Archive for 25 Novembro, 2011
“A austeridade é uma receita para o suicídio”
O prémio Nobel da Economia alerta que as políticas de austeridade são uma receita para “menos crescimento e mais desemprego”.
Stiglitz, que também foi vice-presidente do Banco Mundial, afirmou na quinta-feira que a adopção dessas políticas “correspondem a um suicídio” económico.
“É preciso perceber-se que a austeridade por si só não vai resolver os problemas porque não vai estimular o crescimento”, afirmou Stiglitz, num encontro com jornalistas na Corunha, em Espanha, onde proferiu a conferência “Pode o capitalismo salvar-se de si mesmo?”, noticia a Efe.
O economista sugeriu ao novo governo espanhol que vá “além da austeridade” e que proceda a uma reestruturação das despesas e da fiscalidade como medida básica para criar emprego.
Recomendou em particular uma fiscalidade progressiva e um apoio ao investimento das empresas.
“Temo que se centrem na austeridade, que é uma receita para um crescimento menor, para uma recessão e para mais desemprego. A austeridade é uma receita para o suicídio”, afirmou.
Para o Nobel da Economia de 2001, “a menos que Espanha não cometa nenhum erro, acerte a cem por cento e aplique as medidas para suavizar a política de austeridade, vai levar anos e anos” a sair da crise. […]
Acrescento apenas uma interrogação: sendo o “Plano da Troika” composto por “duas pernas”, apresentando-se uma delas notoriamente manca, como esperar que tal plano possa vir a resultar?
Este plano assenta em duas vertentes: uma, a contracção do défice orçamental; outra, o crescimento da economia, que viesse a possibilitar que esse défice se transformasse – a médio / longo prazo – em superavit, de forma a que Portugal conseguisse reduzir o seu endividamento externo.
A perna do crescimento da economia, por seu lado, seria assente, em particular, no acréscimo da competitividade das exportações.
Nesse sentido foi incentivada uma medida considerada estruturante, que seria a da redução – substancial – da Taxa Social Única. Sendo, naturalmente, na conjuntura actual, tal medida impraticável, pela quebra de receitas fiscais que provocaria, sem possibilidade de compensação, surgiria então – como forma de substituição – a proposta peregrina do Governo, de alargamento do horário de trabalho em meia-hora diária, de efeitos mais que questionáveis.
Já em desespero, aquando da recente última visita dos membros da Troika, fariam um apelo lancinante, à redução dos salários do sector privado.
Regresso ao início: aparentemente sem saída para a tal vertente fundamental do crescimento da economia (e imprescindível redução do desemprego!), como se espera sair deste, cada vez mais espartilhado, “colete de forças” da austeridade?