Archive for 7 Setembro, 2009
Eleições Assembleia da República – 1980
A 5 de Outubro de 1980, aproveitando a dinâmica proporcionada por nove meses de governação – em cuja acção centralizaria a sua campanha eleitoral –, e beneficiando da capacidade de compreender e ir ao encontro das aspirações do eleitorado, a AD – Aliança Democrática reforçava a sua vitória eleitoral, passando de cerca de 45 % a cerca de 48 % dos votos, o que se traduziu num acréscimo, de 128 para 134 deputados, num triunfo folgado (algo surpreendente até para os seus apoiantes), que lhe proporcionava também uma confortável maioria absoluta parlamentar.
A FRS – Frente Republicana e Socialista, coligação eleitoral entre o Partido Socialista, a ASDI e a UEDS, não conseguiria melhor que manter a votação (cerca de 27 %) e o número de deputados (74) que o PS conquistara em 1979.
A APU (coligação entre o PCP e o MDP/CDE) via o seu peso eleitoral reduzido de cerca de 19 % para menos de 17 %, com o número de eleitos a decrescer, de 47 para 41 deputados (com nomes como Carlos Carvalhas e João Amaral a perderem o seu lugar na Assembleia da República), sendo portanto, em termos numéricos, o principal perdedor, depois de ter atingido o limite máximo da sua representatividade eleitoral.
A UDP conseguia manter um deputado, nas últimas eleições em que alcançaria tal resultado.
No seu conjunto, a esquerda, penalizada pelos erros cometidos (a nível de governação pelo PS, assim como pelo sectarismo comunista) – e com alegadas queixas de instrumentalização da comunicação social estatizada pela coligação governamental –, perdia duas eleições sucessivas, facto inédito desde o 25 de Abril e de que levaria algum tempo a recompor-se.
O nível de abstencionismo seria ainda reduzido (cerca de 15 %).
Estavam abertas as hostilidades para as eleições presidenciais agendadas para daí a dois meses, opondo Ramalho Eanes a Soares Carneiro: um governo, uma maioria, um presidente era o lema então proclamado por Sá Carneiro. O fatal destino acabaria por, de um dia para o outro – com o acidente/atentado de 4 de Dezembro – alterar significativamente o contexto político que se vivia em Portugal na época.
AD – 2.706.667 (44,91%) – 126 deputados
FRS – 1.606.198 (26,65%) – 71 deputados
APU – 1.009.505 (16,75%) – 41 deputados
PSD – 147.644 (2,45%) – 8 deputados
UDP – 83.204 (1,38%) – 1 deputado
POUS/PST – 83.095 (1,38%)
PS – 67.081 (1,11%) – 3 deputados
PSR – 60.496 (1,00%)
PT – 39.408 (0,65%)
PCTP/MRPP – 35.409 (0,59%)
PDC-MIRN/PDP-FN – 23.819 (0,40%)
CDS – 13.765 (0,23%)
UDA/PDA – 8.529 (0,14%)
OCMLP – 3.913 (0,06%)
Inscritos – 7.179.023
Votantes – 6.026.395 – 83,94%
Abstenções – 1.152.628 – 16,06%
Fonte: CNE
(também publicado no blogue “Eleições 2009“, do Público)