O Pulsar do Campeonato – 21ª Jornada
5 Março, 2023 at 11:00 am Deixe um comentário
(“O Templário”, 02.03.2023)
Um golo no “último suspiro” do jogo (aos 90+6 minutos), obtido na conversão de uma controversa grande penalidade, permitiu ao U. Tomar evitar a derrota caseira ante o Alcanenense, minimizando os danos: mantém esse rival à distância de oito pontos – agora com pouco mais do que esperanças “matemáticas” de poder vir a chegar ainda ao título –, assim como subsiste o avanço de cinco pontos face ao Amiense. O que, em paralelo, parece apontar no sentido de uma disputa a dois, com o Fazendense a recuperar os dois pontos que tinha perdido na ronda anterior.
Destaques – Era o “jogo-grande”, colocando frente-a-frente dois dos mais fortes conjuntos do Distrital, no qual a turma de Alcanena jogava uma espécie de “última cartada”, só a vitória lhe servindo para continuar a acalentar aspirações ao 1.º lugar. E, fiel ao seu modelo, com uma defesa sólida e o avançado mais eficaz na presente temporada, esteve prestes a alcançar o seu objectivo.
O União entrou em campo com algumas cautelas, mas, sobretudo, sem o ritmo necessário para desbloquear a compacta organização do adversário. O Alcanenense, parecendo mais confortável com as bases em que a partida fora lançada, aproveitaria um lance de bola parada para se colocar em vantagem no marcador, à passagem da meia hora.
Procurou reagir o grupo da casa, mas, numa desconcentração defensiva, os forasteiros ampliariam mesmo para 2-0, praticamente a findar a primeira metade. Perante um adversário de grande valor, com tudo a correr a seu favor, os tomarenses enfrentavam uma enorme “montanha a escalar”.
A equipa unionista entraria como que transfigurada para os segundos 45 minutos, corajosa, assumindo a responsabilidade de ir “atrás do prejuízo”, tendo dois lances de perigo logo na fase inicial, mas que, contudo, não conseguiu materializar em golo.
Esse golo, que faria a equipa acreditar ainda mais, acabaria por surgir a meio desta etapa complementar. E o União poderia até ter igualado a cerca de um quarto de hora do final. Mas, claro, corria fortes riscos, sujeito a sofrer novo tento, que, a ter ocorrido, sentenciaria o desfecho.
O Alcanenense terá confiado em demasia, e, já nos instantes finais do encontro, num lance confuso na grande área, o árbitro terá sancionado um contacto com a mão, assinalando o “penalty”, que Leandro Filipe marcou, “sem tremer”, fixando o resultado no empate a duas bolas.
Um golo que poderá vir a revelar-se crucial nas contas finais do campeonato; no imediato, terá evitado o efectivo ressurgir do Alcanenense na luta pelo título (para além dos oito pontos de atraso face ao União, tem também desvantagem de seis pontos em relação ao Fazendense) – sendo que o clube de Alcanena não solicitara, aliás, o licenciamento para admissão ao campeonato nacional.
Outra partida de especial interesse era a que opunha Amiense e Fátima, duas das equipas a atravessar notável momento de forma: os donos da casa tinham em curso a melhor série de entre todos os concorrentes, com seis vitórias e um empate nas sete rondas precedentes; os fatimenses seguiam com cinco vitórias e um empate nas últimas seis jornadas. E o embate não terá ficado aquém das expectativas… excepto no que aos golos diz respeito, não tendo sido desfeito o nulo.
Num confronto em circunstâncias diametralmente opostas, cruzavam-se, em Ferreira do Zêzere, os ferreirenses, num ciclo de quatro derrotas e um empate, e o Abrantes e Benfica, também sem vencer há cinco jogos, nos quais não fora além de dois empates.
A turma da casa confirmaria o seu mau momento, ampliando para seis o número de jornadas sem ganhar (nas quais obteve um único ponto), perdendo (1-2) pela quinta vez em casa, vendo o rival aproximar-se, encurtando a diferença para apenas dois pontos. Os abrantinos marcaram aos 20 e aos 70 minutos, com o Ferreira do Zêzere a chegar ao “ponto de honra” a dois minutos do final.
Confirmações – Numa jornada sem especiais surpresas a assinalar, os resultados dos restantes cinco encontros enquadram-se na lógica, atendendo ao desempenho geral das várias equipas.
O Fazendense ainda consentiu o tento do empate ao Águias de Alpiarça, a findar o primeiro tempo, mas, na segunda parte, selaria, com naturalidade, a vitória (3-1) com outros dois tentos.
Mais intenso foi o desafio entre Mação e Torres Novas, incluindo reviravolta no marcador, com os maçaenses, já na fase final, a conseguir triunfar por 3-2, depois de os torrejanos terem estado em vantagem durante boa parte do jogo; uma vitória que lhes possibilita isolarem-se no 5.º posto.
Isto em articulação com o resultado do Samora Correia, que, tendo estado, por duas ocasiões, em vantagem no marcador em Ourém, permitiu ao At. Ouriense restabelecer a igualdade outras tantas vezes, com o tento que garantiria o 2-2 final a ser apontado a um minuto do termo do encontro. Tal como o Fátima (e, antes, o Salvaterrense), também o At. Ouriense parece a salvo da descida.
Justamente, o Salvaterrense bateu, por categórico 3-0, o Cartaxo, mantendo a 7.ª posição, agora somente a três pontos do Samora Correia. Quanto aos cartaxeiros (tendo acumulado nove desaires nas dez últimas jornadas) caíram no penúltimo lugar, cada vez em situação mais delicada.
No embate entre os que eram os dois últimos classificados, o Entroncamento esteve largo período a ganhar, mas o Benavente empataria (1-1) ainda com meia hora para jogar. Os benaventenses, igualados com o Cartaxo na tabela, distam agora quatro pontos do Abrantes e Benfica; sendo que os homens da cidade ferroviária se posicionam ainda outros quatro pontos mais abaixo.
II Divisão Distrital – Ainda com três jornadas por disputar garantiram já a qualificação para a fase final, de apuramento de Campeão e de promoção à I Divisão Distrital, o Moçarriense e o Riachense – tendo o Tramagal muito bem encaminhado tal objectivo, após a concludente vitória frente a um adversário directo, Vasco da Gama, averbada em terreno alheio, por 3-0.
O U. Almeirim, batido em casa, também por 0-3, pelo Marinhais, ficou arredado de tais aspirações, sendo três os candidatos, disputando duas vagas: Forense, Marinhais e Espinheirense.
Campeonato de Portugal – O U. Santarém cumpriu a sua missão, indo ganhar a Alcains, mesmo que por tangencial 2-1, partilhando o 3.º posto com o Marinhense, a dois pontos do Pêro Pinheiro (mas este com um jogo a menos), que derrotou o Coruchense pela mesma marca. O grupo do Sorraia, também com menos um jogo, mantém-se a três pontos da “linha de água” (Mortágua).
Antevisão – A próxima jornada é rica em embates de grande expectativa, envolvendo, em especial, os quatro emblemas do topo da tabela. Teremos, desde logo, um empolgante Alcanenense-Fazendense (restando saber como reagirá o conjunto de Alcanena), assim como o Benavente-U. Tomar, com os dois primeiros a ser colocados, uma vez mais, à prova. Por seu lado, o Amiense, recebendo o Ferreira do Zêzere, terá de estar atento à possibilidade de os ferreirenses conseguirem, de alguma forma, voltar a aproximar-se do rendimento da metade inicial da época.
Na II Divisão, as atenções estarão focadas, a Sul, nas partidas Forense-Moçarriense e Marinhais-Espinheirense, sendo que este jogo poderá ser decisivo nas contas do apuramento para a fase final; assim como, a Norte, no Caxarias-Riachense, onde os donos da casa jogam cartada crucial.
No Campeonato de Portugal o U. Santarém recebe o Sertanense (que reparte o 7.º lugar com o Mortágua), estando o Coruchense “obrigado” a ganhar ao antepenúltimo classificado, Loures.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 2 de Março de 2023)
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