UMBERTO ECO – O PÊNDULO DE FOUCAULT (III)
“Sucede tudo com São Bernardo. Lembram-se de São Bernardo, não? Grande organizador, reforma a ordem beneditina, elimina as decorações das igrejas, quando um colega o irrita, como Abelardo, ataca-o à McCarthy, e se pudesse mandava-o para a fogueira. Não podendo, manda queimar os seus livros. Depois prega a cruzada, arememo-nos e partam…
Bernardo intui logo que a ideia deve ser cultivada, e apoia aqueles nove aventureiros, transformando-os numa Militia Christi, digamos mesmo que os Templários, na sua versão heróica, os inventou ele.
Em 1128 convoca um concílio em Troyes precisamente para definir o que são aqueles novos monges-soldados, e alguns anos mais tarde escreve um elogio desta Milícia de Cristo, e prepara uma regra de setenta e dois artigos, divertida de ler porque mete de lá tudo.
Missa todos os dias, não devem conviver com cavaleiros excomungados, mas se um deles solicitar a admissão no Templo devem acolhê-lo de maneira cristã, e vêem assim que eu tinha razão quando falei de legião estrangeira.
Usarão mantos brancos, simples, sem peles, a menos que sejam de cordeiro ou de carneiro, proibido usar calçado recurvado e macio como está na moda, dorme-se em camisa e cuecas, um colchão, um lençol e um cobertor.”
[1210]
Entry filed under: Livro do mês.



