“HOJE”, HÁ 30 ANOS
“Hoje”, há 30 anos, muitos livros, muitos filmes, muitas músicas, eram proibidos.
No dia 24 de Abril de 1974, o que foi publicado nos jornais foi visado por uma comissão de censura prévia.
“Hoje”, há 30 anos, a maior parte da população portuguesa não dispunha de uma casa de banho, nem de frigorífico, nem de televisão.
No dia 24 de Abril de 1974, a “Coca-Cola” era proibida em Portugal.
“Hoje”, há 30 anos, existia uma polícia política que torturava os presos nas cadeias.
No dia 24 de Abril de 1974, cerca de metade das casas em Portugal não dispunham de água canalizada.
“Hoje”, há 30 anos, Portugal vivia sob um regime ditatorial, em que a liberdade de expressão era reprimida.
No dia 24 de Abril de 1974, milhares de jovens portugueses combatiam em guerras perdidas e sem sentido, em Angola, na Guiné e em Moçambique, nas quais mais de 8 000 perderam a vida, para além de mais de 15 000 que sofreram deficiências permanentes.
“Hoje”, há 30 anos, os partidos políticos não eram permitidos em Portugal.
No dia 24 de Abril de 1974, Portugal não fazia parte dos 25 países mais ricos do mundo.
“Hoje”, há 30 anos, cerca de 1/3 dos portugueses não sabiam ler nem escrever; as mulheres não tinham (nem sequer “no papel”) os mesmos direitos que os homens.
No dia 24 de Abril de 1974, a maior parte dos portugueses não dispunha de assistência médica, nem de cuidados de saúde essenciais.
“Hoje”, há 30 anos, os portugueses não poderiam ousar imaginar que Portugal viria a ser um dos países desenvolvidos com maior crescimento em todo o Mundo.
No dia 24 de Abril de 1974, os portugueses não sabiam ainda que, no dia seguinte, não iriam cumprir as “instruções” do “Posto de Comando das Forças Armadas”, que lhes recomendavam que não deveriam sair à rua.
“Hoje”, há 30 anos, um jovem capitão preparava-se para entrar em Lisboa e concretizar uma Revolução que, ordeiramente, parava perante os semáforos vermelhos.
P. S. Ler também outra visão do 25 de Abril “do outro lado” (em África), num texto de Elizabeth Ceita Vera Cruz: “O dia em que as comportas se abriram“.
P. S. 2 – A partir de hoje à noite, e amanhã, durante todo o dia, convido-o a relembrar uma pequena cronologia dos acontecimentos: “Há 30 anos, a esta hora”.
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