"Rio das Flores" (V)
23 Novembro, 2007 at 8:10 am Deixe um comentário
Concluindo como iniciei, “Rio das Flores” é uma obra ambiciosa, o que, associado à intensa promoção comercial de que beneficia, contribui para o elevar da fasquia a um nível porventura excessivamente elevado e eventualmente desfasado da ideia e objectivo que presidiu à sua escrita.
Trata-se de uma realização com amplos méritos, com inegável valor acrescentado – numa área e sob uma perspectiva ainda pouco exploradas -, que, como o próprio autor enfatiza, não é um livro de história, mas sim um romance histórico.
Num balanço final, a componente romance (e de “saga familiar”) acaba, na minha leitura (repetindo-me, também à luz da referida promoção de que tem sido alvo, tendo presentes as expectativas suscitadas), por ocupar uma parte algo excessiva da obra – muito centrada sobre a figura do protagonista e suas andanças – a que acresce um final desprovido de surpresa.
Sendo vasto o trabalho de contextualização histórica, peca ainda assim por visar vários cenários geo-políticos: se é brilhante a descrição de episódios da Guerra Civil de Espanha e pormenorizada a caracterização sócio-cultural do Brasil – e não obstante a sucessão de factos históricos que são relatados – esperar-se-ia mais (e maior relevância na trama) do enquadramento político de Portugal no período abarcado pelo livro, de 1915 a 1945, uma fase crucial que condicionaria decisivamente a história do século XX português.
Em última análise, é ao autor do livro que cabe a prerrogativa de seleccionar qual a mensagem que pretende transmitir; no caso, tendo como “pano de fundo” a envolvente histórica, terá entendido privilegiar a estória de vida do protagonista e seus mais próximos.
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