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O Pulsar do Campeonato – Taça de Portugal
(“O Templário”, 13.09.2018)
Ainda antes do arranque dos campeonatos distritais, quatro clubes do Distrito participaram no passado fim-de-semana na 1.ª eliminatória da 79.ª edição da Taça de Portugal (competição iniciada na época de 1938-39, a qual não se disputou nas temporadas de 1946-47 e 1949-50): os dois únicos representantes no Campeonato de Portugal, Fátima e Mação, assim como o vencedor da Taça do Ribatejo e vice-campeão Distrital, União de Tomar, para além do 3.º classificado do campeonato distrital, Torres Novas.
Independentemente da faculdade de repescagem para a 2.ª eliminatória, por sorteio – de que acabariam por vir a beneficiar o Fátima e o Torres Novas –, num balanço muito pouco favorável, o U. Tomar foi a única equipa do Distrito que, dentro de campo, garantiu o apuramento para a fase seguinte da prova, na qual receberá a visita do Vilafranquense.
Destaque – O primeiro grande realce desta nova temporada vai para o triunfo averbado pelo U. Tomar na deslocação a Idanha-a-Nova, onde – apoiado por uma entusiasta falange de adeptos, dando corpo à “festa da Taça” – defrontou o Clube União Idanhense, 3.º classificado do distrital da Associação de Futebol de Castelo Branco (“repescado” para a Taça de Portugal, dado que os dois primeiros do respectivo campeonato, Alcains e V. Sernache, se defrontaram na final da Taça Distrital, à semelhança do que sucedeu no distrital de Santarém).
Apesar do tempo quente e abafado que se fazia sentir as duas formações entraram em campo – um bonito estádio, muito bem enquadrado na paisagem envolvente, com um relvado em boas condições – com espírito positivo e ambição, em busca do golo, logo a partir dos instantes iniciais, com oportunidades repartidas: logo a abrir, para os tomarenses, e, praticamente de imediato, para os idanhenses, isto ainda antes de decorridos os cinco minutos iniciais.
De seguida, os donos da casa procuraram afirmar a sua condição, empurrando os nabantinos para o seu meio-campo, que, durante cerca de um quarto de hora, denotaram alguma dificuldade em assentar o jogo. Por volta dos trinta minutos, a partida entraria numa toada mais lenta e de maior equilíbrio, sem predomínio claro de nenhum dos contendores.
Num período de boa eficácia, o U. Tomar teria então a felicidade de marcar – por duas vezes – em momentos capitais do desafio, o que lhe proporcionaria uma grande tranquilidade, quase até ao termo do encontro: o tento inaugural surgiria pouco depois dos 40 minutos, à beira do intervalo, na sequência de um livre, com um oportuno desvio de cabeça, de belo efeito, de Allan Santos, a anichar a bola no fundo da baliza, sem hipóteses para o guardião contrário; depois, à passagem dos dez minutos da segunda metade, seria a vez de João Pedro Nascimento, com um bom remate, ampliar a contagem, e, praticamente, definir o desfecho da eliminatória.
Não obstante, a turma do Idanhense, embora já sem a confiança anteriormente revelada, não abdicaria de procurar inverter o rumo dos acontecimentos, voltando a pressionar com insistência junto da baliza unionista, criando alguns lances de perigo, com o guardião Nuno Ribeiro e o capitão Nuno Rodrigues com atentas intervenções, fundamentais para salvaguardar a vantagem.
Após uma fase em que os visitados pareciam começar a estar já “conformados” com a sua sorte, tendo entretanto o U. Tomar voltado a dispor de alguns lances de contra-ataque, em que poderia ter “arrumado” com o jogo, a equipa da Idanha chegaria enfim ao golo, num lance de muito boa execução, num remate de meia distância, em arco, ao canto superior da baliza, sem hipóteses para o guarda-redes. Faltavam então já menos de cinco minutos para o final do tempo regulamentar, mas, somando o período de compensação, foram cerca de dez minutos de algum sofrimento e tensão para as hostes tomarenses, que poderiam ter sofrido o golo do empate, como, paralelamente, tiveram ainda nova soberana ocasião para marcar o terceiro tento.
Todavia, o marcador acabaria por não se alterar e, no final, jogadores, corpo técnico, dirigentes e adeptos unionistas extravasaram a alegria da vitória e do apuramento, importante não apenas em termos desportivos, mas também a nível financeiro: aos 3.000 euros de prémio de participação na prova, o clube soma agora 4.000 euros de prémio de qualificação para a 2.ª eliminatória (fase que não atingia desde a já distante temporada de 2000-01).
Confirmação – Com os clubes do Distrito com uma missão de grau acrescido de dificuldade, devido ao facto de, todos eles, terem actuado como visitantes, o Torres Novas (3.º classificado do Distrital) seria batido (0-2) pelo vice-campeão da Associação de Leiria, G. R. Amigos da Paz (que, na época finda, se quedou somente um ponto atrás do Campeão distrital, Peniche).
Surpresas – Menos expectáveis seriam as derrotas do Mação, e, sobretudo, do Fátima. De facto, os maçaenses, campeões distritais em título, promovidos ao Campeonato de Portugal – escalão no qual, depois de uma estreia vitoriosa, registam uma série negativa, de três desaires sucessivos, ocupando lugar (14.º) na zona perigosa da tabela – visitaram Condeixa-a-Nova, onde encontraram o vice-campeão distrital da Associação de Coimbra, que fazia a sua estreia em competição na presente temporada, vindo a ser desfeiteados por tangencial marca de 2-3.
Pior fez o Fátima, muito aquém das expectativas, tendo sido derrotado em Oleiros por 0-2, perante um adversário que milita na mesma série do Campeonato de Portugal e que, até à data, ainda não havia vencido nas quatro partidas anteriormente disputadas (tendo como melhor resultado um único empate), ocupando a posição de “lanterna vermelha” da prova. Conforme referido, os fatimenses, tal como os torrejanos, acabaram por ser bafejados com a repescagem.
Antevisão – Ainda antes do arranque da I Divisão Distrital, foi agendada, para esta quarta-feira, a disputa da Supertaça do Ribatejo, entre o Campeão, Mação, e o vencedor da Taça, U. Tomar.
No que respeita ao campeonato – que terá a sua ronda inaugural neste fim-de-semana –, antevê-se intensamente disputado, numa competição “muito aberta”, perfilando-se como formações com maiores ambições ao título as do Cartaxo (reforçada com o melhor marcador, Wemerson Silva) e do U. Almeirim, a par, porventura, dos despromovidos do Nacional, Coruchense (que, aliás, foi o Campeão nas suas duas últimas participações) e a “incógnita”, Alcanenense; talvez numa segunda linha, mas visando também intrometer-se em tal disputa, surgirão as equipas do U. Tomar e Samora Correia – isto sem esquecer outros nomes históricos do futebol distrital, como Torres Novas, Fazendense, Amiense, At. Ouriense ou o recém-promovido U. Santarém.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 13 de Setembro de 2018)