U. Tomar – Centenário (XVII)
26 Janeiro, 2014 at 12:00 pm Deixe um comentário
(“O Templário”, 23.01.2014)
Se, na semana passada, aqui fora evocada a “estreia” do União de Tomar na II Divisão (após 23 anos de ausência), com uma goleada sofrida em Leça da Palmeira, regressamos hoje, precisamente ao mesmo cenário, para recordar um jogo-charneira da época de 1967-68, disputado a 4 de Fevereiro de 1968, no arranque da segunda volta do Campeonato Nacional da II Divisão, com uma épica reviravolta no marcador, consolidando a liderança unionista, a caminho da I Divisão.
Uma partida repleta de histórias… Na sequência da lesão do defesa central, Maçarico – num tempo em que não haviam ainda sido introduzidas as substituições –, o treinador Óscar Tellechea ver-se-ia obrigado a uma verdadeira revolução táctica: no início da segunda parte, o avançado Totói recuaria para defesa central, despachando bolas lá para a frente, enquanto Maçarico era colocado como extremo, apenas “para atrapalhar”…
«Embora a perder por 3 bolas ao intervalo, isso não significava, de forma alguma, um domínio esmagador do Leça, antes foram alguns acidentes próprios do jogo. Permitindo, é certo, pelo seu figurino táctico, que o jogo se desenrolasse mais no seu meio campo, o União nunca foi dominado, mas antes demonstrou ao longo de todo o jogo uma superioridade técnica apreciável. […]
Com o começo do 2.º tempo, o União imprimindo um pouco mais de velocidade de jogo, sempre com o jogador que transportava a bola bem apoiado por um ou dois companheiros, começou a abrir brechas na defensiva local que nunca mais se entendeu com a marcação do ataque tomarense. […]
Marcado um golo aos 9 minutos, por Maçarico que, aleijado, jogou deslocado para a ponta-esquerda e logo outro, passados 2 minutos por Alberto, o União tomou deliberadamente o comando do jogo e realizou até final uma exibição digna de registo, demonstrando personalidade e capacidade futebolística que podem atirar a equipa, sem sombra de dúvida por mais altos voos.»(1)
Entrando mal no jogo, o União sofrera três golos de rajada, entre os 13 e os 26 minutos. Na segunda parte, começaria por marcar dois tentos em dois minutos, que, pela oportunidade com que foram alcançados, se viriam a revelar decisivos; aos 66 minutos, de novo por Alberto, empataria a 3-3. A doze minutos do termo, ainda Alberto (com um “hat-trick”), colocava os “rubro-negros” em vantagem, para, já no derradeiro minuto, Araújo fixar a marca em 5-3:
«Uma equipa que em campo adversário está a perder ao fim do 1.º tempo por 3-0 e ainda com um defesa na ponta esquerda em inferioridade física, e que no 2.º tempo supera tudo isto e tem moral e força física para ir vencer por 5-3, sem dúvida que tem muito valor e legitimamente pode aspirar a largos voos.»(2)
E aqui fica elencado o rol de onze heróis, participantes nesta fantástica jornada: Conhé; Cabrita, Maçarico, Santos e Bilreiro; Faustino e Araújo; Lecas, Alberto, Cláudio e Totói.
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