Archive for 1 Junho, 2014
U. Tomar – Centenário (XXXV)
(“O Templário”, 29.05.2014)
A 25 de Julho de 1976, o União de Tomar teria ainda um último “contacto” (mesmo que já por via indirecta) com a I Divisão, no Campo Luís de Almeida Fidalgo, no Montijo, em partida da derradeira jornada do Torneio de Competência, qual “Final”, que daria acesso ao escalão maior. O empate poderia bastar, mas para tal seria necessário que o Salgueiros perdesse em Aveiro, frente ao Beira-Mar; uma eventual vitória garantiria automaticamente a manutenção na I Divisão…
Mas rapidamente as contas seriam “desfeitas”. Num período de pouco mais de um quarto de hora, entre os 20 e os 37 minutos, os montijenses – que o União havia deixado “para trás”, numa sensacional recuperação, no Campeonato da II Divisão de cinco anos antes, em que, também por via de uma “liguilla”, acabara por vir a ascender à divisão principal do futebol português –, marcando três golos, acabavam com as esperanças tomarenses. O resultado final, com uma pesada derrota por 0-4, seria uma infeliz forma de despedida da formação nabantina.
Passadas algumas épocas em que o clube militou na II Divisão – com especial referência à temporada de 1977-78, já aqui evocada, com as passagens por Tomar do “Rei” Eusébio e de António Simões – o União voltara a cair no escalão mais baixo do futebol nacional, a III Divisão.
Até que, enfim, depois de mais três anos de “travessia no deserto”, a 5 de Junho de 1983, ganhando por 4-1 em Nisa, o União sagrava-se vencedor da sua série da III Divisão, assim recuperando uma posição no segundo escalão do futebol em Portugal.
«Niza era palco para uma jornada que ficaria na já longa e gloriosa história do União de Tomar. Sabia-se que estava ali a última esperança da subida à 2.ª Divisão. Havia que aguardar resultados dos dois campos (Almeirim e Marinha) e havia que seguir o desenrolar dos acontecimentos neste jogo de Niza. A expectativa era enorme, por isso, Niza recebeu muitas dezenas de tomarenses, aqueles que apesar de tudo sempre acreditavam! E foi digno de se ver como apoiaram a equipa mesmo debaixo duma tremenda pancada de água! […]
Por volta da meia hora, o União marcava o seu primeiro golo. Era o caminho de uma vitória que valia uma subida de divisão, e a partir daí e com os jogadores mais descontraídos, o União nunca mais deixou de massacrar o reduto defensivo da equipa de Niza, que resistiu até ao intervalo sofrendo apenas um golo.
Na segunda parte, num terreno impróprio para jogar futebol, o União fez valer toda a sua pujança física, todo o seu melhor futebol de equipa superior em todos os aspectos. E foi um regalo ver esta equipa do União a lutar e correr na lama, na água, nos buracos! […]
O jogo entrentanto chega ao fim, era dramático ver nos rostos dos jogadores a expectativa em saber os resultados nos outros campos. E foi em pleno balneário que surgiram as primeiras informações: o União, beneficiando dos empates do Caldas e U. Santarém, estava de novo na 2.ª Divisão. Eram os gritos de euforia, eram jogadores, dirigentes e adeptos envolvidos em abraços e lágrimas, era a festa justa de uma vitória final que nunca esteve em dúvida por falta de capacidade, mas sim por contingências do futebol que pôs o União em perigo até ao último minuto da 30.ª jornada.»(1)
Melhor ainda: o União de Tomar não só garantia a subida à II Divisão, como, inclusivamente, sagrava-se vencedor da série, apurando-se para a fase final de disputa do título de Campeão. No termo de uma extasiante disputa, após sucessivas “reviravoltas”, atingia o almejado objectivo.
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