente para a equipa espanhola – que, assim, alcançava o que pretendia desde há largos minutos, inclusivamente já no decurso do tempo regulamentar … -, pelo que nem valeria a pena referir a forma, à margem das regras, como Beto se posicionou para defender duas tentativas de conversão do Benfica, adiantando-se até à linha de pequena área; no fundo, beneficiando do “pavor” denotado por Cardozo, que, depois de ter ensaiado, por duas vezes, a “paradinha”, sem que o guardião português se deixasse enganar, ficou automaticamente “desarmado”, acabando por ter de rematar sem balanço, sem convicção, sem força, à figura, assim como da extrema fadiga que Rodrigo denotava já.
Depois de ter eliminado, nomeadamente, o Tottenham e a favorita Juventus, sem perder um único jogo na prova, o Benfica viu – uma vez mais – escapar-se a Taça, pela segunda vez consecutiva em dois anos. Muito duro de engolir… E, o pior, a inevitável sensação de uma flagrante oportunidade desperdiçada – face à notória superioridade demonstrada em relação ao adversário -, oportunidade que não sabemos quando poderá voltar a repetir-se… Há que continuar a porfiar!
Classificação Final – Campeonato Nacional Futebol 2013-14
Equipa J V E D GM GS P 1 Benfica 30 23 5 2 58 - 18 74 2 Sporting 30 20 7 3 54 - 20 67 3 FC Porto 30 19 4 7 57 - 25 61 4 Estoril 30 15 9 6 42 - 26 54 5 Nacional 30 11 12 7 43 - 33 45 6 Marítimo 30 11 8 11 40 - 44 41 7 V. Setúbal 30 10 9 11 41 - 41 39 8 Académica 30 9 10 11 25 - 35 37 9 Sp. Braga 30 10 7 13 39 - 37 37 10 V. Guimarães 30 10 5 15 30 - 35 35 11 Rio Ave 30 8 8 14 21 - 35 32 12 Arouca 30 8 7 15 28 - 42 31 13 Gil Vicente 30 8 7 15 23 - 37 31 14 Belenenses 30 6 10 14 19 - 33 28 15 Paços Ferreira 30 6 6 18 28 - 59 24 16 Olhanense 30 6 6 18 21 - 49 24
Campeão – Benfica – Entrada directa na Fase Grupos da Liga dos Campeões
2º classificado – Sporting – Entrada directa na Fase Grupos da Liga dos Campeões
3º classificado – FC Porto – “Play-off” de acesso à Fase Grupos Liga dos Campeões
4º classificado – Estoril – Entrada directa na Fase Grupos da Liga Europa
5º classificado – Nacional – “Play-off” de acesso à Fase Grupos da Liga Europa
Finalista Taça – Rio Ave – 3ª eliminatória de acesso à Fase Grupos da Liga Europa
Vencedor Taça – Benfica
Despromovido – Olhanense
Promovidos – Moreirense, Penafiel e Boavista (reintegração na 1.ª Liga)
Paços de Ferreira – Manutenção via play-off
Melhores marcadores:
1. Jackson Martinez – FC Porto – 20
2. Derley – Marítimo – 16
3. Rafael Martins – V. Setúbal – 16
Palmarés – Campeões:
Benfica (33) – 1935-36; 1936-37; 1937-38; 1941-42; 1942-43; 1944-45; 1949-50; 1954-55; 1956-57; 1959-60; 1960-61; 1962-63; 1963-64; 1964-65; 1966-67; 1967-68; 1968-69; 1970-71; 1971-72; 1972-73; 1974-75; 1975-76; 1976-77; 1980-81; 1982-83; 1983-84; 1986-87; 1988-89; 1990-91; 1993-94; 2004-05; 2009-10; 2013-14
FC Porto (27) – 1934-35; 1938-39; 1939-40; 1955-56; 1958-59; 1977-78; 1978-79; 1984-85; 1985-86; 1987-88; 1989-90; 1991-92; 1992-93; 1994-95; 1995-96; 1996-97; 1997-98; 1998-99; 2002-03; 2003-04; 2005-06; 2006-07; 2007-08; 2008-09; 2010-11; 2011-12; 2012-13
Sporting (18) – 1940-41; 1943-44; 1946-47; 1947-48; 1948-49; 1950-51; 1951-52; 1952-53; 1953-54; 1957-58; 1961-62; 1965-66; 1969-70; 1973-74; 1979-80; 1981-82; 1999-00; 2001-02
Belenenses (1) – 1945-46
Boavista (1) – 2000-01
U. Tomar – Centenário (XXXII)
(“O Templário”, 08.05.2014)
No final da época de 1974-75, em que o União de Tomar registara a sua quinta participação na I Divisão Nacional, garantindo a permanência por mais uma temporada, a formação unionista atingia, também pela quinta vez na sua história, os 1/4 Final da Taça de Portugal. Ditara o sorteio que a turma “rubro-negra” recebesse no seu terreno, a 25 de Maio de 1975, a visita do Sporting.
E, de alguma forma, aconteceria surpresa: não obstante não terem faltado oportunidades de golo, para ambos os contendores, o nulo no marcador não se alteraria, mesmo após a disputa de um prolongamento de trinta minutos.
«Quis-nos parecer que o Sporting está num mau momento ou «procurou-o», por causas diversas, logo neste encontro de Tomar. E podia, por isso mesmo, já estar afastado da competição […]. O «leão» precisava de um banho no Nabão. Para despertar da letargia. […]
Como dissemos, várias circunstâncias podiam ter contribuído para a pouca inspiração colectiva dos sportinguistas. Duas delas: a lesão de Fraguito, e a figura de corpo presente que Yazalde fez durante uma grande mão cheia de minutos. Atenuantes? Até certo ponto. Atenuantes em relação à pouca dinamização da linha média e à falta de poder de concretização da dianteira, mas, no resto, parece-nos que será pôr demasiados condicionalismos à excelente resistência dos tomarenses, focando as desgraças sem lhes contar os méritos.
Durante a época, a defesa de Tomar tem sido muito mal tratada pela crítica. Ontem, antes do jogo, era também a grande incógnita e pareceu-nos que da sua actuação dependia o êxito da equipa ou o seu rápido aniquilamento. […]
Assim, sobre cinco homens [Silva Morais, Kiki, Calado, Zeca e Fernandes] estava suspensa uma acusação. Afinal, o gato não conseguiu comer as filhós, a defesa do União, umas vezes com uma certa tranquilidade, de outras perfeitamente desaustinada, pontapeando para fora, afastando a bola de qualquer jeito da sua área, não se portou nada mal. A começar no guarda-redes [Silva Morais], que fez duas ou três defesas de grande categoria e jogou muito bem, durante toda a partida, e a terminar no homem do lado esquerdo [Fernandes]. […]
Foi uma forma inteligente de actuação, foi, também, sentido das realidades. Da forma como jogou, batendo-se bem na defesa e tentando chegar à baliza de Damas através de lances rápidos de contra-ataque, os homens de Tomar disputaram o jogo e podiam ter perfeitamente eliminado o Sporting.»(1)
Este fora o momento em que o União terá estado mais próximo das ½ Finais da competição, fase que, porém, nunca conseguiria franquear. Tendo forçado o grupo “leonino” a um jogo de desempate, o qual seria disputado apenas dois dias depois, agora em Lisboa, no Estádio de Alvalade, e no termo de mais uma época desgastante em termos anímicos e físicos, sem um adequado período de recuperação, o conjunto nabantino acabaria por soçobrar, perante uma exibição de grande nível do adversário, sendo goleado por pesados 0-5.
Cumprido que fora o objectivo fundamental, de manutenção entre os grandes do futebol português, complementado com uma boa e digna campanha também na Taça de Portugal (tendo eliminado Famalicão e Montijo, ambos por 5-3), era tempo de pensar na temporada seguinte…
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O pulsar do campeonato – 25ª jornada
(“O Templário”, 08.05.2014)
Numa jornada – penúltima do Campeonato Distrital da I Divisão – completamente atípica, em que nenhum dos quatro primeiros classificados venceu (aliás, o trio de clubes que se posicionava no topo da tabela acabaria mesmo por sofrer três derrotas!), tudo ficou já decidido na frente da classificação, com o At. Ouriense a sagrar-se, pela primeira vez no seu historial, Campeão Distrital, garantindo assim a promoção ao Campeonato Nacional de Seniores.
Efectivamente, depois de, no feriado de 1 de Maio, ter perdido a Final da Taça do Ribatejo, disputada no Entroncamento, a favor do Fazendense (graças a um golo solitário do grupo de Fazendas de Almeirim), a turma de Ourém averbaria novo desaire, na sempre difícil deslocação a Amiais de Baixo, onde perdeu por 1-2. Não obstante, mercê da inesperada derrota do Coruchense em Benavente (0-1), mantendo-se os quatro pontos de diferença entre os dois primeiros, faltando realizar apenas a derradeira ronda, ficou já selada a conquista do título.
Também o Fazendense, depois de ter conquistado, pela terceira vez, a Taça do Ribatejo (que vencera também há dois anos), foi surpreendentemente desfeiteado no seu terreno, pelo Mação, também por 0-1. O que, por seu lado, possibilitou ao Torres Novas, e apesar de um também imprevisto empate caseiro (1-1) ante o Cartaxo, igualar a equipa do sul do Distrito, com vantagem dos torrejanos na diferença global de golos, o que lhes permitiu recuperar o 3.º lugar.
Pelo que, para os interesses do União de Tomar, aspirando ainda a poder atingir o 5.º lugar, foi determinante o facto de a equipa que ocupa essa posição ter sido precisamente a única, de entre os cinco primeiros, a vencer… Em dia de comemoração de Centenário, deslocando-se a Assentiz, onde defrontava uma equipa ameaçada pela descida de Divisão – apenas a vitória poderia servir os objectivos de qualquer das equipas – os tomarenses começaram por ser distinguidos com o bonito gesto do grupo da casa, que afixou, num dos topos do terreno, uma mensagem dando os Parabéns ao União pelos 100 anos, seguindo-se a retribuição por parte do Presidente unionista, que fez oferta ao seu congénere do livro com a história do clube.
Porém, entrando mal no jogo – pese embora até ter começado por assumir a iniciativa –, a turma “rubro-negra” seria surpreendida por um contra-ataque, vendo-se em posição de desvantagem logo a partir dos oito minutos. Numa partida de nervos à “flor da pele”, dado o que estava em jogo, em particular para o Assentis, as coisas complicar-se-iam bastante, na sequência da expulsão de dois jogadores da equipa da casa, período em que o conjunto de Tomar, com dois tentos de Fábio Vieira, conseguiria enfim operar a reviravolta, acabando por vencer por 2-1, apesar de ter finalizado também o encontro, igualmente reduzido a nove unidades em campo.
Uma vitória (terceiro triunfo sucessivo dos unionistas) que, dadas as notícias que chegavam de Amiais de Baixo, acabaria por se revelar inconsequente, uma vez que os nabantinos mantêm a 6.ª posição na tabela, que será a sua classificação final, independentemente dos resultados da derradeira jornada. Ao invés, para o Assentis, significou também, desde logo, o consumar da despromoção à II Divisão Distrital, acompanhando a U. Abrantina.
A formação de Abrantes, que será o último adversário dos tomarenses, em partida a disputar no próximo sábado, empatou em casa com o U. Chamusca (1-1), colocando assim termo a uma longa série de dez desaires consecutivos. Por fim, o Pontével, surpreendido no seu terreno, pelos Empregados do Comércio (perdendo por 2-4) pode ter complicado bastante as suas contas.
De facto, à entrada para o último dia da competição, resta definir quem será o antepenúltimo classificado, que poderá correr o risco de vir a ser despromovido, dependendo do comportamento do Riachense no Campeonato Nacional de Seniores. Nesta altura, o Benavente (que se desloca a Santarém, para defrontar os Empregados do Comércio), não obstante ter vencido nesta jornada, subsiste em posição mais delicada, a dois pontos do U. Chamusca (equipa que receberá o Torres Novas) e a três do Pontével (que visita o vizinho Cartaxo).
Em caso de empate pontual na classificação final entre Benavente e Pontével, o desempate será também pela diferença global de golos que, nesta altura, é favorável à formação do município do Cartaxo em quatro golos); no desempate entre U. Chamusca e Benavente, tem vantagem a turma chamusquense; na eventualidade de uma igualdade pontual entre os três clubes, seria também o Benavente o pior colocado. Quem ficou livre de preocupações foram as equipas dos Empregados do Comércio e do Cartaxo, tendo garantido já, matematicamente, a manutenção.
Na II Divisão Distrital, o Rio Maior (goleada de 5-0 sobre o Pego), abeira-se da promoção, assim como o Barrosense (que ganhou ao Ferreira do Zêzere por 3-1). Estas duas equipas têm agora, respectivamente, sete e seis pontos de vantagem sobre o 4.º classificado, Pego – faltando realizar três jornadas –, com o U. Santarém a retomar o último lugar de acesso à subida, ao vencer o Atalaiense por 5-3, agora com dois pontos de vantagem sobre o Pego.
Por fim, no Campeonato Nacional de Seniores, uma jornada totalmente vitoriosa para as equipas do Distrito, com destaque para a goleada (6-2) imposta pelo Riachense ao Carregado (seu rival na disputa de um lugar no “play-off” de manutenção); por seu lado, o Fátima venceu o Torreense por 1-0, mesmo resultado obtido pelo Alcanenense na recepção ao Portomosense. A duas rondas do final, o Riachense tem agora três pontos de vantagem sobre o Carregado, registando um atraso de quatro pontos em relação ao Lourinhanense (manutenção directa).
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 8 de Maio de 2014)
«Paraíso» “rebentou pelas costuras” para receber a apresentação do livro «União de Tomar, cem anos de história»
Centenas de pessoas quiseram associar-se ao lançamento do livro «União de Tomar, cem anos de história» e lotaram, por completo, o café «Paraíso», um dos espaços mais emblemáticos da cidade nabantina. Antigas figuras do clube, desde dirigentes, jogadores e treinadores, passando aos actuais elementos que fazem o dia-a-dia do emblema, sem esquecer sócios, adeptos e diversas entidades do concelho, todos quiseram associar-se a um momento que serve de memória ao que têm sido os cem anos de um clube reconhecido à escala nacional.
De entre essas presenças, saliência para a de Fernando Mendes, antigo presidente do União de Tomar, que fica para a história do clube como o dirigente que contratou Eusébio. Também Manuel José, um nome que dispensa apresentações no panorama futebolístico nacional, quis associar-se a esta apresentação. Vítor Serpa, director do jornal «A Bola» e autor do prefácio do livro, explicou as razões que o levaram a apoiar a obra de Leonel Vicente.
(via Rádio Hertz)
Sessão de Apresentação do Livro “União de Tomar – 100 Anos de História [1914-2014]“
(fotos de Sérgio Lira, a quem agradeço)
O meu imenso obrigado também ao Director do jornal “A Bola”, Vítor Serpa, e à Presidente da Assembleia Geral do União de Tomar, Dra. Graça Costa
U. Tomar – Centenário (XXXI)
(“O Templário”, 01.05.2014)
No decurso de seis épocas na I Divisão o União de Tomar averbaria uma vitória e dois empates, quer com o FC Porto, quer com o Sporting. Porém, frente ao Benfica, alcançaria um único empate, na sua quinta presença no principal escalão, em partida disputada a 29 de Dezembro de 1974, face aos então tri-campeões nacionais, com o resultado a saldar-se por um nulo.
«Mas esteve certo mais este 0-0? Certíssimo, para uma e outra equipa, as quais não tiveram nem talento, nem inspiração para fazer melhor. E pode até acrescentar-se, ir um pouco mais longe, se dissermos que, na primeira parte, enquanto teve forças, o Tomar esteve bem mais perto de abrir o marcador do que o seu categorizado adversário. […].
O dispositivo da formação vem na ficha do jogo, mas podemos acrescentar ainda, o recuo de Cardoso, à frente do quatro defensivo e o adiantamento de Raul Águas, assim como um avançado centro-recuado, o primeiro com o objectivo de aumentar a segurança defensiva do sector, o segundo para aproveitar o seu excepcional poder de remate. E que remate.
Este dispositivo funcionou muito bem durante quase toda a primeira parte pois o Benfica experimentou sérias dificuldades para dele se libertar e raramente conseguiu dominá-lo, no primeiro tempo, quer dizer, penetrar na zona de remate em condições favoráveis de atirar à baliza de Silva Morais.
E com Águas, meio-liberto, na sua posição atrás dos dois pontas de lança, também algo se passou de confuso para a defesa benfiquista, a qual, nesse período, poucas vezes também se entendeu com o seu antigo companheiro de equipa.
E o golo esteve mesmo para acontecer, aos onze minutos, depois de um corte de Messias, o qual deixou a bola ao alcance de Águas. O remate partiu violento, indefensável, mas a trave, onde a bola embateu fragorosamente evitou o golo.»(1)
Recordemos também a “leitura” do desafio, na perspectiva da imprensa local:
«De tal modo que bom será dizer que o Benfica conseguiu ganhar um ponto em Tomar. Conseguiu e por sorte ou, talvez melhor, por azar do União.
Reparem só que o União disfrutou de duas oportunidades soberanas de golo feito que só por azar seu e sorte do Benfica não se concretizaram.
[L]ogo aos 11 minutos, Raúl Águas viu devolvida pela trave um remate potentíssimo, sem que José Henrique, estático na sua baliza, tivesse tido tempo de esboçar sequer qualquer gesto de defesa.
Depois cerca da meia hora, Bolota, com a baliza aberta, com toda a defesa benfiquista batida e com José Henrique já ultrapassado, atirou a bola que saiu a razar o poste lateral.
Na primeira parte os tomarenses jogaram como um todo, perfeitamente esclarecidos e os lisboetas nunca se chegaram a encontrar. […]
Foi a altura da defesa unionista mostrar o seu real valor. Tudo muito certo, de modo a desencorajar os benfiquistas que nunca puderam disfrutar de grandes largas nem viram criadas ocasiões de marcar.»(2)
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