Archive for Outubro, 2006

ILHAS SALOMÃO

Ilhas SalomãoAs Ilhas Salomão – país que se tornou independente do Reino Unido em 1978 – constituem um vasto arquipélago, de mais de 920 ilhas, das quais cerca de 350 habitadas, estendendo-se desde a Papua Nova Guiné (para Sul) e Vanuatu até às Ilhas Fiji, ao longo do Nordeste da Melanésia e da Grande Barreira de Coral Australiana.

Trata-se de uma dupla cadeia de ilhas, a par de centenas de atóis, localizadas cerca de 1900 km a Norte da Austrália. As ilhas principais são as de Guadalcanal, Choiseul, Santa Isabel, Malatia, Makira e New Geórgia.

A capital, Honiara, na ilha de Guadalcanal, foi palco de grandes batalhas durante a II Guerra Mundial, em Novembro de 1942, com os aliados a repelir o avanço japonês no Pacífico Sul.

Munda e Gizo são destinos privilegiados de mergulho. Não obstante as limitadas infra-estruturas, os “aventureiros” poderão ser recompensados com alguns dos mais espectaculares panoramas do Pacífico Sul – com um relevo acidentado e coberto de densas florestas pluviais – e uma tradicional cultura tribal.

A área total do país ascende a cerca de 28 450 km2 (segunda maior nação insular do Pacífico Sul, depois da Papua Nova Guiné – com mais de 5 000 km de costa), com uma população de 480 000 habitantes.

A língua oficial é o inglês. Integrante da Commonwealth, tem como soberano a Rainha Isabel II de Inglaterra. O seu fuso horário é o de TMG + 11 horas.

Existem voos bi-semanais a partir da Austrália, Ilhas Fiji, Papua Nova Guiné e Vanuatu.

Cronologia
1568 – Primeira expedição do espanhol Álvaro de Mendaña
1767 – Capitão Carteret “redescobre” as Ilhas Salomão
1893 – Protectorado Britânico
1905 – Companhias australianas estabelecem plantações de coco
1942 – Ocupação japonesa
1943 – EUA expulsam os japoneses da ilha de Guadalcanal
1976 – Reino Unido concede a possibilidade de Governo autónomo
1978 – Independência
1993 – Recontros entre a polícia das I. Salomão e tropas da Papua Nova Guiné
1999 – Combates étnicos entre tribos de Guadalcanal e Malaita
2003 – Intervenção militar australiana coloca termo à guerra civil

Algumas páginas a visitar:

http://www.southpacific.org/text/finding_solomons.html
http://www.pacific-travel-guides.com/solomon-islands/index.html
http://www.diveadventures.com.au/pages/destinations/Solomon/index.htm
http://www.thewildernesslodge.org/

25 Outubro, 2006 at 8:53 am 1 comentário

COMUNICAÇÕES 3º ENCONTRO DE WEBLOGS

A Prisma.com Revista de Ciências da Informação e da Comunicação do CETAC disponibiliza online, no seu nº 3, do corrente mês de Outubro, as comunicações apresentadas no 3º Encontro Nacional e 1º Encontro Luso-Galaico sobre Weblogs.

(via blogue do 3º Encontro de Weblogs)

24 Outubro, 2006 at 6:02 pm Deixe um comentário

PALAU

PalauA República de Palau tornou-se uma nação independente em 1 de Outubro de 1994, beneficiando da implementação de um estatuto de livre associação em relação aos EUA, sendo portanto um dos países mais jovens do planeta.

Localiza-se entre 2 a 8 graus Norte de Latitude e entre 131 a 135 graus Leste de Longitude (o país mais a Oeste desta pequena série que me proponho “visitar”), distando cerca de 500 milhas das Filipinas (a Oeste) e da Papua Nova Guiné (a Sul).

É composta por mais de 340 ilhas, principalmente de origem vulcânica, circundadas por barreiras de corais, das quais apenas 9 habitadas (Babeldaob, Kayangel, Koror, Peliliu, Angaur, Sonsorol, Pulo Anna, Hatohobei, e Helen Reef), com uma área de apenas cerca de 460 km2, sendo um dos locais mais privilegiados do mundo para a prática de mergulho.

A capital localiza-se em Koror, onde vivem 2/3 dos 20 000 habitantes de Palau. As línguas utilizadas são o Palauense e o Inglês.

Inicialmente povoado por migrantes da actual Indonésia, há mais de 4 000 anos atrás, seria visitada por negociantes britânicos no século XVIII, a que se seguiu a influência espanhola no século XIX; com a derrota espanhola na guerra hispano-americana, Palau foi vendido à Alemanha, em 1899. Passou a ser dominado pelo Japão em 1914, até que, em 1947, ficou sob controlo dos EUA.

Em termos de fuso horário, encontra-se 9 horas adiantado em relação à hora do Meridiano de Greenwich (mesmo fuso do Japão).

Aqui ficam algumas “portas abertas” para a visita a esta verdadeira “jóia do Pacífico”:

http://www.visit-palau.com/
http://www.pbs.org/edens/palau/
http://www.janeresture.com/palau/Palau.htm
http://www.expeditionfleet.com/liveaboard/palau_liveaboard.htm

24 Outubro, 2006 at 1:52 pm Deixe um comentário

MAPA PACÍFICO SUL


(via http://www.taylordyachtcharters.com/images/south-pacific-map.jpg)

Palau (situado ligeiramente a Norte da linha do Equador), Ilhas Salomão, Vanuatu, Kiribati, Ilhas Fiji, Tuvalu, Tonga, Samoa, Ilhas Cook – os 9 Estados de que, a partir daqui, “partirei à descoberta”.

Pacífico Sul

(via http://www.palaugov.net/stats/PalauStats/PhysicalFeatures/physical_features.htm)

24 Outubro, 2006 at 8:44 am Deixe um comentário

POLINÉSIA

A Polinésia (literalmente, “Muitas Ilhas” – Poly Nesos) é uma região de forma triangular que cruza o Pacífico, desde a Nova Zelândia até à Ilha da Páscoa, e a Norte, até ao Hawaii, com ilhas de origem vulcânica e pequenas ilhas de corais e atóis.

Em termos político-administrativos, compreende: Polinésia Francesa, Pitcairn (colónia britânica), Ilha da Páscoa (Chile), Ilhas Cook (associadas à N. Zelândia), Niue (“ilha-nação”, associada à N. Zelândia), Tonga, Samoa Americana, Samoa, Tokelau (N. Zelândia), Wallis e Futuna (França) e Tuvalu.

23 Outubro, 2006 at 6:09 pm Deixe um comentário

MELANÉSIA

A região da Melanésia (literalmente “Ilhas dos Negros” – Melas Nesos – com base na cor predominante da pele dos seus habitantes) cobre uma área desde a Nova Guiné (Indonésia e Papua-Nova Guiné) até às Ilhas Salomão, Vanuatu, Nova Caledónia (França) e uma parte das Ilhas Fiji (não obstante estas integrarem também a Polinésia).

Abrange algumas das maiores ilhas da região, surgindo como reminiscências de um continente submerso.

23 Outubro, 2006 at 1:58 pm Deixe um comentário

MICRONÉSIA

A região da Micronésia (literalmente, “pequenas ilhas” – Mikros Nesos) estende-se entre as Filipinas (a Oeste) e o Hawaii (a Leste) e a Indonésia (a Sudoeste), essencialmente no Pacífico Norte, abrangendo milhares de ilhas.

Em termos político-administrativos, reparte-se por 7 entidades: Repúblicas das Ilhas Marshal, de Kiribati e Palau, Estados Federados da Micronésia, Guam (dependência dos EUA), Ilhas Marianas (Estado associado aos EUA) e Nauru.

Mapahttp://www.mapsouthpacific.com/micronesia/index.html

23 Outubro, 2006 at 12:36 pm Deixe um comentário

MAPA OCEANO PACÍFICO

Mapa Oceano Pacífico

(via http://www.mapsouthpacific.com/pacific/index.html)

“The Pacific, greatest of oceans, has an area exceeding that of all dry land on the planet. One theory claims that the moon may have been flung from the Pacific while the world was still young.”
David Stanley, Moon Handbooks South Pacific

(via http://www.lib.utexas.edu/maps/australia/west_pacific_islands98.jpg)

Uma primeira aproximação, muito geral: Tonga, Tuvalu, Vanuatu e Kiribati (entre outros “micro-estados”) situam-se – todos – algures, no imenso Pacífico Sul, entre a Austrália e a América do Sul.

É nesta região que se situa também a parcela de terra mais isolada do resto da humanidade: a Ilha da Páscoa (Easter Is.), “um ponto perdido” no Oceano Pacífico, a meio caminho entre a costa da América do Sul e o Tahiti, distando 3 700 km do Chile (país a que pertence) e 4 050 km de Papeete (Tahiti).

23 Outubro, 2006 at 8:46 am Deixe um comentário

FERNANDO ALONSO BI-CAMPEÃO MUNDIAL FÓRMULA 1

Na corrida de despedida da Michael Schumacher, hepta-campeão do Mundo (tendo vencido 91 Grandes Prémios), o jovem piloto espanhol Fernando Alonso confirmou a revalidação do seu título mundial de Fórmula 1, que bisa, ao terminar o Grande Prémio do Brasil na 2ª posição (apenas necessitaria de 1 ponto, caso Schumacher tivesse vencido a prova); a vitória seria da Ferrari, mas por intermédio do brasileiro Felipe Massa.

O Mundial de 2006 foi dominado pelos dois pilotos, ambos com 7 vitórias cada, tendo as restantes provas sido vencidas por Felipe Massa (2 triunfos), Giancarlo Fisichella e Jenson Button (cada um com 1 vitória).

Classificação Final do Mundial de Pilotos
1º Fernando Alonso – Espanha – Renault – 134
2º Michael Schumacher – Alemanha – Ferrari – 121
3º Felipe Massa – Brasil – Ferrari – 80
4º Giancarlo Fisichella – Itália – Renault – 72
5º Kimi Räikkönen – Finlândia – McLaren-Mercedes – 65
6º Jenson Button – Grã-Bretanha – Honda – 56
7º Rubens Barrichello – Brasil – Honda – 30
8º Juan Pablo Montoya – Colômbia – McLaren-Mercedes – 26
9º Nick Heidfeld – Alemanha – Sauber-BMW – 23
10º Ralf Schumacher – Alemanha – Toyota – 20
11º Pedro de la Rosa – Espanha – McLaren-Mercedes – 19
12º Jarno Trulli – Itália – Toyota – 15
13º David Coulthard – Grã-Bretanha – RBR-Ferrari – 14
14º Mark Webber – Austrália – Williams-Cosworth – 7
15º Jacques Villeneuve – Canadá – Sauber-BMW – 7
16º Robert Kubica – Polónia – Sauber-BMW – 6
17º Nico Rosberg – Alemanha – Williams-Cosworth – 4
18º Christian Klien – Áustria – RBR-Ferrari – 2
19º Vitantonio Liuzzi – Itália – STR-Cosworth – 1

Depois da excelente época de estreia na Fórmula 1, culminada com o pódio (3º lugar) no Grande Prémio dos EUA, o português Tiago Monteiro teve este ano uma temporada mais “cinzenta”, não conseguindo atingir os pontos e completando apenas 11 das 18 provas, geralmente em posições no fundo da tabela classificativa (a melhor classificação foi obtida na Hungria, com o 9º lugar; seguida do 12º lugar no Grande Prémio da Europa).

Para além de Tiago Monteiro, também não conquistaram qualquer ponto os seguintes pilotos: Scott Speed (S. Toro Rosso), Christijan Albers (Midland), Takuma Sato (Super Aguri), Robert Doornbos (Red Bull), Yuji Ide (Super Aguri), Franck Montagny (Super Aguri) e Sakon Yamamoto (Super Aguri).

Classificação Final do Mundial de Construtores
1º Renault – 206
2º Ferrari – 201
3º McLaren-Mercedes – 110
4º Honda – 86
5º Sauber-BMW – 36
6º Toyota – 35
7º Red Bull Racing-Ferrari – 16
8º Williams-Cosworth – 11
9º S. Toro Rosso-Cosworth – 1

Apenas a Midland-Toyota (equipa de Tiago Monteiro) e a Super Aguri-Honda não pontuaram.

22 Outubro, 2006 at 11:12 pm Deixe um comentário

U. TOMAR – “CRÓNICAS DA HISTÓRIA”

O União de Tomar é um clube histórico que, ao longo dos seus mais de 90 anos de existência, proporcionou aos tomarenses momentos de grande entusiasmo e esfusiante alegria, com as suas glórias no futebol: Campeão Nacional da II Divisão, Campeão Nacional da III Divisão; mais recentemente, Campeão Distrital da I Divisão da A. F. Santarém.

Atravessa actualmente porventura uma das fases mais difíceis da sua já longa vida e necessita, de uma forma absolutamente decisiva – talvez como nunca até hoje – do apoio de todos nós.

Para que, definitivamente, não se deixe hipotecar este símbolo da cidade – porque, infelizmente, os momentos de glória fazem parte de um passado “longínquo”, que muitos não tiveram nunca a oportunidade de acompanhar – aqui apresento hoje uma crónica de jogo disputado com o Benfica (Campeonato Nacional da I Divisão – onde a equipa tomarense militou por 6 épocas, entre 1969 e 1976), publicada no jornal “A Bola”, no ano de 1969 (ou seja, há cerca de 37 anos!).


Crónica publicada em “A BOLA”, em 28 de Abril de 1969 (1ª Página)

“UNIÃO DE TOMAR, 0 – BENFICA, 4
«DOUTORAMENTO» EM TOMAR DE UM CAMPEÃO INDISCUTÍVEL

Estádio Municipal de Tomar.

Árbitro: Mário Alves, de Beja.

Juizes de linha: Joaquim Rosa (bancada) e Jorge Porta Nova

U. DE TOMAR – Arsénio (0); Kiki (2), Caló (2), Faustino (1) e Barnabé (1); Bilreiro (1), Ferreira Pinto, «cap.» (2) e Cláudio (2); Lecas (1) Leitão (1) e Alberto (2).

BENFICA – José Henrique (2); Adolfo (2), Humberto Coelho 13), Zeca 13) e Jacinto (2): Toni (1), Coluna, «cap.» (2) e Simões (2); José Augusto (2), Jaime Graça (3) e Eusébio (3).

Resultado da 1ª parte: 0-3.

Aos 6 minutos: 0-1. Contra-ataque do Benfica pela esquerda. Jaime Graça aproveitou um ressalto da bola e colocou-a portentosamente à frente de Eusébio, à custa de uma viragem espectacular feita com um toque com a parte exterior do pé direito. O guarda-redes tomarense Arsénio saiu, a tentar evitar o golo, mas Eusébio não perdeu a ocasião tocando o esférico, na «hora h», para a baliza deserta.

Aos 24 minutos: 0-2. «Canto» marcado, no lado esquerdo, por Simões. Arsénio saiu, tentou uma entrada a soco mas «falhou a bola» e JOSÉ AUGUSTO, muito oportuno, aplicou uma cabeça que fez entrar o esférico junto ao poste contrário, sem qualquer hipótese para uma intervenção «in-extremis» dos defesas de Tomar.

Aos 38 minutos: 0-3. Novo «canto» contra o conjunto tomarense desta vez do lado direito, marcado por Toni. A bola, chutada com o pé contrário, esbarrou na barra, Arsénio ficou «a assistir» e SIMÕES, na esquerda, com todo o jeito de um «centro», aplicou um pontapé pouco violento mas muito intencional que fez entrar o esférico junto ao poste esquerdo da baliza de Arsénio.

Resultado da 2ª parte: 0-1.

Depois do intervalo registou-se uma substituição na equipa do União de Tomar: Lecas cedeu o seu lugar a Totoi (1).

Aos 18 minutos: 0-4. Contra-ataque do Benfica e lançamento longo a José Augusto que correu pelo seu flanco para, quando estava em condições de rematar acorrer FAUSTINO que, em face do perigo teve um toque infeliz introduzindo a bola na sua própria baliza.

Aos 19 minutos: substituição na equipa «encarnada» saiu Toni e entrou Praia (1).

Aos 24 minutos: nova alteração no conjunto tomarense Santos (1) substituiu Bilreiro.

Aos 28 minutos: última alteração na turma benfiquista, saiu Simões e entrou Raul Águas (1).

Resultado final: 0-4.

Não. Ainda não é desta vez que o Benfica vai ter o trabalho de mandar arrancar das mangas esquerdas das suas gloriosas camisolas os escudos nacionais que identificam nos campos de todo o mundo o campeão de Portugal.

A «salva» deste ano, marcada de algumas hesitações de alguns «hiatos», de alguns «casos», enfim, de certas «coisinhas» que chegaram a pôr em dúvida, no conceito do público, a categoria da equipa benfiquista, não terá sido famosa e muita e boa gente terá pensado que finalmente, íamos ter um novo campeão, facto que de algum modo encerraria (ou interromperia) o «encarnado» que há mais de dez anos, se abriu no ambiente do «association» lusitano.

Afinal, a realidade aí está em toda a sua magnífica plenitude o Benfica acaba de conquistar o seu terceiro título nacional consecutivo oitavo das últimas dez épocas.

Para isso era preciso que, ontem no Estádio Municipal de Tomar, na derradeira jornada da prova conquistasse, ao menos um «pontinho» que seria, sem mais problemas ou condicionalismos, o segredo do êxito.

Pois… o que aconteceu neste domingo de Primavera que levou até as românticas margens do Nabão uma multidão alegre e rumorejante como nunca se vira por ali, em nenhum tempo ou oportunidade?

Apenas isto: que o campeão, em vez de se impor ao ritmo que se lhe exigia e que alguns tinham como problemático mais por «via matemática» do que por «via lógica», aplicou ao seu brioso e «arrumadinho» adversário uma derrota de proporções inusitadas nada menos do que 4-0, o maior desaire sofrido pelo conjunto nabantino neste campeonato.

Ninguém esperaria tal coisa, assim, tão clara e categórica, mas a verdade é que os milhares de pessoas que assistiram ao encontro não as que estiveram, realmente, no recinto desportivo tomarense mais as que do seu lugar, às vezes no mais instável dos equilíbrios, descontinuaram durante a hora e meia alguns metros quadrados do terreno do jogo têm de chegar à conclusão de que afinal, não aconteceu nada do outro mundo…

Não é que o Benfica tivesse, em jogo-jogado, visto do ponto de vista quantitativo, como está inculcado no sentido do espectador comum realizado uma exibição… para 4-0. Não, isso não. O que aconteceu foi que, na hora da experiência, na hora da sabedoria, na hora da astúcia, na hora da serenidade, na hora de clarividência, a turma «encarnada» fez uma cabal demonstração do seu muito valor, sem evidenciar num durante um segundo sequer, a «tremideira» típica das equipas «irrealizadas», chamadas a disputar, num ambiente de nervosismo e de «Suspense», um angustiante e dramático «jogo decisivo».

Chegou a ter qualquer coisa de impressionante o modo natural, sereno, rotineiro como o Benfica, ao primeiro apito do árbitro, se entregou à formalidade de disputar e de ganhar um jogo de que dependia um título.

Não foi o que se pode chamar frieza. Não. Foi, acima, de tudo, a «senhoria» de uma equipa absolutamente consciente do seu valor que, na «hora H», se atirou a realizar a tarefa que se lhe exigia não de um modo afobado, «cego», nervoso angustiante, mas de uma maneira certa, clara, fácil, segura.

E isto, acredite-se nada tem (e nada teve) com o corre ou não correr, o suar ou não suar, o lutar ou não lutar, o «esfarpar-se» ou não se «esfarrapar». Foi, mais do que qualquer outra coisa, um problema de controle primeiro de «self-controle», quer dizer, de pleno domínio das próprias reacções, depois do controle do jogo, que era assim a modos que uma coisa que era preciso realizar sem uma hesitação nem uma ténue amostra de… medo.

A simplicidade com que o Benfica controlou as acções do jogo quando, depois de uma verdadeira «gincana» por meio do público que extravasou dos seus lugares até às linhas limites do rectângulo do jogo começou a pôr tijolo em cima de tijolo, até à construção da vitória, convenceu tudo e todos do seu valor potencial que é muito, mesmo quando algumas das suas mais categorizadas unidades não estão na plenitude da sua «forma» ou condição. Era fácil perante um União de Tomar digníssimo que como lhe competia, se bateu valentemente, mas que não pôde disfarçar.

O jogo veio dar um ar de frescura, à 20ª jornada do campeonato, quando a grande «erosão» da prova toca a todos e, claramente, muito mais a uma equipa estreante nestas andanças, como é o caso do conjunto dirigido por Oscar Tellechea?

Agora pode parecer. Mas não, não era. Vamos mais longe: o que de algum modo tornou fácil para o Benfica este desafio de Tomar, já não dizemos quanto a números outro factor o condicionou neste aspecto, como veremos lá mais para a frente… mas em relação ao «final» do resultado, foi a desconcertante naturalidade com que os benfiquistas chegaram ali, arregaçaram as mangas e desataram a jogar, «dizendo» uns para os outros: «É, então, preciso ganhar? Pois vamos a isso, sem precipitações nem receios».

Parecendo que não, isto desconcerta um adversário que pensaria ir encontrar pela frente uma equipa angustiada, nervosa, perturbada, assim a modos que a tremer de medo do «papão tomarense».

O resto foi, tão só, jogar. E jogar inteligentemente, agora lento e «técnico», de um jeito esfriante e entorpecente, daqui a bocado rápido e corrido, de uma forma altamente perturbante por tudo e até pela surpresa que envolvia para quem se sentia «embalado» em certa toada dolente, meio romântica…

Diz-se muitas vezes que um golo cedo acontece o que, de certo modo quer dizer que ele surge dissociado do jogo, por aquelas artes de berliques e berloques que se consideram, às vezes, inerentes ao futebol.

Neste curioso desafio de Tomar não foi assim, o Benfica marcou logo a seis minutos de jogo mas «aquele golo» (ou outro qualquer…) dizia já alguma coisa primeira, sobre o modo como a turma lisboeta encarou o desafio e, depois sobre a demonstração de categoria que iria realizar sobre o rectângulo, tristemente pelado, do Estádio de Tomar.

Desprezando, inclusive, a portentosa capacidade de execução dos jogadores que o forjaram (Jaime Graça e Eusébio), aquele golo n.º 1 ficaria como a mais cabal afirmação da idoneidade técnico-táctica do conjunto de Otto Glória.

Talvez o pormenor tivesse passado despercebido a muita gente ou, então, fosse considerado uma simples «nota magazinesca» nesta hora de «futebol polivalente» para que estamos a caminhar a passos largos. Mas o golo inicial, da autoria de Eusébio, teve, na base, um «golpe táctico» marcado de surpresa e de imprevisto e, por isso, menos bem detectado (e detectável) pela muito consciente e, repetimos «arumadinha» equipa de Tomar. Foi a colocação adiantada de Jaime Graça (aliás tão denunciada, que o jogador até vestiu a camisola nº 9…) que permitiu o «baralhamento» inicial da defesa da «casa» que, decididamente não contava com aquilo.

De facto, o «4-3-3» do Benfica, constantemente reversível e, na hora do ataque, facilmente transformável em «4-2-4» pela integração de Simões nas ofensivas não era, com certeza, o que a turma tomarense esperava, Jaime Graça a fazer «dupla» com Eusébio, em alternância posicional com José Augusto.

Enquanto os homens de Tomar não «descobriram» a coisa, que, aliás, não tinha nada de coisa do outro mundo aconteceu o golo fundamental o que abria o caminho e depois amigos, marcado um golo pela equipa a que basta um empate, assobiem-lhe às botas, pois só o «stato-quo» de um zero-zero discutido taco-a-taco poderia proporcionar à turma tomarense o «segundo fôlego» típico das horas de empolamento, já tão difíceis em Abril, com oito meses de campeonato em cima…

O Benfica era melhor. O Benfica correu. O Benfica soube aplicar um golpe táctico inteligente e adequado. Que mais era preciso para que a equipa de Tomar ficasse «baralhada» a ponto de, muito pouco tempo depois de ter começado o jogo, tomasse para si, ainda que sem quebra de uma elogiável aplicação e de uma constante teimosia, um papel marcadamente subalterno e, portanto, inglório?

Foi exactamente isso o que aconteceu. À conta de sucessivos «safanões» no jogo, feitos com a super-técnica de alguns jogadores verdadeiramente fora-de-série, a equipa «encarnada» bem depressa disse às vinte e tal mil pessoas que, milagrosamente, tinham cabido no Estádio de Tomar que não havia nada a fazer no sentido de evitar a sua vitória, uma vitória mais ou menos fácil, desenhada seis minutos depois de ter começado o jogo…

Mas houve mais factores a dizerem ao público que, por mais que «estrebuchasse» (e «estrebuchou») a turma de Tomar, lhe era pràticamente impossível pôr em xeque o Benfica.

Entre esses factores, dois atingiram especial relevância:

A forma eficiente, serena, assisada, regular, metronómica como jogou a defesa do Benfica em face do ataque adversário um ataque híbrido, agora de «toquezinhos» sem progressão, daqui a pouco de lançamentos longos, típicos do cediço futebol dos campos pelados.

O árbitro volta a falar com a polícia. Depois é um fiscal-de-linha que vai inspecionar.

Finalmente, já alguns minutos depois da hora, chega-se à conclusão de que está tudo em ordem. E o jogo começa mesmo.

Os jogadores do Benfica tocam na bola e começam a ouvir-se as rocas e as palmas. As gargantas começam a gritar.

O público do União mantém-se silencioso. Uma ou outra manifestação, aqui ou ali. Em Tomar, o União está a jogar «fora de casa».

Logo no primeiro minuto, Alberto atira a bola para dentro da baliza do Benfica. O árbitro apitara antes. O público quase não protesta.

É muito diferente, quatro minutos depois, quando Eusébio marca o primeiro golo a valer.

Começa o delírio. As bandeiras acenam. É a grande festa de um título chamado folclore começada a viver naquele domingo, muito cedo.

As pessoas junto à linha lateral são sustidas a custo pela polícia. Por causa das «omissões».

Aos doze minutos o árbitro assinala «canto» contra o União de Tomar. Eusébio quer marcar. Não consegue tomar balanço. Tem que pedir licença ao público para o deixarem correr para a bola. A polícia empurra mais um bocadinho. Então a «pantera» consegue, finalmente, marcar o castigo.

O árbitro assinala um «livre» contra Tomar. Ouvem-se mais alguns protestos. Um dos espectadores, à nossa frente, que via com dificuldade o rectângulo pergunta: – Mas quem é este árbitro?

Entra em campo uma banda. Com gaita-de-foles e tudo. Explicam-nos:
– Vieram para cá de manhã. Acordaram toda a gente com «aquela» música. E continuam.

O público bate palmas por tudo. Aplaudiu também quando viu a banda passar.

Junto ao marcador, um adepto, calças castanhas, camisola esverdeada, levantou-se finalmente. Limpou as calças. Ele tinha assistido ao desafio de joelhos. Mas não foi promessa. Tinha chegado já tarde e só nessa posição é que o deixou ficar o espectador diante do qual ele se veio postar.

Grande euforia à volta do rectângulo. Alguém comenta:
– Só não há mais barulho porque as pessoas não se podem mexer.

Começa a segunda parte. Surge o quarto golo. Desta vez, os aplausos já são poucos. As gentes do Benfica estão decididamente a guardar-se para o grande assalto do fim do jogo.

Tomar ataca. Um remate sai ao lado da baliza de José Henrique. Um espectador adianta-se e entrega a bola ao «seu» guarda-redes. Vem o polícia. Repreende-o com gestos espalhafatosos. Empurra-o para trás. O espectador atrevido cai para cima de outros espectadores que nada tinham feito, senão ver o jogo.

Toca a sirene. Diz um engraçado: – O chefe dos bombeiros é do Benfica.
Mas era mesmo fogo. A sirene continua a tocar. Os bombeiros deviam estar todos a ver o jogo. Correm para fora do campo. Pedem passagem. Têm dificuldade em abrir caminho.

O engraçado continua:
– O Porto já está a arder.
A sirene continua a tocar.

Faltam três minutos para acabar. Já há espectadores dentro do campo.

A polícia intervém. Como sempre. Empurra, como sempre. O «liner», diz um «amigo da onça»:
– É o Salvador Garcia.
– Ainda bem. Então temos o jogo repetido pela certa e, no «bis» venho para cá de véspera e arranjo um bom lugar.

Como se sabe, há mau ambiente em Tomar para com o árbitro lisboeta que esteve na base da repetição de um jogo com o Beira-Mar.

O União de Tomar joga de branco. Um espectador com pronúncia nortenha, grita:
– Vamos embora, Ajax!

Aos vinte e quatro minutos, o segundo golo. Nova «explosão». A nossa frente, um adepto esfrega as mãos.

– «Está no papo». Vamos embora, Benfica!

Aos trinta e sete minutos, mais um golo.

– É o fim! Somos campeões!

Dois suplentes do Benfica entram em campo. Abraçam os seus colegas. Volta a falar-se de «omissões».

No meio da confusão, o público «conquista» mais alguns centímetros e aproxima-se mais da linha. A polícia está distraída. Não há empurrões.
Há três a zero mas, lá em cima, no «placard» continua zero a zero.

Comentário de um bem-humorado:
– Não deixaram o homem do marcador chegar lá a cima.

O árbitro apita para o intervalo. Rebentam finalmente, os primeiros foguetes. Com o título na mão, a multidão descontrai-se. Aproxima-se mais ainda da linha lateral.

Comentários
– Agora até é preciso pedir licença para se marcar um «fora».

A polícia tem que fazer algo para deixar os jogadores sair do campo. Já havia adeptos a pedir camisolas. Diz um jogador: – E depois, como é que a gente joga?

Sinos, chocalhos, rocas. Tudo a tocar tudo a fazer barulho. Espera-se o último apito. Então é a grande corrida para dentro do campo. A polícia nada pode fazer. Os jogadores atiram as camisolas para o ar e fogem em direcção das cabinas.

Alguém pede a camisola a um jogador do Tomar.
– Mas nós não somos campeões…
– Mas é uma recordação deste jogo.

As camisolas dos jogadores do Benfica já estavam «esgotadas». E bem guardadas pelos felizes possuidores. Por causa das confusões.

José Augusto é passeado em ombros. Tronco nu acena. A sua volta, bandeiras e mais bandeiras. Gritos «Benfica», «Benfica», o jogador do Benfica andou em triunfo até que a polícia o foi «libertar».

Raul Águas gostou de ser passeado. Pareceu ficar triste quando a polícia o foi buscar. Era uma «estreia» para o jovem jogador.

Além das camisolas, havia botas nas mãos dos adeptos mais felizes. O Carnaval no estádio ia acabar. Mas ia continuar noutros locais.

Foi o cortejo pela estrada fora. As bandeiras nas antenas dos carros, a esvoaçar. Nas adegas os copos a encher-se, os túneis a esvaziar-se.

Festa é Festa! Viva a Festa! Viva o Campeonato!”

JORGE SCHNITZER

22 Outubro, 2006 at 11:13 am Deixe um comentário

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Convicto da compreensão da inexistência de intenção de prejudicar terceiros, não obstante, agradeço antecipadamente a qualquer entidade que se sinta lesada pela apresentação de algum conteúdo o favor de me contactar via e-mail (ver no topo desta coluna), na sequência do que procederei à sua imediata remoção.

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