Archive for 16 Fevereiro, 2014
U. Tomar – Centenário (XX)
(“O Templário”, 13.02.2014)
Por caprichos do sorteio, o adversário de estreia na I Divisão, a 8 de Setembro de 1968, viria a ser precisamente o Atlético, clube com o qual o União de Tomar disputara a Final do Campeonato Nacional da II Divisão da época precedente: «Dia, excessivamente quente para a prática de Futebol e o Estádio Municipal de Tomar já com o seu ar «grandioso» com umas bancadas que poderão vir a ser excelentes quando tenham a indispensável «cobertura» […].»(1)
Apresentando-se em campo com seis dos novos recrutas como titulares (Kiki, Caló, Dui, Barnabé, Ferreira Pinto e Leitão), necessariamente ainda não entrosados, não demoraria porém o golo inaugural do União na I Divisão: logo aos nove minutos, «Ferreira Pinto caminhou com a bola uns metros desde o meio-campo adversário e à entrada da área, arrancou um pontapé forte e rasteiro. No caminho da baliza, o esférico encontrou o pé de João Carlos, desviou-se, tomou altura e anichou-se nas redes.»(2)
Um lance com a involuntária participação do defesa central do Atlético, o açoriano João Carlos (que, curiosamente, viria também – a partir da temporada seguinte –, a marcar uma era ao serviço do clube de Tomar), entrava assim para a história do União – não sendo pacífica a atribuição da autoria do tento, obtido “a meias” (Ferreira Pinto ou João Carlos, consoante as fontes consultadas).
O resultado deste jogo inicial do União na I Divisão seria fixado à passagem da meia hora de jogo, com Simões a empatar a partida. Uma igualdade que, pelas circunstâncias em que foi obtida, teria um sabor agridoce:
«Realmente, a equipa do Nabão não podia apresentar-se mesmo na forma possível para a época devido a condicionalismos que, necessariamente, sofreu e continuará a sofrer a sua preparação. Lembramos que mais de metade dos seus jogadores vieram de outros clubes e o trabalho de sincronização tem de correr juntamente com o de estruturação do conjunto e não se sabe qual deles será o mais urgente, mas admite-se que não haverá uma estrutura absolutamente firme sem que os jogadores se identifiquem com os processos de jogar uns dos outros.
Fazer uma equipa é um trabalho duro, especialmente se ela tem de ser cerzida, tem de sair de retalhos. E os desafios que a equipa disputou, antes do jogo inaugural do Campeonato, não lhe puderam proporcionar nem a tal sincronização, nem o «andamento» de I Divisão, que é ponto primordial a atingir.»(3)
Sobre a atitude e exibição da equipa tomarense, respiga-se ainda da crónica do jogo:
«O União queria, ansiosamente, dominar e ganhar. Nem uma coisa nem outra se consegue só com o querer. Mas a equipa deu tudo quanto de momento tem dentro de si, com uma vontade e um interesse notáveis.»(4)
____________
O pulsar do campeonato – 15ª jornada
(“O Templário”, 13.02.2014)
Num campeonato, qual “caixinha de surpresas”, à medida que vai avançando, cada vez parece ser maior o equilíbrio nos lugares da frente, não sendo possível, nesta altura, apontar inequivocamente uma equipa como favorita à conquista do título e consequente promoção ao Campeonato Nacional de Seniores.
De facto, o líder, Coruchense, não só viu interrompida uma magnífica série de sete vitórias consecutivas, como, pior ainda, foi derrotado em casa pelo anterior 2.º classificado, At. Ouriense, por 1-2, numa partida em que a turma do Sorraia desperdiçou duas grandes penalidades!
Conjugando este desfecho com os difíceis, mas importantes triunfos, alcançados pelo Torres Novas e pelo Fazendense, respectivamente em Assentiz (2-1) e em Santarém, ante a formação dos Empregados do Comércio (1-0), temos agora um quarteto no topo da classificação, concentrado no intervalo de um único ponto: At. Ouriense e Coruchense partilham o comando, com 31 pontos, seguidos de imediato pelo outro par referido, com 30 pontos.
Aparentemente afastados desta disputa, mas, por outro lado, a caminhar a passos largos para a tranquilidade, prosseguem U. Tomar e Amiense, que se posicionam ambos agora a sete pontos do duo da liderança, mas dispondo já de oito pontos de vantagem sobre a zona perigosa da classificação. Somando cada um 23 pontos, quando faltam disputar onze jornadas – e podendo projectar-se como margem de segurança, para garantia da permanência no principal escalão do futebol distrital, o atingir dos 30 pontos –, parte substancial da “caminhada” está já cumprida.
Nesta ronda uma e outra equipa empataram a um golo: o União, em casa, frente ao Pontével – que, curiosamente, depois de não ter empatado nas onze jornadas iniciais, soma agora já três igualdades nos últimos quatro desafios na prova –, interrompendo também um ciclo de cinco triunfos (pleno de vitórias no ano de 2014, até esta jornada), mas, paralelamente, ampliando para sete o número de encontros em que preserva a invencibilidade; o Amiense, no Cartaxo, frente ao “campeão” dos empates (regista já nove, em quinze jornadas realizadas).
Curiosamente, no caso do União de Tomar, não tendo aspirações ao título, ganhou já ao Coruchense (no que constituía, até esta altura, o único desaire do líder), assim como foi triunfar a Torres Novas, tendo desperdiçado (com a tal grande penalidade desaproveitada, em tempo de descontos), a possibilidade de vitória no terreno do outro guia, At. Ouriense, para além de ter empatado ante o Fazendense. O que demonstra cabalmente a capacidade da equipa, bastante personalizada, para se bater frente a qualquer adversário deste campeonato, e em qualquer terreno.
Nos restantes encontros, o Mação – que segue em posição intermédia na tabela (7.º lugar), certamente “olhando um pouco mais para cima”, mas sem poder descurar os perseguidores – deparou-se com inesperadas dificuldades para derrotar o cada vez mais “lanterna vermelha” U. Abrantina (que muito dificilmente escapará já à despromoção), tendo tido de operar uma reviravolta no marcador, acabando por ganhar por 2-1; por fim, num prélio em que se antecipava já poder ser bastante equilibrado, tal confirmou-se plenamente, com o empate do Benavente na Chamusca, também a uma bola.
Daí, para baixo – e à excepção da U. Abrantina – temos outra grande amálgama, com um grupo de seis equipas enquadradas num intervalo de quatro pontos, “lideradas” pelo Pontével, que parece querer reagir a uma fase menos positiva. Com a margem de risco inerente a este tipo de projecções, a grande luta pela manutenção deverá disputar-se entre Benavente, Cartaxo, U. Chamusca, Empregados do Comércio e Assentis, actualmente separados por apenas dois pontos.
Com o Campeonato Nacional de Seniores ainda em pausa, antes de ser retomado, com o arranque da segunda fase, neste fim-de-semana, é ainda difícil antecipar quantos serão os clubes a despromover do Distrital, mas, por prudência, considerando a difícil situação do Riachense, será mais apropriado ir lidando com um cenário eventual de três despromoções.
Na II Divisão Distrital temos também novidades: com a sanção aplicada ao Mindense, na partida em que recebera o Ferreira do Zêzere (tendo a equipa da casa sido punida com derrota), conjugada com o triunfo dos ferreirenses, curiosamente, nesta segunda volta, na recepção, precisamente, à turma de Minde, o grupo do Zêzere deu um grande pulo na tabela, estando agora no 2.º lugar, somente a um ponto do guia, Atalaiense (que, apenas já no “cair do pano”, conseguiu superiorizar-se ao Tramagal); surgindo o Pego logo de imediato, apenas um ponto abaixo. A Sul, o comandante, Barrosense, viu o seu desafio em Almeirim, frente ao União local, ser adiado, devido às más condições do terreno, pelo que tem agora o par formado por Rio Maior e U. Santarém a seis pontos (e o U. Almeirim, também com o tal jogo em atraso, a oito pontos), isto quando faltam realizar só quatro jornadas.
Neste fim-de-semana, os quatro da frente da I Divisão Distrital apresentam-se como favoritos… mas as surpresas podem estar “à espreita” onde menos se espere: At. Ouriense, recebendo os Empregados do Comércio; Coruchense sendo visitado pelo Mação (num desafio que não deverá ser fácil); o Torres Novas, de novo em terreno alheio, deslocando-se a Abrantes; e o Fazendense a jogar em casa com o Cartaxo, também num prélio de forte rivalidade. Amiense e Pontével têm também a tendência a seu favor, respectivamente, frente a U. Chamusca e Assentis. Por fim, o União de Tomar regressa, apenas duas semanas depois da partida para a Taça do Ribatejo, a Benavente; se conseguir repetir a exibição, poderá certamente obter novo resultado positivo.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 13 de Fevereiro de 2014)