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U. Tomar – Centenário (XXXVI)
(“O Templário”, 05.06.2014)
Infelizmente, a passagem pela II Divisão, na temporada de 1983-84, seria bem efémera, com uma traumática despromoção, na derradeira jornada, em situação de igualdade pontual com Beira-Mar e Caldas – com a equipa a ser surpreendida por um desempate a três, em que tinha desvantagem, quando se tinha “preparado” para um eventual desempate apenas a dois…
De regresso à III Divisão, a época de 1984-85 finalizaria de forma absolutamente inconcebível à partida, com segunda despromoção sucessiva, e o regresso ao Distrital, vinte anos depois, traduzindo uma verdadeira “queda no abismo”.
O clube encetaria então, nos anos seguintes, nova trajectória de recuperação de posições na hierarquia do futebol nacional, a qual culminaria com a excelente campanha na época de 1987-88, em que, para além da carreira no campeonato, de que trataremos na próxima semana, teve também desempenho meritório na Taça de Portugal, tendo sido a equipa dos Distritais que mais longe chegou na prova, única a atingir os 1/32 Final, eliminatória em que defrontaria o Salgueiros, então a militar na I Divisão, em desafio disputado na terça-feira de Carnaval, 16 de Fevereiro de 1988.
No “lançamento do jogo”, recordava e antecipava David Borges: «Não é um «distrital» qualquer o União de Tomar… É um clube com história no futebol português, acidentalmente caído no abismo. Já pertenceu à I Divisão, teve grandes jogadores nas suas equipas, mata, agora, saudades ao defrontar o Salgueiros, diante de quem tentará uma gracinha… possível.»(1)
E, no campo, quase esteve mesmo para haver “tomba-gigantes”! Perante uma assistência de dez mil espectadores (lotação praticamente esgotada), foi dia de festa em Tomar: «Quando Eira aos 23 minutos inaugurou o marcador levantando o público dos seus lugares, pensou-se que se estava a caminho da concretização do sonho.»(2)
«O União, tal como lhe competia, começou com precauções defensivas, actuando com o «capitão» Paulo Moura (belo jogador!) a «líbero», atrás dos centrais Bola e Eira, os quais não concediam um palmo de terreno, respectivamente, a Constantino e a Pita. E, perante este dispositivo táctico, o Salgueiros viu-se e desejou-se para chegar com êxito às balizas do sereno Jorge. […]
Perante a passividade dos salgueiristas, que lateralizavam os lances, os locais começaram a acreditar, tornaram-se atrevidos e (pasme-se!) puseram a nú todas as carências defensivas do clube da cidade invicta que, então, passou por momentos de grande apuro, vendo-se em sérias dificuldades para travar a velocidade de Ferreira, pelo flanco direito (Casimiro nunca esteve no lugar…), enquanto o chileno Vitor Romero, um jovem que actuou na Suécia, dava cartas a meio-campo. […]».»(3)
Porém, «quando já toda a assistência pensava na possibilidade do prolongamento Constantino partindo da posição irregular de fora de jogo obteve o segundo golo que ditaria a eliminação da equipa tomarense […].«(4) Titulava o jornal “A Bola”: «O golo (falso) de Constantino destruiu o sonho do União… que esteve quase a cometer a proeza de levar os salgueiristas a segundo jogo»(5).
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