O Pulsar do Campeonato – 1ª Jornada
23 Setembro, 2018 at 11:00 am Deixe um comentário
(“O Templário”, 20.09.2018)
A ronda inaugural da 95.ª edição do Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Santarém, disputada no passado fim-de-semana, começou já a dar as primeiras indicações do que poderá vir a ser esta época futebolística, com os dois clubes despromovidos do Nacional, Coruchense e Alcanenense, a registar expressivas vitórias, assim como, por outro lado, foi igualmente bem afirmativo o triunfo averbado pelo recém-promovido do escalão secundário, U. Santarém. Integram assim, com o surpreendente Glória do Ribatejo, o quarteto da liderança.
Destaques – O resultado alcançado pelos escalabitanos (vitória por 4-2, na recepção ao Cartaxo) é, aliás, o principal destaque da jornada, dado ter sido registado perante o teoricamente principal candidato ao título, numa partida empolgante, repleta de cambiantes e reviravoltas no marcador, em que os donos da casa, mesmo depois de se terem visto em desvantagem, não abdicaram de lutar pelo triunfo, tendo conseguido uma sensacional vitória, a prometer muito para o que poderá ser esta temporada de regresso ao principal escalão, após três anos de ausência.
O Coruchense – que conquistou o título de Campeão nas suas duas últimas participações na competição, em 2015 e em 2017 – começou da melhor forma este regresso ao Distrital, indo vencer por convincente marca de 3-1 (com dois tentos de Joel) num difícil terreno, daquela que foi a equipa sensação da época anterior, Ferreira do Zêzere (4.º classificado, somente a um ponto do vice-campeão), principiando, desde já, a marcar uma posição em termos de uma possível nova candidatura ao título.
Por curiosidade, anota-se que os três clubes melhor posicionados na última edição do campeonato, de entre os que se mantêm no Distrital (U. Tomar, Torres Novas e Ferreira do Zêzere) foram, todos eles, derrotados, nesta ronda de abertura.
Realce também, portanto, para o Alcanenense, ao bater o U. Tomar por inapelável desfecho de 3-0. Tal como sucedera na quarta-feira, na final da Supertaça Dr. Alves Vieira (com o pesado desaire de 0-4 ante o Campeão Distrital em título, Mação), os unionistas estão a pagar muito caro o preço da juventude e alguma falta de experiência da equipa, condicionante exponenciada pela lesão sofrida pela sua principal referência dentro de campo, a nível de “voz de comando”, o capitão Nuno Rodrigues, forçado a abandonar o terreno ainda numa fase prematura do desafio.
Nesta partida, os tomarenses assumiram a iniciativa, logo desde o seu início, dominando claramente durante a primeira meia hora, beneficiando de algumas ocasiões de perigo… mas sem conseguir materializar tais oportunidades em golo. Depois de uma extraordinária série de 36 jogos sempre a marcar (incluindo todos os 34 encontros disputados na época anterior, e recuando ainda à derradeira jornada da temporada de 2016-17), este foi o segundo jogo sucessivo em branco para os “rubro-negros”.
Tendo sofrido o tento inaugural mesmo ao cair do pano da primeira parte (na sequência de um canto), uma grande penalidade “desnecessária” a abrir a segunda parte praticamente sentenciou o desfecho do desafio, o que se agravou com uma expulsão sofrida, deixando o U. Tomar em inferioridade numérica, acabando por vir a ser ainda castigado com terceiro golo, já mesmo a findar o embate. Um resultado deveras penalizador, consentido perante um adversário que, pelo que exibiu neste encontro, será de nível inferior ao dos nabantinos.
Surpresas – A maior surpresa desta ronda foi protagonizada pelo Glória do Ribatejo, promovido da II Divisão, que recebeu e bateu o Torres Novas, por tangencial 1-0 – curiosamente, repetindo o triunfo (2-1) que obtivera já, perante o mesmo adversário, há cerca de três anos e meio, então em partida da Taça do Ribatejo.
Também o outro grupo do município de Salvaterra de Magos, o Marinhais, igualmente recém-promovido, de regresso ao principal escalão após uma longa ausência de 14 temporadas, conseguiu um positivo e porventura inesperado resultado, forçando o empate a duas bolas na visita a Samora Correia, teoricamente um conjunto com maiores argumentos.
Confirmações – Em Amiais de Baixo, confirmou-se a dificuldade que constitui, para qualquer opositor, a deslocação ao reduto do Amiense, com outro dos principais candidatos ao título, U. Almeirim, a não conseguir melhor que uma igualdade, também a dois tentos (com Moleiro e Persi Mamede ambos a bisar), arrancando já com atraso em relação ao Coruchense e U. Santarém, e não tendo aproveitado na plenitude os deslizes de Cartaxo, U. Tomar ou Torres Novas.
Por fim, em Fazendas de Almeirim, Fazendense e At. Ouriense não conseguiram desfazer o nulo, que persistiu até final dos noventa minutos de jogo, num desfecho de alguma forma expectável, entre duas equipas que aparentam apresentar-se de nível equilibrado.
Antevisão – Na segunda jornada da I Divisão Distrital, avulta como partida de maior cartaz o aliciante embate entre Coruchense e U. Santarém, precisamente os dois clubes que mais começaram por se evidenciar, logo na ronda inaugural da prova.
No que respeita aos principais candidatos que iniciaram mal as respectivas campanhas nesta época, o Cartaxo recebe a visita do Glória do Ribatejo, protagonista da principal surpresa no passado fim-de-semana, apresentando-se os visitados claramente favoritos, enquanto o U. Almeirim defronta, também no seu terreno, o Ferreira do Zêzere, conjunto que, em princípio, deverá ter dificuldades em evitar segunda derrota sucessiva, perante o potencial do oponente.
De interesse será também a partida entre Torres Novas e Alcanenense, com os torrejanos a pretender rectificar a “má imagem” deixada na estreia, mas defrontando um adversário bastante moralizado com o triunfo obtido ante os tomarenses.
Por fim, nota de realce ainda para o U. Tomar-Samora Correia, um confronto entre dois conjuntos de poderio similar, também de entre os mais cotados do Distrital, em que o factor casa poderá assumir relevância, desde que os unionistas se consigam reencontrar com os golos… e voltar a ter a necessária concentração na defesa da sua baliza.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 20 de Setembro de 2018)
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