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Niki Lauda (1949-2019)
Quando comecei a acompanhar a Fórmula 1, no ano de 1976, Niki Lauda acabara de se sagrar, pela primeira vez, Campeão do Mundo, à frente de Emerson Fittipaldi.
Pilotando um monolugar da mítica Ferrari, tornara-se já no meu primeiro ídolo, ainda antes do terrível acidente de Nürburgring, a 1 de Agosto, de que escapou miraculosamente, com severas queimaduras, retirado do bólide em chamas por Arturo Merzario, Brett Lunger, Guy Edwards e Harald Ertl.
Liderava já, nessa altura, de forma absolutamente destacada, o campeonato – após os nove primeiros Grandes Prémios da temporada -, com 58 pontos, face a apenas 35 pontos de James Hunt.
Não foi sem o que então me pareceu uma forte injustiça, que vi Lauda, gradualmente – após período de convalescença que o afastou das pistas durante cerca de mês e meio – ir perdendo a sua vantagem. Quando regressou, a 12 de Setembro, em Monza, o seu avanço face a Hunt reduzira-se somente a 2 pontos – que ampliaria ainda, nesse dia (mercê de um extraordinário desempenho que lhe proporcionou um excelente 4.º lugar), para 5 pontos. Entretanto, surgiria a notícia da desqualificação de Hunt na corrida da Grã-Bretanha, o que recolocava então a vantagem de Lauda em 17 pontos!
Contudo, os dois triunfos do inglês no Canadá e nos EUA apertaram a diferença para uma estreita margem de três pontos. A retirada do austríaco (à semelhança do que fizeram também, por exemplo, Fittipaldi e José Carlos Pace) na derradeira prova, no Japão – numa pista em perigosíssimas condições, inundada pela água -, permitiram a James Hunt (3.º classificado, a uma volta de Mario Andretti), pela primeira vez em toda a época, assumir o comando, sagrando-se Campeão do Mundo, por um ponto!
Depois de recuperar – logo no ano imediato – o título de Campeão do Mundo, que ingloriamente deixara escapar em 1976 (ganhando então com uma clara vantagem de 17 pontos sobre o 2.º classificado, Jody Scheckter, com James Hunt a terminar o campeonato em 5.º, a 32 pontos do vencedor), e após ter mudado para a Brabham em 1978, Lauda retirar-se-ia das pistas no final do ano de 1979.
Regressaria em 1982, na McLaren, para, no ano de 1984, obter, de forma absolutamente fantástica (tendo somado três triunfos e três segundos lugares nas sete últimas provas) – com o 2.ª posição alcançada na derradeira corrida (depois de sair do 11.º posto da grelha de partida), no Grande Prémio do Estoril, no retorno da Fórmula 1 a Portugal, após um interregno desde 1960 -, o seu terceiro título de Campeão do Mundo, superando o seu colega de equipa, Alain Prost, por 0,5 pontos de vantagem!
Ao longo da sua magnífica carreira, figurando como um dos maiores ícones da modalidade rainha do automobilismo, venceu 25 Grandes Prémios, obteve 24 “pole positions”, tendo subido ao pódio por 54 vezes.