Archive for 22 Setembro, 2009
Eleições Assembleia da República – 2002 (I)
O empate que resultara das eleições de 1999 (PS, 115 deputados; partidos da oposição, 115 deputados) – com os deputados da oposição a votarem em bloco –, colocara o Governo numa situação de grande instabilidade. Ao recorrer, para aprovação do Orçamento, ao voto de um deputado do CDS-PP, associado a defesa dos interesses da região produtora do “Queijo Limiano”, o Governo socialista – assumindo a sua posição de fraqueza e dependência – começava a ditar o seu próprio fim.
Em Dezembro de 2001, as eleições autárquicas – sempre com características particulares, associadas aos “microclimas regionais”, mas também, tradicionalmente, funcionando de alguma forma como “voto de protesto” (oportunidade para os eleitores mostrarem um “cartão amarelo” às políticas governamentais) – acabariam por se tornar num imprevisto “terramoto”…
O PS perdia para o PSD as principais cidades do país, algumas delas de forma absolutamente imprevisível, como o Porto ou Sintra, por exemplo. Mas “a gota de água” seria o resultado em Lisboa: João Soares, líder da coligação de esquerda era derrotado (pese embora por uma muito reduzida margem de votos) por Pedro Santana Lopes (concorrendo isoladamente pelo PSD – não obstante a dispersão de votos à direita, provocada pela candidatura de Paulo Portas pelo CDS-PP).
Depois de tantas surpresas, a maior estava ainda para vir, já a noite eleitoral ia avançada: António Guterres, assumindo uma inesperada e estrondosa derrota socialista, pedia a demissão, para evitar que o país caísse no “pântano”.
O PS via-se, de um dia para o outro, fora do Governo, sem líder e com pouco tempo (menos de 3 meses) para preparar o acto eleitoral. Ferro Rodrigues seria o escolhido para uma verdadeira missão impossível; viria a ter a “mais honrosa das derrotas” socialistas.
(também publicado no blogue “Eleições 2009“, do Público)